Stancka — Veja, há um número crescente de casos ufológicos que vêm sendo investigados e dados como verídicos porque os indivíduos que passaram por tais experiências disseram isso ou aquilo sob hipnose. Não é bem assim e gostaria de dar uma contribuição aos pesquisadores.
Quero alertar para o fato de que o que vem sendo feito em muitos casos está gerando um aumento na complexidade da pesquisa ufológica, colocando aspectos da imaginação humana à frente do fenômeno em si e levando os pesquisadores ao erro.
Stancka — É importante que saibamos que nós somos seres complexos e a ciência médica, com os últimos estudos nas áreas da psicologia, psiquiatria e mais recentemente a neuropsiquiatria, vem apresentando novas e importantes descobertas sobre a mente humana, que revolucionam o que se sabia.
Para isso, a medicina conta com um arsenal tecnológico que possibilita investigar a mente com aparelhos de última geração e medir, mensurar, o tipo de distúrbio que o cérebro de um indivíduo vem apresentando. Temos hoje modernos eletroencefalográficos, aparelhos para mapeamento e escaneamento cerebral, além de ressonância magnética etc, que nos possibilitam, com pequenas chances de erro, saber o tipo de problema que a mente humana vem apresentando. Esses avanços também podem determinar se um dado distúrbio numa pessoa é decorrente de algo natural ou de uma abdução por aliens.
UFO — Ainda assim, o uso da hipnose pode ser validado na pesquisa ufológica?
Stancka — Claro, mas com cautela. Veja que a hipnose é uma técnica terapêutica anterior ao conhecimento atual, usada por toda a Antigüidade. Há provas de que os egípcios, assírios, babilônios, romanos, astecas e maias já a utilizavam para tratar doentes. No Egito, por exemplo, existiam os “templos dos sonhos”, onde se aplicavam aos pacientes sugestões terapêuticas enquanto dormiam.
Os gregos realizavam peregrinações a Epidaurus, onde se encontrava o templo do deus da medicina, Esculápio. Ali, os peregrinos eram submetidos à hipnose pelos sacerdotes, que invocavam alucinatoriamente a presença de sua divindade para indicar os possíveis métodos de cura. Portanto, hipnose não é propriamente uma novidade, nem mesmo para a Ufologia, que vem usando a técnica há três ou quatro décadas. Mas tal uso deve ser muito bem controlado.
Stancka — Se não houver o emprego do método certo, poderá haver deturpações. A hipnose pode, sim, levar a estados alterados de consciência e exemplos disso vêm tanto do passado quanto da atualidade. É sabido hoje que, num transe hipnótico, o indivíduo sucumbe de tal forma a sua própria vontade que se confunde ou entra em choque com as idéias ou a imaginação do hipnotizador.
O paciente, sem se dar conta do fato conscientemente, projeta sobre o hipnotizador os efeitos hipnóticos de suas próprias características, assim como seus desejos de fazer milagres e ser especial, suas fantasias e sonhos interiores. Pelo lado psicológico da questão, a hipnose se explica, entre outras coisas, como um fenômeno de projeção.
UFO — A hipnose pode ser uma forma de se sugestionar um indivíduo?
Stancka — Sim, pode. Contrariamente ao que ensinam os livros populares, a fé inabalável no hipnotismo e a forte vontade não constituem atributos fundamentais e diretos do hipnotizador, mas sim do paciente. A experiência mostra que os melhores pacientes são precisamente os tipos impulsivos, os voluntariosos.
Em suma, são pessoas de muita vontade ou vontade forte. O especialista Howard Warren definiu a hipnose como “um estado artificialmente induzido, às vezes semelhante ao sono, porém distinto do mesmo e tendente a aguçar a sugestibilidade, acarretando modificações sensoriais e motoras, além de alterações de memória”. Isso quase equivale a dizer que a hipnose é, antes de qualquer coisa, do princípio ao fim, sugestão.
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