Marcelo Gleiser.
Emoções hollywoodianas à parte, a busca por inteligências extraterrestres é um assunto levado a sério por muitos cientistas. Tudo começou em 1960, quando o jovem astrônomo Frank Drake convenceu seu chefe, no Observatório de Radioastronomia de Green Bank, em West Virginia, nos EUA, a gastar US$ 2.000 em um novo equipamento para o radiotelescópio.
A idéia de Drake era equipar o telescópio com um receptor dedicado à busca de sinais de rádio gerados por seres inteligentes, que hipoteticamente habitam outras partes do Universo. O projeto foi aprovado na hora.
A escolha da banda vem da freqüência natural do átomo de hidrogênio, de 1.420 megahertz. Como o hidrogênio é o elemento mais abundante no Universo, essa seria a freqüência "mais natural" a ser escolhida. Será? O receptor do radiotelescópio tem 250 milhões de canais cobrindo essa banda de freqüência, ou seja, uma resolução em torno de 1,3 hertz por canal.
A quantidade de dados acumulados diariamente chega a ocupar 22 milhões de megabytes de memória, posteriormente "filtrados" por um supercomputador, que seleciona possíveis sinais interessantes. Um dos problemas com a Seti é definir quais sinais são resultado de uma transmissão inteligente.
O financiamento para esse projeto (e outros) vem da Sociedade Planetária, uma entidade privada que conta hoje com mais de 100 mil membros, fundada por Carl Sagan, um entusiasta da busca pela vida extraterrestre.
Para Sagan, a busca por civilizações extraterrestres é algo que fala a cada um de nós e não deve depender das flutuações na orientação da política científica do governo norte-americano. Os que acreditam na existência de vida inteligente fora da Terra citam os grandes números: com bilhões de estrelas só na nossa galáxia, certamente muitos milhões terão planetas à sua volta com condições semelhantes às encontradas aqui.
E desses, muitos terão favorecido a evolução de vida inteligente. Já para os descrentes (na maioria biólogos), o processo evolucionário que leva ao desenvolvimento de vida inteligente é tão absurdamente raro que nós somos a exceção e não a regra.