Academia Nacional de Ciências dos EUA quer aprofundar busca por vida fora da Terra. Alienígenas podem ser muito diferentes do que imaginamos, dizem pesquisadores.
A vida extraterrestre pode ser tão estranha a ponto de não ser imediatamente reconhecível, e os cientistas que buscam alienígenas devem procurar formas familiares e também inesperadas, segundo especialistas. Eles acham que a atual abordagem da Nasa, de "seguir a água", funciona bem sob a premissa de que em todo lugar a vida é como na Terra -- baseada em água, carbono e DNA. Mas a procura pela "vida tal qual a conhecemos" pode acabar ignorando algo exótico, disse uma comissão da Academia Nacional de Ciências dos EUA na sexta-feira (6).
"O objetivo do relatório era poder procurar vida em outros planetas e luas com uma mente aberta, e talvez não perder alguma outra forma de vida porque estamos procurando uma forma óbvia", disse John Baross, professor de Oceanografia da Universidade de Washington, em Seattle, que presidiu a comissão, que incluía bioquímicos, cientistas planetários, geneticistas e outros especialistas, que consideraram todas as formas de vida existentes.
Recentes descobertas de extremófilos -- organismos que vivem em condições antes consideradas incompatíveis de calor, frio, escuridão ou contato com substâncias químicas -- mudaram as idéias sobre como a vida pode sobreviver.
Como bioquímico, Baross disse que experiências em laboratório mostram que a água não necessariamente precisa ser a base da vida -- seria possível um organismo usar metano, etano, amônia ou até substâncias mais bizarras. "Há muitas teorias sobre o que é vida e o que pode ser um sistema vivo", disse Baross por telefone.
Atualmente, a principal pista na busca por vida no espaço vem de telescópios que buscam uma assinatura espectral de planetas que possa sugerir a existência de água na superfície. Em Marte, robôs buscam sinais de que há ou houve água.
"Queríamos na verdade pensar um pouco fora daquela caixa e pelo menos tentar articular algumas das outras possibilidades além da vida água-carbono", disse Baross.
"Toda forma de vida terrestre usa algum DNA ou RNA para codificar a informação básica para sua replicação e mudança, mas talvez existam outras formas que usem um método diferente", diz o relatório.
A comissão também recomendou que a Nasa volte a olhar para alguns lugares promissores no nosso próprio Sistema Solar, como Titã e Encelado, que são luas de Saturno, ou mesmo para o caloroso vizinho Vênus.
"Se você é um bioquímico, Titã é de enorme interesse, porque é uma lua de carbono. Claramente tem alguns lagos ou piscinas de metano ou etano líquidos. Poderia haver reações ocorrendo que seriam favoráveis para a produção de bioquímicos complexos", disse Baross.
"A exploração que poderia levar a uma nova forma de vida seria a mais profunda descoberta já feita", acrescentou ele, para quem uma tragédia de proporções equivalentes seria tropeçar nessa forma de vida e ignorá-la ou, ainda pior, destruí-la por considerar que não parece vida.
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