As pistas estavam frias - os ossos na vala comum tinham 70 milhões de anos. Mas indícios importantes permitiram descobrir a identidade do assassino.
Por: Raymond R. Rogers e David W. Krause
Um dos corpos encontrava-se deitado sobre o lado esquerdo, com a cabeça e o pescoço próximos à pélvis - uma posição clássica de morte. Braços e pernas pareciam intactos anatomicamente, mas uma inspeção mais detida revelou o deslocamento dos ossos das mãos e dos pés - embora a maioria das partes tenha sido encontrada.
O crânio também estava desconjuntado, com as partes que o compõem uma ao lado da outra. Curiosamente, a ponta do rabo havia sumido por completo. Os outros corpos das imediações apresentavam diferentes estados de preservação e desarranjo.
Enquanto alguns estavam praticamente inteiros, de outros só encontramos o crânio, uma clavícula ou um único osso das pernas ou dos braços. Essas infelizes criaturas teriam morrido aqui ou foram trazidas a esse local após sua morte? Morreram todas no mesmo instante ou em momentos diferentes? E o que as matou?
Nossa equipe começou a levantar tais questões assim que encontramos esse cemitério coletivo em antigos sedimentos no noroeste de Madagascar, no início de 2005 - ilha cuja terra rubra inspirou seu apelido: Grande Ilha Vermelha. Juntamos algumas informações importantes enquanto procurávamos as respostas; no entanto, o caminho até elas talvez seja tão ou mais interessante quanto as respostas em si.
Antes de qualquer coisa, batizamos o sítio arqueológico, designando-o
Esse cemitério de dinossauros não é o único no noroeste de Madagascar. Ele faz parte de um padrão que temos observado repetidas vezes ao longo de uma década de pesquisas geológicas nas pradarias semi-áridas nas proximidades do remoto vilarejo Berivotra.
Nessa região descobrimos camadas e mais camadas de cemitérios coletivos, com restos de animais grandes e pequenos, jovens e velhos, enterrados juntos formando espetaculares brechas ósseas (bonebed, em inglês).
Assim, enquanto trabalhávamos tentando descobrir o que matou os animais no MAD05-42, não podíamos deixar de nos perguntar por que encontramos tantas brechas ósseas naquela região e como elas se mantiveram tão bem preservadas.
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