sábado, 7 de abril de 2007

O Céu Austral no Inverno


Por:Ulisses Capozzoli

No hemisfério Sul de forma geral, mas especificamente no Brasil, o inverno é a melhor época para a observação do céu. Nesse momento, normalmente o céu está livre de nuvens, o que é de importância fundamental. Logo no começo das noites de inverno as constelações do Escorpião - facilmente reconhecível por sua forma que, de fato, lembra este animal - Sagitário, Centauro e Cruzeiro do Sul estão claramente visíveis.

No Escorpião, destaca-se Antares, supergigante vermelha com diâmetro 300 vezes superior ao do Sol. Sistema binário, Antares representa o "coração do escorpião", ainda que, etimologicamente seu nome signifique "rival de Marte", por sua semelhança com esse planeta.

Sagitário, que exige algum esforço para identificação com o centauro da mitologia grega, não exibe nenhuma estrela particularmente brilhante.

Em compensação, nenhuma outra região do céu abriga a mesma abundância e diversidade de objetos celestes, pois Sagitário indica o núcleo da Galáxia, a Via Láctea. Nebulosas, aglomerados estelares e, possivelmente até um buraco negro, ocultam-se no interior dessa constelação.

Quanto ao Cruzeiro do Sul, é a constelação mais popular, dos 88 asterismo em que o céu está dividido atualmente. No Cruzeiro do Sul, o destaque é para Acrux (Alfa do Cruzeiro) ou a Estrela de Magalhães, em homenagem ao navegador português Fernando de Magalhães, que entre 1519 e 1522 empreendeu a primeira viagem de circunavegação da Terra (morreu durante a expedição).

Estrela azulada do "pé" do Cruzeiro, Acrux forma uma dupla visual mas, na realidade, é um sistema quádruplo, a 297 anos-luz da Terra. Mimosa (Beta Crucis, o lado esquerdo do braço menor da cruz) é outra estrela azulada enquanto Rubídea (Gama Crucis) é uma estrela avermelhada que representa a parte superior do braço maior da cruz. Pálida (Delta Crucis) compõe o lado oposto do braço menor da cruz. Finalmente, a mais apagada de todas, mas nem por isso a menos notável: a "Intrometida" (Epsilon Crucis) por atrapalhar o desenho perfeito de uma cruz.

A explicação de Galileu.



Quem deu a primeira explicação para a cintilação das estrelas (devido à enorme distância não vemos o disco delas, mas a fulguração) foi Galileu Galilei em seu livro Mensageiro das Estrelas, publicado em 1610.

Vênus, também chamado de Estrela Dalva, e freqüentemente confundido com uma estrela, dependendo de sua posição relativa, pode aparecer tanto antes do nascer-do-sol quanto depois do pôr-do-sol. Já Marte, Júpiter e Saturno podem ser observados em determinadas épocas durante a noite e são visíveis, ou durante o dia, quando acabam ofuscados pela luz do Sol.

Tanto Júpiter quanto Saturno, em posições favoráveis, são magníficas fontes celestes de luz, especialmente no inverno do hemisfério sul, quando as constelações mais brilhantes faíscam como enormes vaga-lumes cósmicos.



Amplificando essas luzes, com mecanismos biológicos situados no fundo de seus olhos, animais domésticos como cães e gatos, ou inúmeras criaturas selvagens, têm excelente visão noturna. Telescópios de pequeno porte permitem a visão das quatro grandes luas de Júpiter e dos fascinantes anéis de Saturno.

Você verá ainda, em alguns pontos, luzes ligeiramente borradas, como acontece na região formada pelas Três Marias e as estrelas Rigel e Saiph, no interior da constelação do Órion. Mesmo um telescópio de pequeno porte é capaz de revelar que se trata de uma nebulosa, neste caso a Nebulosa de Órion, um enorme berçário estelar.

No interior da Nebulosa de Órion (M42 ou NGC 1976, segundo a nomenclatura astronômica) estrelas estão nascendo e começando a brilhar. A enorme concentração de poeira estelar e de gases nessa região também indica uma fonte celeste de água, pela junção de hidrogênio e oxigênio, formando o familiar H20.

Outras regiões do céu podem parecer extremamente escuras, como se não abrigasse estrelas, como acontece nas proximidades do Cruzeiro do Sol. A verdade é que ali também existe uma nebulosa cuja densidade obscurece a luz das estrelas que estão por trás dela, se observada da Terra. Essa é a Nebulosa do Saco do Carvão.

Se você tiver dificuldades para se localizar no céu, não perca a esperança de se encontrar. Para isso, utilize em planisfério (ver Planisfério). Eles podem ser encontrados em seções de livrarias especializadas em astronomia, mas lamentavelmente não são muito comuns. Para amenizar essas dificuldades, Astronomy Brasil, está providenciando o desenvolvimento de um planisfério eficiente, de manuseio fácil e preço absolutamente acessível.

Para encontrar um ponto de referência celeste, o Sul, por exemplo, utilize a constelação do Cruzeiro do Sul.. Para isso, prolongue por quatro vezes o eixo maior da cruz. Neste ponto está o Pólo Celeste Sul, o prolongamento do eixo imaginário em torno do qual a Terra faz seu movimento de rotação.


A partir do Sul, será fácil determinar os outros pontos cardeais. Olhando para o Sul, à esquerda estará o Leste, à direita o Oeste e, às suas costas, o Norte.

fonte: http://www2.uol.com.br/astronomy/ceu_estrelado/o_ceu_austral_na_primavera.html

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