sábado, 6 de outubro de 2007

Contextualizando o Caos.

Boiúna (Fernando Nicacio)
Físico e doutorando do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF
“Chaos is the score upon which reality is written.”
Henry Miller -- Tropic of Cancer

A Teogonia, poema pré-filosófico de Hesíodo (800 a.C.), um dos alicerces do pensamento ocidental, inicia com a frase “Realmente antes de tudo existiu o Caos...”. Do modo intencional como pronuncia a palavra caos, o poeta inspirado pelas Musas, deusas do canto e da memória, traz não só a concepção do mundo pré-organizado como estabelece uma origem fixa para os deuses, seres animados e ainda os inanimados.

A acepção grega para a palavra Caos é abismo desconhecido e inalcançável massa amorfa com poder incipiente de criação1 . Tantas outras cosmogonias além da grega, dos hebreus aos iorubas, relatam o início da ordem provinda da desordem, algo subjacente, incógnito e latente, à espera de precipitação.

Os gregos que conceberam o início desordenado também concebem a linguagem da ordem. Pitágoras (
571 - 497 a.C.), talvez seu maior entusiasta, defende a matemática como a linguagem geométrica da natureza sob a égide dos princípios lógicos edificados posteriormente pelos sistemáticos Sócrates (470 - 399 a.C.), Platão (428 - 348 a.C.) e Aristóteles (348 - 322 a.C.).
É no período sistemático que os conceitos de ciência e inteligibilidade são criados . A natureza é então desvelada, conjugam-se linguagem e pensamento, matemática e ciência.

Continua

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