quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Espiritismo e Ufologia - Existe Vida Extraterrestre

Apesar de pouco conhecida, a ligação do espiritismo com a idéia de possíveis seres extraterrestres é antiga. Allan Kardec, codificador da doutrina, já em 1868 se referia à existência de vida inteligente em outros mundos. Depois dele, muitos autores espíritas voltaram a falar do assunto. Mas, curiosamente, nada se fala a respeito das naves extraplanetários usadas pelos alienígenas em suas viagens: os enigmáticos discos voadores.

Por:Elsie Dubugras
Revisado por Dante Labate
“Deserto inimaginável estende-se além das estrelas. Lá, em condições diferentes das do vosso planeta, novos mundos revelam-se e desdobram-se em formas de vida, que as vossas concepções não podem imaginar, nem vossos estudos comprovar”.

“Aquele que vem de vosso sistema depara-se com a ação de outras leis regendo as manifestações de vida. Os novos caminhos que se apresentam em tão singulares regiões abrem-nos surpreendentes perspectivas". “Se nos transportarmos além de nossa nebulosa, vemos que nos cercam milhões de sóis e um número ainda maior de planetas habitados".

Esses períodos foram extraídos do capítulo 6 da A Gênese, obra codificada pelo francês Allan Kardec, fundador do espiritismo. Estas e outras passagens de sua obra evidenciam uma aceitação da existência de vários planetas e da possibilidade de serem habitados.

No parágrafo
54 do capítulo A Vida Universal, ele escreve: “Que as obras de Deus sejam criadas para o pensamento e a inteligência; que os mundos sejam moradas se seres..., são questões que já não nos causam dúvidas”. Mas adiante, no parágrafo 56,
lemos:

“Se os astros que se harmonizam e seus vastos sistemas são habitados por inteligências, estas não se desconhecem. Pelo contrário, trazem marcado na fronte o mesmo destino e hão de se encontrar, temporariamente, segundo suas funções de vida, e isto poderá ocorrer de novo, segundo suas simpatias mútuas”.

Os espíritas aceitam a existência de vidas e inteligências extraterrenas. Não crêem que os inúmeros planetas existentes sejam matéria inerte e sem vida. Mas, isso não significa que pensem ser a vida nestes mundos igual à terrena. Já em 1868 A Gênese alertava o homem para que não visse, em torno de cada sol, sistemas planetários iguais ao seu e, também, para o fatos de lá não existirem somente três reinos...

“Assim como o rosto de nenhum homem é igual ao de outro”, dizia Kardec, “da mesma forma são diversas as civilizações espalhadas pelo espaço. Elas divergem segundo as condições que lhes foram prescritas e de acordo com o papel que cabe a cada uma no cenário universal”.

Estas observações, feitas há mais de um século, estão de acordo com L. B. Taylor e seu livro For All Mankind, no capítulo Interplanetary Ambassadors, onde diz: "Não existem dois planetas iguais, e há grandes diferenças entre seus satélites. Cada um está num estágio, tem uma história e terá um futuro diferente.

Considerando como um todo, o sistema solar é comparável a um laboratório rico em quantidade e variedade de espécies". E o humano é uma delas! Ainda em A Gênese, ao falar dos seres humanos e dos extraterrestres, Kardec diz que no intervalo de suas existências corporais “os desencarnados formam a população espiritual da Terra”.

Segundo ele, a morte e o nascimento fazem com que as duas populações – os encarnados (vivos) e os desencarnados (espíritos) – se completem constantemente. Contudo, quando a Terra ou outro mundo necessitam de renovação ocorrem épocas de grandes calamidades que provocam imigrações e emigrações. Ele observa, ainda, que esta troca populacional pode não se realizar num só planeta – como entre a Terra e o plano espiritual que lhe é próprio – mas entre este e um outro qualquer.

Espiritismo e Ufologia - Existe Vida Extraterrestre-II

Adão e Eva: extraterrestres?
Uma destas imigrações de seres extraterrestres à Terra poderia ser a origem da raça adâmica, simbolizada na Bíblia por Adão e Eva. Não é inviável pensar-se que quando estes seres aqui chegaram, há alguns milhares de anos, encontraram o planeta povoado por seres humanos primitivos, o que estaria de acordo com fatos geológicos e observações antropológicas.

Uma dedução deste tipo é bastante lógica se, baseados nos livros sacros, notaremos que já na segunda geração os descendentes de Adão cultivaram o solo, trabalharam os metais, construíam cidades e dedicavam-se à arte. Isso pode ser dado um grande impulso à civilizações terrena, uma vez que os habitantes de até então, muito provavelmente, não conheciam a maioria desses ofícios.

Se aceitarmos esta hipótese, podemos presumir que estes extraterrestres tivessem condições físicas que permitiram suas adaptações ao nosso planeta e o desenvolvimento, aqui, de sua civilização. Pode-se, portanto considerar viável a possibilidade de habitantes de outros mundos terem semelhanças físicas, espirituais e mentais com o homem. Talvez mesmo, e não é a primeira vez que se fala nisto, sejamos seus descendentes.

Recentemente cientistas exploraram alguns planetas por meio de aparelhos sofisticados e não encontraram nenhum sinal de vida igual ou diferente da nossa. Kardec , entretanto, parece ter previsto esta possibilidade, pois fez uma interessante observação, bastante aplicável nos dias de hoje: “Se jamais houvéssemos visto um peixe, não poderíamos conceber um ser vivendo na água; não teríamos a menor idéia de sua estrutura...

Por que então não admitir que outras formas de vida podem viver em outros planetas, num meio diverso do nosso? Pudemos observar, até agora que na Lua não vivem seres como nós, mas como não temos conhecimento de suas estrutura, não podemos dizer com certeza se nela existem ou não outros tipo de vida. Se não temos prova material e de visu da presença de vida a inexistência de organismos apropriados a estes e outros meios.

Mais adiante, no final do artigo, ele diz: “Por meio de simples raciocínio pudemos chegar como muitos antes de nós, a uma conclusão favorável à pluralidade dos mundos. Tal raciocínio é confirmado pela revelações dos espíritos, que nos dizem que os mundos são habitados por seres que podem ser mais ou menos evoluídos que nós...

E, ainda mais, hoje sabemos ser possível entrar em contato com eles e obter esclarecimento sobre seu estado.. Assim, tudo é povoado no universo. Planetas sólidos, o ar, as entranhas da Terra, e até as profundezas etéreas”. (Revista Espírita, Março de
1868, página 65, 66, 67)

Espiritismo e Ufologia - Existe Vida Extraterrestre-III

Os espíritos falam sobre os extraterrestres
Por várias vezes, artigos publicados na Revista Espírita descreveram extraterrestres e falaram sobre seus costumes, moradias, alimentação e meios de transporte e comunicação. Sobre os seres de Júpiter, por exemplo, podemos ler que “a conformação física é quase igual á nossa, mas menos densa e com um peso específico menor”.

A densidade de seus corpos é tão pequena que pode ser comparada aos nossos fluidos imponderáveis, tendo o aspecto vaporoso, imaterial e luminoso, principalmente nos contornos do rosto e da cabeça. Este brilho magnético é semelhante àquele que os artistas simbolizaram na auréola dos santos.

Como a matéria desses corpos é mais depurada, com a morte ela se dissipa sem passar pelo estado de decomposição pútrida. O “homem” de Júpiter é grande, maior que o terráqueo; seu desenvolvimento é rápido; e sua infância dura apenas alguns meses. A duração de sua vida equivale a cinco de nossos séculos.

Quando à locomoção, é fácil e obtida pelo esforço de vontade, pois, como a densidade do corpo jupteriano é pouco maior do que a atmosférica, ele se liberta facilmente da atração planetária. Enquanto aqui andamos, eles deslizam pela superfície com a facilidade de um pássaro no ar.

Victorien Sardou, jovem literato contemporâneo de Allan Kardec, desenhou diversas cenas jupterianas. Desenhista sem habilidade, foi, segundo diz, influenciado por um habitante de Júpiter que, séculos antes, havia morado na Terra, onde fora oleiro r chamara-se Bernard Palissy.

Através de médium Sardou, Palissy não apenas fez um grande número de pinturas onde retratava habitações, personalidades e cenas do dia-a-dia, como menos também falou e explicou que, desde que um ser possua um corpo físico, por menos que um denso que seja, necessita não somente de alimentação e vestuário mas, ainda, de moradia e organização social.

As descrições que Palissy fez de Júpiter são curiosas. Disse que a atmosfera desse planeta é diferente da terrestre. A água do planeta é mais etérea, parece-se mais ao vapor, e a matéria, como a conhecemos, quase não existe. Algumas plantas assemelham-se às nossas, e existem flores com uma textura tão delicada que as torna quase transparentes.

Ao falar sobre as habitações, Palissy disse que o material com o qual são construídas as casas do planeta funde-se sob a pressão dos dedos humanos, como se fosse neve, e que este é um dos materiais mais resistentes do lugar. As vidraças são feitas por uma espécie de vidro líquido e colorido que endurece ao tomar contato com o ar.

Palissy disse que “a imobilidade das moradias era um entrave, e por isso descobriu-se uma maneira de fazê-las leves e transportáveis a qualquer lugar do planeta". Segundo ele, durante certas épocas do ano, o céu fica obscurecido por uma nuvem de “casas” que vêm do todos os pontos.

"É um passar ininterrupto de moradias de várias formas, cores e tamanhos. Somente quando finda a temperada, o céu fica livre destes curiosas pássaros. Os jupterianos comunicam-se, normalmente, por telepatia, mas também se utiliza da linguagem articulada. A Segunda visão (clarividência), têm permanentemente.

O estado rotineiro deles pode ser comparado ao de um “sonâmbulo lúcido”, e é por isso que podem comunicar-se conosco com uma facilidade maior que habitantes de mundos mais grossos e materiais". Quando se perguntou a Kardec sobre as condições de luz e calor nos mundos extraterrenos, ele respondeu que a existência nesses lugares deve ser apropriada ao meio em que se vive. “Que impossibilidade haveria para a eletricidade ser mais abundante do que na Terra e desempenhar papéis cujos efeitos não compreendemos? Esses mundos podem conter em si mesmos as fontes de luz e calor de que necessitam”, disse ele.

Espiritismo e Ufologia - Existe Vida Extraterrestre-IV

Literatura espírita não menciona naves espaciais
Entretanto, não foi só Kardec que se manifestou a respeito do tema. Antes dele, Margeret, uma das irmãs Fox que deram origem ao espiritismo na América, havia mencionado o assunto. Posteriormente, numerosas mensagens surgiram em diversas partes do globo.

No Brasil, o médium Chico Xavier psicografou mensagens enviadas pelo espírito do jornalista brasileiro Humberto de Campos e por Maria João de Deus. Ercílio Maes recebeu, do espírito Ramatis, A Vida no Planeta Marte. Nesta obra, Ramatis explica que o marciano não apresenta as mesmas características substanciais do terráqueo, pois, apesar de Ter a mesma forma, vibra num plano mais energético que material. Seu mundo situa-se num campo vibratório adequado a seu corpo físico, ou seja, é menos material que o nosso.

José Neufel diz que, de acordo com a ciência, planos vibratórios podem sobrepor-se ou interpenetrar-se. Nosso aparelhamento sensorial é apto à percepção de fenômenos materiais situados entre as fronteiras do plano vibratório em que vivemos.

Normalmente, não podemos transpô-las e penetrar em outro planos vibratórios e outros graus energéticos. Logo, o fato de não percebemos certas vibrações não significa que inexistam, mas apenas que estão aquém ou além dos limites de nosso mundo sensorial. Se formos a Marte ou a qualquer outro planeta, é provável que os consideremos inteiramente desértico ou sem vida.

Não é impossível, todavia, que eles existam, num outro plano vibratório, mundos organizados e muito mais adiantados que o nosso, imperceptíveis aos nossos sentidos. Na literatura espírita, não encontramos qualquer menção às naves espaciais avistadas por pessoas d todos os lugares do mundo.

Chico Xavier, no livro Nosso Lar, fala do “aerobus” mas, como a obra trata do mundo espiritual do nosso planeta, não a comentaremos num texto sobre ufologia. Também as vozes paranormais gravadas em fitas aludem a meios de transporte mas, segundo pesquisadores, elas não originárias de planos espirituais próximos à Terra, e por isso também fogem um pouco do tema deste artigo.

Assim, apesar de aceitar a existência de diversos planetas habitados, o espiritismo ainda não oferece explicações sobre locomoção dos extraterrestres por meio de naves espaciais, nem sobre alguns “seqüestros” registrados. As comunicações existente entre o homem e habitantes de outro planeta podem, segundo o espiritismo, ser feitas por intermédio de médiuns que recebem mensagens de espíritos que estão em comunicação com os extraterrestres.

Encerraremos este artigo citando os dois últimos parágrafo da obra de José Neufel, Buscando Vida nas Estrelas, onde ele sintetiza, muito bem, o pensamento dos espíritas: “O homem, na sua extrema vaidade e seu inescondível orgulho, considera-se o rei da criação, quando, na realidade, é um ser ainda no início da escala evolutiva universal”.

“É esta convicção que o espiritismo procura transmitir, bem como o sentimento do que, ao melhorarmos nosso íntimo retificarmos nossas falhas e imperfeições, aprimoramos nossos espíritos em múltiplas e sucessivas existências, subimos na escala evolutiva e conquistamos o direito de viver em mundos melhores, migrando por planetas, estrelas e galáxias, numa apoteose gloriosa e sublime da ascensão espiritual.”
Nota:
No dia
24/04/2003, a Rede Brasileira de Pesquisas Ufológicas tomou conhecimento do fato deste artigo ser plágio do artigo de autoria da pesquisadora Elsie Dubugras, publicado na coleção “O melhor de Planeta – Ufologia II”, nas páginas 70, 71 e 72, pela Editora Tres. Pedimos desculpas a todos os leitores, a Editora Tres, a Revista Planeta e principalmente a autora pelo ocorrido, pois somente hoje, dia 24/04/2003 tomamos conhecimento dos fatos.

A Origem da Vida e Vida Extraterreste

Somos nós as únicas criaturas no Universo que pensam sobre sua origem e evolução, ou existiriam outras formas de vida inteligente entre as estrelas? A origem da vida e a existência de vida extraterrestre vêm sendo focalizadas nos noticiários com grande intensidade desde os anos 1950, mas de forma crescente nos últimos anos, com a possível detecção de vida microscópica em Marte, através dos possiveis restos de nanobactérias no meteorito ALH84001, e da existência de água em forma de oceanos, sob uma manta congelada, na lua Europa de Júpiter e em Marte.


Qual é a origem da vida? O que diferencia seres vivos de simples matéria orgânica? No contexto de evolução cósmica, a vida resulta de uma sequência natural de evolução química e biológica da matéria pré-existente, regida pelas leis físicas. A regra fundamental é que os seres vivos são organismos que têm metabolismo, se reproduzem, sofrem mutações, e reproduzem as mutações, isto é, passam por seleção cumulativa. Já a vida inteligente requer mais de uma centena de bilhões de células, diferenciadas em um organismo altamente complexo e, portanto, a seleção natural cumulativa requer um longo tempo.

A Origem da Vida e Vida Extraterreste- II

O que é o "sopro da vida"?
O que diferencia seres vivos de não vivos?
6
características biológicas dos seres vivos:
- organização em células
- Metabolismo: transformações químicas à custa de energia
- Crescimento: tranformação de materiais do meio para componentes do corpo
- Reprodução: cópias do organismo mediante tranferência genética
- Mutação: mudanças das características individuais
-Evolução: Reprodução da mutação, capacidade de adaptação

A análise de meteoritos do tipo condrito carbonáceo, e a observação de moléculas orgânicas no meio interestelar, corroboram a idéia de que os compostos orgânicos podem ser sintetizados naturalmente, sem a atuação de seres vivos. Os compostos orgânicos são simplesmente moléculas com o átomo de carbono, que tem propriedade elétrica de se combinar em longas cadeias.

Vários meteoritos apresentam aminoácidos de origem extraterrestre, que se formaram possivelmente por adesão molecular catalisada por grãos de silicato, da poeira interestelar. Mais de
140
moléculas já foram observadas no meio interestelar pelas suas linhas espectrais, como hidrocarbonatos aromáticos e alifáticos, alcools, ácidos, aldeidos, cetonas, aminos e éteres.

Na atmosfera do satélite Titan, de Saturno, também foram encontrados vários compostos orgânicos. A Terra não se formou com a mesma composição do Sol, pois nela faltam os elementos leves e voláteis, incapazes de se condensar na região demasiadamente quente da nebulosa solar onde a Terra se formou, e depois os elementos leves secundários foram perdidos pelo proto-planeta porque sua massa pequena e temperatura elevada não permitiram a
retenção da atmosfera.

A Origem da Vida e Vida Extraterreste- III

A atmosfera primitiva resultou do degasamento do interior quente e era alimentada através da intensa atividade vulcânica que perdurou por cerca de 100 milhões de anos após sua formação. Apesar da ejeção de H2O, CO2, HS2, CH4 e NH3 na atmosfera, esta não possuía oxigênio livre como hoje, que poderia destruir moléculas orgânicas.

A formação de moléculas complexas requeria energia de radiação com comprimentos de onda menores que
2200Å
, providos por relâmpagos e pelo próprio Sol, já que não havia ainda na Terra a
camada de ozônio que bloqueia a radiação ultravioleta.

O experimento bioquímico em laboratório de Miller-Urey, realizado em 1953 por Stanley Lloyd Miller (1930-2007) no laboratório de Harold C. Urey (1893-1981), demonstrou que, nessa atmosfera redutora, sob a ação de descargas elétricas, é possível transformar 2% do carbono em aminoácidos, a base das proteínas.

No experimento de Miller-Urey, o
frasco de baixo contém o "oceano" de água, que ao ser aquecido força vapor de água a circular pelo aparato. O frasco de cima contém a "atmosfera", com metano (CH4), amônia (NH3), hidrogênio (H2) e o vapor de água.

Quando uma descarca elétrica (raio) passa pelos gases, eles interagem, gerando amino ácidos (glicina, alanina, ácidos aspático e glutâmico, entre outros).
15% do carbono do metano original combinaram-se em compostos orgânicos. Em 1959,
Juan Oró, na Universidade de Houston, conseguiu produzir adenina, uma das quatro bases do ARN (RNA) e ADN (DNA), a partir de HCN e amônia em uma solução aquosa. Embora a atmosfera da Terra possa não ter sido redutora no início, vários aminoácidos já foram detectados em meteoritos, mostrando que eles podem se formar no espaço.



A Origem da Vida e Vida Extraterreste- V

Vida na Terra
Segundo a paleontologia, fósseis microscópicos de bactéria e algas datando de 3,8 bilhões de anos são as evidências de vida mais remota na Terra. Portanto cerca de 1 bilhão de anos após a formação da Terra, a evolução molecular já havido dado origem à vida.

Desde então as formas de vida sofreram muitas mutações e a evolução darwiniana selecionou as formas de vida mais adaptadas às condições climáticas da Terra, que mudaram com o tempo. A evolução do Homo Sapiens, entretanto, por sua alta complexidade, levou
3,8 bilhões de anos, pois sua existência data de 300 000
anos atrás.

O Homo Sapiens Sapiens só tem
125 000 anos, e a civilização somente 10 000
anos, com o fim da última idade do gelo. Embora nenhuma evidência concreta de vida tenha até agora sido encontrada fora da Terra, os elementos básicos para seu desenvolvimento foram detectados no meio extra-terrestre.

Por exemplo, a lua Europa pode conter vida pois reúne os elementos fundamentais: calor, água e material orgânico procedente de cometas e meteoritos. Na Terra foram necessários
4,5 bilhões de anos para a vida inteligente evoluir, mas somente 1 bilhão para a vida microscópica iniciar. Entretanto, a vida pode tomar formas inesperadas, evoluir em lugares imprevisíveis, e de formas improváveis, os chamados extremófilos, descobertos em
1965.
Por exemplo, aqui na Terra, recentemente se encontrou a bactéria Polaromonas vacuolata, que vive quilômetros abaixo da superfície, nos pólos, sob temperaturas dezenas de graus abaixo de zero, bactérias em uma mina de ouro da África do Sul a 3,5 km de profundidade, microorganismos que vivem dentro de rochas de granito, que se acreditava completamente estéreis pela completa falta de nutrientes, até micróbios super-resistentes, como o Methanopyrus kandleri, que vivem no interior de vulcões submarinos, em temperaturas de até 113 C.

Essas bactérias se alimentam de gases, como o metano, e outros elementos químicos, como ferro, enxofre e manganês. O micróbio Pyrolobus fumarii era a forma de vida mais resistente às altas temperaturas até
2003. Os cientistas haviam registrado exemplares desses organismos vivendo a 113 graus Celsius. Derek Lovley e Kazem Kashefi, ambos da Universidade de Massachusetts, Estados Unidos, identificaram uma arqueobactéria (a forma mais primitiva de vida que se conhece) que se reproduziu em um forno a até 121 graus Celsius.

O nome científico do micróbio, um hipertermófilo unicelular, ainda não foi definido, e é conhecido como
Strain 121 (linhagem 121). Ele foi encontrado em um vulcão submarino no Havaí. Segundo Lovley, esses microrganismos usam ferro para produzir energia. Note que os fornos esterilizadores em geral trabalham a no máximo 121 C.

E outras como as Sulfolobus acidocaldarius, acidófilos, que vivem em fontes de ácido sulfúrico. Deinococcus radiodurans é um extremófilos radio-resistente, que consegue sobreviver a doses de radiação de
5 000 Grays. Uma dose de 1 Grays equivale à absorção de 1 joule por kilograma. 10 Gy são suficientes para matar um ser humano. Portanto, aqui na Terra, formas de vida primitiva muito diferentes existem.

A bactéria de menor tamanho reconhecida na Terra é a Mycoplasma genitalium, com 300 nm. As possíveis nanobactérias, encontradas também dentro de seres humanos, têm diâmetro entre 30 e 150 nm, cerca de um milésimo da largura de um fio de cabelo, e menor que muitos vírus, que não se reproduzem sozinhos, mas somente através de um ser vivo.

O tamanho extremamente pequeno das nanobactérias limita muito a investigação cientifica, e ainda não se conseguiu identificar DNA nelas. O microbiólogo Jack Maniloff, da Universidade de Rochester, determinou como
140 nm o tamanho mínimo para seres vivos, para ter DNA e proteínas em funcionamento.


A Origem da Vida e Vida Extraterreste- VI

Vida no Sistema Solar
A existência de vida inteligente pode ser descartada em todos os demais planetas do Sistema Solar. Em Marte, onde há água em certa abundância, atualmente em forma de vapor ou sólido, e a pressão atmosférica na superfície é 150 vezes menor do que na Terra, a morfologia da superfície indica que houve água líquida no passado.

O
meteorio ALH84001, proveniente de Marte, mostra depósitos minerais que ainda estão em disputa científica se são restos de nanobactérias, compostos orgânicos simples, ou contaminação ocorrida na própria Terra. Contaminação: a dificuldade de procurar vida extra-terrestre através de experimentos é a possibilidade de contaminação do experimento por vida aqui da Terra.

Quando a missão Apolo
12 trouxe de volta uma
câmara Surveyor 3 enviada anteriormente, encontrou-se uma colônia da bactéria Streptococcus mitis, que tinha contaminado a espuma de isolamento da câmara antes de ser enviada à Lua, e sobreviveu não só a viagem de ida e volta, mas os três anos que esteve lá no solo na Lua. Esta bactéria é comum e inofensiva e vive no nariz, boca e garganta dos humanos.

Vida na Galáxia
A inteligência, interesse sobre o que está acontecendo no Universo, é um desdobramento da vida na Terra, resultado da evolução e seleção natural. Os seres inteligentes produzem manifestações artificiais, como as ondas eletromagnéticas moduladas em amplitude (AM) ou frequência (FM) produzidas pelos terráqueos para transmitir informação (sinais com estrutura lógica).

Acreditando que possíveis seres extra-terrestres inteligentes se manifestam de maneira similar, desde
1960 se usam radiotelescópios para tentar captar sinais deles. Esta busca leva a sigla
SETI, do inglês Search for Extraterrestrial Intelligence, ou Busca de Inteligência Extra-Terrestre.

Até hoje não houve nenhuma detecção, mas esta busca se baseia em emissões moduladas de rádio, que produzimos aqui na Terra somente nos últimos
60 anos. Hoje em dias, as transmissões de dados por ondas eletromagnéticas estão sendo superadas por transporte de informação por fibras óticas, que não são perceptíveis a distâncias interestelares.

A Origem da Vida e Vida Extraterreste- VII


O SETI utiliza ondas de rádio para procurar sinais extraterrestres porque as ondas de rádio viajam à velocidade da luz mas não são absorvidas pelas nuvens de poeira e gás do meio interestelar. Dentro de um raio de 80 anos-luz da Terra existem cerca de 800 estrelas similares ao Sol. Podemos ver algumas destas estrelas a olho nu: α Centauri, τ Ceti, ε Eridani, 61 Cygni e ε Indi. O projeto Phoenix procura por sinais em cerca de 1000 estrelas na vizinhança solar.

OVNIs
Devido às grandes distâncias interestelares, e à limitação da velocidade a velocidades menores que a velocidade da luz pela relatividade de Einstein, não é possível viajar até outras estrelas e seus possíveis planetas. O ônibus espacial da NASA viaja a aproximadamente 28 000 km/hr e, portanto, levaria 168 000 anos para chegar à estrela mais próxima, que está a 4,4 anos-luz da Terra.

A espaçonave mais veloz que a espécie humana já construiu até agora (Voyager da NASA) levaria
80 mil anos para chegar à estrela mais próxima. Mesmo com um reator de fusão nuclear, o combustível necessário para a viagem à estrela mais próxima ocupa mil navios supertanques, e levaria 900
anos.

O Dr. Bernard M. Oliver
(1916-1995), diretor de pesquisa e vice-presidente da Hewlett-Packard Corporation e co-diretor do projeto de procura de vida extra-terrestre Cyclops da NASA, calculou que para uma espaçonave viajar até esta estrela mais próxima a 70% da velocidade da luz, mesmo com um motor perfeito, que converte 100% do combustível em energia (nenhuma tecnologia futura pode ser melhor que isto), seriam necessários 2,6 × 1016
Joules, equivalente a toda a energia elétrica produzida em todo o mundo, a partir de todas as fontes, inclusive nuclear, durante 100 mil anos, e ainda assim, levaria 6 anos só para chegar lá.

O importante sobre este cálculo é que ele não depende da tecnologia atual (eficiência de conversão de energia entre
10 e 40%
), pois assume um motor perfeito, nem de quem está fazendo a viagem, mas somente das leis de conservação de energia. Esta é a principal razão que os astrônomos são tão céticos sobre as notícias que os OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados), ou UFOs (Unidentified Flying Objects) são espaçonaves de civilizações extra-terrestres.

Devido às distâncias enormes e gastos energéticos envolvidos, é muito improvável que as dezenas de OVNIs noticiados a cada ano pudessem ser visitantes de outras estrelas tão fascinados com a Terra que estão dispostos a gastar quantidades fantásticas de tempo e energia para chegar aqui.

A maioria dos OVNIs, quando estudados, resultam ser fenômenos naturais, como balões, meteoros, planetas brilhantes, ou aviões militares classificados. De fato, nenhum OVNI jamais deixou evidência física que pudesse ser estudada em laboratórios para demonstrar sua origem de fora da Terra.

Quatro espaçonaves da Terra, duas Pioneers e duas Voyagers, depois de completarem sua exploração do sistema planetário, estão deixando este sistema planetário. Entretanto, elas levarão milhões de anos para atingir os confins do Sistema Solar, onde situa-se a
Nuvem de Oort. Estas quatro naves levam placas pictoriais e mensagens de áudio e vídeo sobre a Terra, mas em sua velocidade atual levarão milhões de anos para chegarem perto de qualquer estrela.

A Origem da Vida e Vida Extraterreste- VIII

Planetas fora do Sistema Solar
Embora desde
1992 existam evidências gravitacionais (
efeito Doppler nas linhas espectrais demonstrando movimento em torno do centro de massa) da existência de mais de trezentos planetas fora do Sistema Solar, em várias estrelas na nossa Galáxia, é muito difícil detectar os planetas diretamente porque a estrela em volta da qual o planeta orbita é muito mais brilhante que o planeta, ofuscando-o.

Estes métodos indiretos, gravitacionais, só conseguem até agora detectar grandes planetas, tipo Júpiter ou Netuno, que não podem conter vida como a conhecemos, porque têm atmosferas imensas e de altíssima pressão sobre pequenos núcleos rochosos. Planetas pequenos, como a Terra,
requerem precisão muito maior do que a atingível pelas observações atuais. Como os efeitos gravitacionais só indicam a massa e a distância do planeta à estrela, não podem detectar nenhum sinal de vida.
A equação de Drake
A estimativa do número N de civilizações na nossa Galáxia pode ser discutida com o auxílio da equação de Drake, proposta em 1961 pelo astrônomo Frank Donald Drake, diretor do projeto SETI:
Idéias básicas:

Número de civilizações existentes na nossa Galáxia (N) = número de civilizações que podem ter surgido no tempo de vida da galáxia (vários fatores) × fraçao desse tempo que dura uma civilização (t/T) - 1959: Giuseppe Cocconi (1914-) & Philip Morrison (1915-2005) publicaram "Searching for extraterrestrial Communication (Nature, 184, 844)".

1960: Frank Drake (1930-) começou uma busca de sinais em Ceti e Eridani com o radiotelescopio de 25 m de Green Bank.
1961: 10 especialistas de diversas áreas (
Frank Drake, Carl Sagan (1934-1996), Melvin Calvin (1911-) (Premio Nobel de Química de 1961), entre outros) se reúnem. Drake formula sua equação.


Nesse caso, para haver uma única civilização tecnológica na galáxia além da nossa, ela precisaria durar no mínimo 300 mil anos. Não há no momento nenhum critério seguro que permita decidir por uma posição otimista ou pessimista. Conclui-se que, para se estabelecer uma comunicação por rádio de ida e volta, mesmo na hipótese otimista, a duração da civilização tecnológica não poderá ser menor que 12 mil anos.

Caso contrário, a civilização interlocutora terá desaparecido antes de receber a resposta. Naturalmente existem mais de
100 bilhões de outras galáxias além da nossa, mais para estas o problema de distância é muito maior. Um cálculo ainda mais otimista utilizaria um tempo de vida das civilizações tecnológicas muito maior do que um século. Seja nT = número de planetas ou luas com condições parecidas com as da Terra.



A Origem da Vida e Vida Extraterreste- IX

Hipótese muito otimista: N = 109:
1 bilhão de civilizações na nossa Galáxia podem e querem se comunicar!
Hipótese pessimista: N =
10-12: criaturas como os terráqueos são muito raras, apenas 1 caso em 1 trilhão de galáxias no nosso universo observável tem 1011
galáxias estamos sozinhos!

Já que não podemos viajar até as estrelas, qual seria a maneira de detectar sinal de vida em um planeta?
Considerando que a água é um solvente ideal para as reações químicas complexas que levam á vida, e que seus dois constituintes, hidrogênio e oxigênio são abundantes em toda a Galáxia, consideramos que água líquida na superfície e, portanto, calor adequado, é um bom indicador da possibilidade de vida.

Outros dois indicadores são a detecção de oxigênio e de dióxido de carbono. Oxigênio é um elemento que rapidamente se combina com outros elementos, de modo que é difícil acumular oxigênio na atmosfera de um planeta, sem um mecanismo de constante geração.. Um mecanismo de geração de oxigênio é através de plantas, que consomem água, nitrogênio e dióxido de carbono como nutrientes, e eliminam oxigênio.

O dióxido de carbono
(CO2) é um produto de vida animal na Terra. Mas estas evidências não serão indicações de vida inteligente, já que na Terra foram necessários 4,5
bilhões de anos para a vida inteligente evoluir, mas somente 1 bilhão para a vida microscópica iniciar.

O escritor Amir D. Aczel propôs a unidade de distância ano-jato, a distância que um avião a jato comercial, viajando a
1000 km/h, percorre em um ano, voando sem parar, e que corresponde a 8,766 milhões de quilômetros.
Portanto a distância mínima entre a Terra e Marte, de 56 milhões de km, corresponde a 6,388 anos-jatos, isto é, levaria 6,388 anos para viajar em um avião comercial a Marte. Para chegar a estrela mais próxima, levar-se-ia 4,64 milhões de anos, viajando a 1000 km/h. Até o centro da nossa Galáxia, a Via Láctea, 30 bilhões de anos, mais do dobro da idade do Universo.

O projeto Phoenix de procurar por emissão de rádio vindo de cerca de
800 estrelas parecidas com o Sol e a no máximo 200 anos-luz de distância, usando os maiores rádio telescópios do mundo durante os últimos 10 anos (1994 a 2004)
chegou ao fim sem encontrar qualquer emissão equivalente ao transmissores de nossos radares militares.

O campo magnético dos planetas é importante para manter a atmosfera, pois a colisão das partículas ionizadas do vento estelar com a atmosfera do planeta erode a atmosfera rapidamente. Portanto a existência de campo magnético dos planetas é uma das condições para manter vida.

Um vírus (do latin virus=toxina, veneno) é um agente infeccioso submicroscópico incapaz de crescer ou se reproduzir fora de uma célula hospedeira e, portanto, não é um ser vivo. Os seres vivos são atualmente divididos em cinco reinos: animais, plantas, fungos, protistas (protozoários monocelulares e alga) e moneras (eubactéria e cianobactéria) ou seis reinos: animais, plantas, fungos, protistas, eubactérias e archaebactérias.

Os OVNI não necessitam luzes para viagens espaciais, já que não há o que iluminar no espaço, e também não há notícias dos cones e explosões causados pela quebra da barreira de som quando altas velocidades são relatadas.


© Kepler de Souza Oliveira Filho & Maria de Fátima Oliveira Saraiva









































iIntrodução sobre a mitologia

Sílvio Anaz

Mitologias são narrativas sobre seres sobrenaturais que procuram explicar a origem do Universo, dos homens, dos animais, dos costumes e dos valores mais importantes de uma cultura. São histórias fantásticas em que deuses, semideuses e heróis humanos se aventuraram para a criação do mundo como o conhecemos.
Essas narrativas, que surgiram nos tempos primitivos, foram transmitidas oralmente durante séculos até terem seus primeiros registros escritos na Antiguidade. Desde então, elas continuam a nos encantar e influenciar.

Desde os primórdios, diferentes culturas em diferentes momentos históricos e de desenvolvimento criaram suas próprias mitologias. Afinal, todas elas precisavam achar uma explicação para os fenômenos naturais e para justificar suas hierarquias e o funcionamento de suas instituições sociais. Assim, egípcios, gregos, romanos, sumérios, maias, incas, astecas, tupis, celtas, nórdicos e vários outros povos criaram seus próprios mitos que serviram para explicar o mundo ao seu redor.

De todas elas, a mitologia grega foi a mais influente. Sete séculos antes de Cristo, o poema “Teogonia” atribuído a Hesíodo expôs em cerca de mil versos a criação do Universo e a origem das divindades. Esse tratado sobre a mitologia grega mostrou também a ascensão de Zeus até se tornar o soberano supremo dos deuses. Além de Hesíodo, as principais características da mitologia grega foram definidas nos poemas “Ilíada” e “Odisséia”, atribuídos a Homero.

Antes dos gregos, outras civilizações como os egípcios, os sumérios e os hindus já tinham constituído suas mitologias. Cada uma delas com suas divindades e com diferentes explicações para a origem e o funcionamento do mundo, dos fenômenos da natureza, do sentido da existência dos homens e das sociedades.
Apesar de apresentarem diferentes narrativas e terem surgido em diferentes locais e épocas, todas as mitologias que despontaram ao redor do planeta se relacionaram a tradições religiosas e se basearam em acontecimentos e seres fantásticos.

iIntrodução sobre a mitologia- II

As primeiras lendas e mitos
É provável que os primeiros mitos tenham surgido ainda no período Paleolítico, em algum momento entre 250 mil e 40 mil anos antes de Cristo. Evidências arqueológicas mostram indícios de que o Homem de Neandertal – um predecessor do Homo sapiens – tinha uma consciência mitológica, com crença num mundo metafísico, práticas ritualísticas e construções de santuários. Mas, foi somente com o desenvolvimento da linguagem e dos sistemas de escrita que os registros mitológicos das eras ancestrais chegaram mais claramente até nós.
Ranjan Chari.
Representação do deus Shiva
Assim, sabemos que nos tempos das primeiras grandes civilizações, como a egípcia que surgiu há cerca de sete mil anos, eram as lendas e os mitos que explicavam a aventura humana. Transmitidas oralmente de geração para geração, essas narrativas eram vistas como verdadeiras, como reveladoras da “história” do mundo e da humanidade para aqueles povos.

Nos primórdios, os mitos tinham o papel de contar como tudo começou. Eles narraram como em um tempo em que nada existia a intervenção de entes sobrenaturais fez surgir o cosmo, o mundo, os reinos animais e vegetais, os comportamentos humanos ou simplesmente uma montanha.

Seu objetivo desde o princípio tem sido explicar a realidade e a complexidade do mundo em que vivemos. E eles não são simplesmente o produto de uma ou várias imaginações criativas que inventam histórias fantásticas. Os mitos se originam a partir de uma visão mística das experiências humanas mais essenciais.

Como observa Joseph Campbell, um dos maiores estudiosos sobre mitologia, o que é comum a todos os seres humanos se revela nos mitos. Uma mitologia reúne assim as narrativas místicas de uma determinada cultura em uma determina época sobre a busca da verdade, do sentido de estarmos vivos, da experiência de vida de um povo.

Uma das mais antigas mitologias é a egípcia. Cerca de cinco mil anos antes de Cristo, no norte da África, os egípcios formaram uma das primeiras civilizações da história. Muitas das lendas e mitos que floresceram naquele período foram influenciadas pela relação deles com o Rio Nilo, cujas margens irrigadas pelas cheias periódicas eram as grandes provedoras de alimentos para aquela civilização.

Segundo a mitologia egípcia, no princípio dos tempos só havia um caótico oceano de águas revoltas. Quando essas águas baixaram, surgiu uma faixa de terra e sobre ela estava o deus Aton, que teria iniciado então a criação do mundo e das coisas que fazem parte dele.

Esse deus criador também foi conhecido como Ra, ou em outra versão como Amon. Ele chegou a ser reverenciado como o pai de todos os reis e deuses egípcios. Entre os mais importantes descendentes de Rá está Osíris, considerado deus da fertilidade, da agricultura e, após sua morte, deus dos subterrâneos ou do mundo inferior.

O mito de Osíris era visto pelos egípcios como uma metáfora da vida, da morte, do renascimento e da vida eterna. A mitologia egípcia, composta por lendas e mitos inter-relacionados, procurava explicar vários aspectos da vida cotidiana, da natureza e do mundo espiritual, como o nascer e o pôr-do-sol, a morte e o além, as mudanças das estações, a existência dos planetas, do sol e das criaturas vivas.

Quase tão antiga quanta a egípcia era a civilização suméria, que ocupava a Mesopotâmia, região do Oriente Médio onde hoje está o Iraque. Povo agrícola que desenvolveu técnicas de irrigação para vastas áreas secas e desérticas da Mesopotâmia, eles desenvolveram um conjunto de lendas, mitos e crenças espirituais que influenciariam a mitologia cristã, principalmente no Antigo Testamento, a judaica, a islâmica e também a grega. O dilúvio é um dos temas presentes na mitologia suméria e a lenda de Gilgamesh um dos principais relatos que revelaram o conjunto de deuses e heróis daquela civilização.

Enquanto a mitologia suméria influenciaria principalmente as religiões e mitos ocidentais, no Oriente uma das mais antigas e importantes mitologias era a hindu. Estudiosos acreditam que os mitos e as lendas hindus começaram a surgir há cerca de dez mil anos.

A principal fonte escrita do que os indianos chamam de “história dos tempos ancestrais” está no “Mahabharata”, obra literária provavelmente escrita no final do século
3. A mitologia hindu tem uma visão cíclica da vida e do Universo, na qual as principais divindades responsáveis pela criação e destruição de todas as coisas existentes são Shiva, Vixnu e Brama.

iIntrodução sobre a mitologia- III

Floriano Rescigno.
Hieróglifo com o deusegípcio Hórus
Essas primeiras mitologias já mostraram o aspecto universalista dos mitos. Em diferentes partes do mundo e épocas, culturas diversas lidaram com os mesmos temas essenciais da existência do homem, como a criação do mundo, o mistério da morte, a humanização dos deuses, a ressurreição. Esses assuntos voltariam a aparecer em duas das mais influentes mitologias já existentes, a grega e a romana.

Mitologia greco-romana
As principais religiões, como o cristianismo, o judaísmo e o islamismo, são mitologias que contam com milhões de seguidores ao redor do planeta. Mas, há duas outras mitologias que, mesmo sem pessoas que as cultuem nos dias atuais, estão entre as mais importantes e influentes da história.

Uma delas é a mitologia grega cujas obras poéticas atribuídas a Hesíodo e Homero, provavelmente escritas entre os séculos 8 e 7 antes de Cristo, constituíram a sua base escrita. Elas definiram as características dos deuses do Olimpo e deram cores às aventuras dos heróis gregos até então narradas oralmente de geração para geração.

Apesar de vistos como obras ficcionais, verdadeiras alegorias, por pensadores como Platão (o primeiro a usar o termo mitologia) e Aristóteles, os mitos e lendas eram aceitos como narrativas reais pela população grega. Enquanto Homero mostra na “Ilíada” e na “Odisséia” a aventura dos gregos, seus heróis e deuses na Guerra de Tróia e na saga de volta para casa, Hesíodo escreveu sobre a gênese dos deuses em “Teogonia”. A mitologia grega refletia a sociedade patriarcal e a forma de governo da Grécia antiga.

iIntrodução sobre a mitologia- IV

Estátua de Baco, deus romano dos vinhos, festas e prazeres
Com narrativas e personagens que se inter-relacionam desde o princípio, a mitologia grega se tornou a mais complexa e sofisticada de todas, com uma abrangência que atinge a tudo que diz respeito à experiência humana. É no chamado “helenismo” (século 4 a.C. – século 2 a.C.), período do apogeu da civilização grega, que ela se difunde com as características que conhecemos hoje. Na mitologia grega, o Monte Olimpo era a morada dos deuses assim como o ponto central da Terra.

Mas antes dos deuses e de tudo existir, era o Caos, uma massa na qual estavam as sementes das coisas. Dele surgiu a Terra e o Céu que geraram os Titãs, que eram os deuses primordiais. Entre os Titãs, estavam Saturno e Réia que tiveram como filho Zeus, que viria a ser o mais poderoso de todos os deuses e pai dos seres humanos.

No panteão politeísta grego, os deuses eram figuras antropomórficas, com costumes e aparências similares às dos homens. A cosmogonia retratada na mitologia grega, ou seja, a versão da origem do universo, é apenas o início de uma narrativa que desvenda de forma genial a multifacetada natureza humana.

Alguns dos principais deuses mitológicos


Afrodite: deusa grega símbolo do amor, do sexo e da beleza. Filha de Zeus e de Dione ou, em outra versão, nascida da espuma do mar na ilha de Chipre, onde era cultuada. Sua equivalente na mitologia romana é Vênus. Atena: deusa grega da sabedoria, da inteligência e da guerra justa. Filha de Zeus e Métis, ela é uma das mais poderosas deusas e foi uma das mais veneradas.

Zeus: o deus grego supremo, o deus dos deuses. Governa o mundo e zela por sua harmonia e pela ordem das coisas. O mais poderoso dos deuses controla os fenômenos atmosféricos, é dono do céu e da Terra e usa como arma um terrível raio. Seu equivalente na mitologia romana é Júpiter. Apolo: divindade grega, filho de Zeus e de Leto, ele é considerado o deus da luz benéfica e da verdade. Foi o inventor da música e da poesia e é considerado amigo da juventude bela e forte.

Baco: deus romano do vinho, das festas e do prazer, ele é filho de Júpiter e da mortal Sêmele. Seu equivalente na mitologia grega é Dionísio, considerado a divindade mais próxima dos homens.Poseidon: deus grego, senhor dos mares e de todas as suas criaturas, tem como arma um poderoso tridente. É irmão de Zeus. Seu equivalente na mitologia romana é Netuno.

A cultura romana foi outra importante fonte dessas histórias irreais que procuram explicar o mundo real, que são os mitos. A mitologia dos romanos foi fortemente influenciada pela grega. A origem mitológica do povo romano, por exemplo, remete à narrativa da “Ilíada”.

No poema épico “Eneida”, escrita por Virgílio no século 1 antes de Cristo, conta-se a história do herói Enéas, fundador dos romanos, filho do mortal Anquises e da deusa Vênus. Ele era casado com Creusa, filha de Príamo, rei de Tróia na época da luta contra os gregos.

Com a derrota de Tróia, Enéas fugiu com seu pai e seu filho e refugiou-se na península itálica onde lutaria para estabelecer o que viria a ser o poder imperial de Roma. Há também uma nítida equivalência entre os deuses antropomórficos gregos e romanos, que muitas vezes apenas recebem nomes diferentes, mas desempenham o mesmo papel e têm as mesmas características.

Introdução sobre a mitologia - V

Hedda Gjerpen.Detalhe de estátua de Netuno


A riqueza das mitologias grega e romana é tal que, mesmo após o fim dessas civilizações, elas continuaram a influenciar a humanidade. E a importância dessa influência se estende por aspectos sociais, artísticos e políticos da vida ocidental.

Mitologia na era moderna
Desde os tempos ancestrais os mitos procuram explicar de uma forma fantástica como as coisas surgiram, por que são assim e de que forma acontecem. Deuses, semideuses e heróis têm sido os personagens centrais dessas narrativas em diferentes culturas e em diferentes épocas.

Nos tempos modernos, muitas sagas criadas para a literatura, quadrinhos ou cinema têm se inspirado nos mitos e nas lendas gregas, sumérias, romanas, célticas, egípcias e nórdicas, e também são influenciados por mitologias atualmente cultuadas como a cristã e a judaica.

Essas grandes narrativas ficcionais modernas não parecem trazer novidades em relação à compreensão do mundo, além daquelas já desenvolvidas por grandes mitologias, como a grega e a cristã. Elas também não são a rigor uma representação coletiva de divindades e lendas, passadas de geração em geração.

Duas dessas sagas ficcionais contemporâneas – “O Senhor dos Anéis”, de J.R.R. Tolkien, e “Guerra nas Estrelas”, de George Lucas – apresentam a construção de universos totalmente novos e cheios de elementos mitológicos, que reproduzem na essência temas já explorados nas mitologias tradicionais.

Elas se aproximam das características mitológicas por conta de suas estruturas narrativas e características fantásticas, divinas e heróicas dos personagens, assim como por serem diferentes formas de revelarem suas explicações do mundo para nossas mentes.

Ao analisar o universo de “Guerra nas Estrelas”, Joseph Campbell considera que os filmes da saga possuem uma perspectiva mitológica válida. Para ele, em “Star Wars” o Estado é visto como uma máquina e a questão é saber se essa máquina vai esmagar a humanidade ou vai se colocar a seu serviço.

Campbell compara a questão mitológica colocada em “Star Wars” com àquela posta por Goethe ao narrar a lenda de Fausto: “Mefistófeles, o homem máquina, pode nos prover de todos os meios e está igualmente apto a determinar as finalidades da vida. Mas a peculiaridade de Fausto, que o qualifica para ser salvo, é que ele busca finalidades diferentes das da máquina. Ora, quando tira a máscara de seu pai, Luke Skywalker cancela o papel de máquina que o pai tinha desempenhado. O pai era o uniforme. Isso é poder, o papel do Estado”.

A atualização dos universos mitológicos é uma forma da humanidade relembrar suas origens e aprender o segredo das coisas. As narrativas sobre deuses e heróis que se tornaram modelos mitológicos universais continuam a ajudar a dar sentido à existência.

Campbell entende que a importância de se conhecer sobre as mitologias está no fato de que elas nos abastecem “de informação, provenientes dos tempos antigos, que têm a ver com os temas que sempre deram sustentação à vida humana, que construíram civilizações e informaram religiões através dos séculos, têm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundos mistérios, com os profundos limiares da travessia, e se você não souber o que dizem os sinais ao longo do caminho, terá de produzi-los por sua conta”.