Stancka — Atualmente, dividimos os estágios hipnóticos em cinco fases. Na fase chamada insuscetível o indivíduo não apresenta características hipnóticas de espécie alguma. Já na seguinte, a hipnoidal, ele demonstra relaxamento muscular, expressão de cansaço e freqüentemente um tremor nas pálpebras, além de contrações espasmódicas nos cantos da boca.
Há em seguida o chamado transe ligeiro, que é o terceiro estágio. Nesse momento, o hipnotizado sente os membros pesados e o corpo todo apresenta uma alienação da realidade, embora a mente conserve ainda plena consciência de tudo que se passa ao redor. O indivíduo pode apresentar rigidez cataléptica em olhos e membros, e demonstra pouca inclinação a falar. Tem ainda tendência a responder as perguntas com movimentos da cabeça ou da mão, pois já não quer se mover ou mudar de posição.
UFO — O que vem a seguir nesse processo?
Stancka — Bem, depois vem uma parte muito usada na pesquisa ufológica, que é o quarto estágio, o do transe médio, quando o indivíduo ainda pode conservar alguma consciência. Mas agora é que podemos dizer que está hipnotizado de fato e não resiste mais às sugestões, salvo aquelas contra seu código moral ou interesses vitais.
Nessa altura há a catalepsia completa dos membros e do corpo, amnésia parcial, alucinações motoras e completa inibição muscular. Nesse estágio, por exemplo, um médico já consegue analgesia [Anestesia] no paciente e nele podem ser feitas pequenas cirurgias. Daí, chegamos finalmente ao transe profundo, o último estágio. Este é o verdadeiro estado hipnótico. Agora o paciente aceita sugestões pós-hipnóticas por mais bizarras que sejam. Em transe profundo se pode mandar o hipnotizado abrir os olhos sem prejuízo do procedimento.
UFO — É nesse estágio que podem ser reveladas experiências ufológicas ocultas na mente do paciente?
Stancka — Agora, sim. É nesse estágio que se faz efetivamente a regressão de memória na pessoa. Normalmente, a indução ao transe profundo exige de 30 minutos a uma hora de trabalho ininterrupto. Quando se chega a esse ponto há uma série de características que o paciente apresenta.
Dentre elas, a mais certa para se avaliar se o indivíduo está mesmo hipnotizado é a ausência do sentido ao tato. Assim, pode-se inserir uma agulha na pessoa sem que ela tenha reação alguma. A ausência dessa reação indica transe médio ou profundo. Outro teste consiste em levantar o braço da pessoa e deixá-lo erguido. Se ele permanecer assim, é sinal de que a hipnose está em andamento. E outra característica é que o paciente, nesta fase, não se mostra inclinado a falar, e sim a responder as perguntas positiva ou negativamente, com a cabeça ou mão.
Stancka — Sim, a partir desse estágio, quando a pessoa está plenamente hipnotizada, é que se começa a reconstituição dos fatos relativos a uma eventual abdução. A certeza de que o indivíduo está mesmo em transe profundo advém da observação constante e cuidadosa de muitos fatores físicos.
Ainda nessa fase há diminuição do pulso e da pressão da pessoa, suas extremidades dos pés e mãos ficam mais frias e ela apresenta hipermnesia, que é a lembrança de coisas esquecidas de seu passado. Alucinações visuais e auditivas também são freqüentes quando se chega nesse ponto, como a possibilidade de regressão de memória. A partir desses parâmetros clínicos podemos dar credibilidade a hipnose, devendo a mesma ser repetida em algumas sessões para que, aí sim, tenhamos realmente informações com consistência.
UFO — Há risco para os resultados de uma pesquisa se esses requisitos não forem totalmente atendidos?
Stancka — Olhe, pela dificuldade ou custo do procedimento hipnótico, no mínimo os parâmetros clínicos descritos devem ser observados, a fim de realmente se obter algo muito próximo da verdade. Do contrário, vamos ter inúmeras distorções confundidas com estados psicóticos.
O estresse e ansiedades familiares podem facilmente ser transformados em fantasiosos contatos com alienígenas, acabando por serem divulgados por ufólogos sem conhecimento da técnica como legítimos, aumentando assim a quantidade de casos dúbios da Ufologia. Temos distúrbios clínicos, como a “síndrome da falsa memória”, que acomete pessoas sob o estresse da vida cotidiana.
Elas passam a criar inverdades e a acreditar nelas de uma tal forma que convencem a terceiros. Vários casos supostamente ufológicos ocorridos nos Estados Unidos, de alegados contatos traumáticos com ETs, quando voltaram a ser investigados por profissionais competentes – e não por curiosos sem preparo técnico e científico –, resultaram ser o produto de seqüelas normais.
UFO — Essa falha na condução das sessões de hipnose se aplica a ufólogos, também?
Stancka — Certamente! Isso inclui muitos ufólogos também, que na ânsia de pesquisar casos impactantes e depois terem algo “quente” para divulgar, acabam por induzir testemunhas a abandonar suas próprias idéias e convicções e a crer terem passado por uma abdução. Isso é o que chamamos de “síndrome da falsa memória”.
Algo muito similar ocorre na “síndrome do feto desaparecido”, que atinge mulheres que sofrem intensas pressões sociais e familiares. Elas, na luta por uma posição privilegiada na sociedade, competindo lado-a-lado com o homem pelo mercado de trabalho, vivem quadros de tensão, estresse e alterações que aumentam a produção de hormônios que inibem a fertilidade, como a prolactina. E por mais que tentem engravidar, não apresentam condições hormonais para isso.
Em casos graves, algumas mulheres entendem seus atrasos menstruais como gravidez. Mas após um período de semanas ou meses, há uma melhora do quadro hormonal, vem a menstruação e elas crêem que tiveram um aborto. Aplicando esse quadro à Ufologia, temos casos de mulheres suscetíveis que imaginam ter sido abduzidas e engravidadas por ETs, que vêm a perder seus fetos após apenas alguns meses de gestação. E o que ajuda esse quadro a se agravar são filmes de abduções, leitura de obras de ficção científica, a pregação de ditos contatados etc.
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