quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Falsas Memórias: Por que lembramos de coisas que não aconteceram?

2. MONITORAMENTO DA FONTE - A teoria do Monitoramento da Fonte caracteriza as falsas memórias por confusão ou erro de julgamento de atribuição da fonte ou origem da memória (JOHNSON et al., 1993). Segundo este modelo, as falsas memórias ocorrem pela dificuldade do indivíduo em diferenciar se a fonte da informação é advinda de dentro (experiências anteriores) ou de fora (evento vivenciado) (REYNA e LLOYD, 1997).

Para JOHNSON e seu colegas
(1993), as falsas memórias podem se dar pelo julgamento de familiaridade entre a memória inicial e uma outra informação prévia, uma vez que a informação da fonte da informação não se encontra necessariamente representada na memória (ZARAGOZA, et al., 1997).

3. TEORIA DO TRAÇO DIFUSO - Para a teoria do Traço Difuso (FTT – Fuzzy Trace Theory) a memória não é um sistema unitário. Este modelo concebe a memória como dois sistemas independentes: a memória literal e a memória da essência.

A memória da essência armazena somente o significado do fato ocorrido, enquanto a memória literal contém a lembrança dos detalhes específicos do evento (BRAINERD, STEIN e REYNA,
1998
). Por exemplo, uma memória literal seria lembrarmo-nos da exata posição e local em que se encontra um determinado objeto no interior de um armário.

Já a memória da essência seria lembrarmo-nos que guardamos este mesmo objeto em algum dos armários de nossa casa, sem poder precisar o local exato em que ele se encontra. As representações literais e da essência também diferem em sua durabilidade.

A memória literal é mais susceptível aos efeitos de interferência por processamento de informações, tornando-se inacessível mais rapidamente do que a memória da essência, considerada mais duradoura e mais robusta que a primeira(BRAINERD, HOWE e REYNA,
1996).

Para a FTT, os traços de memória da essência não são extraídos dos traços literais, são processados em paralelo e independentemente uns dos outros. Assim, representações literais e da essência da mesma experiência são codificadas em paralelo e armazenadas separadamente de forma dissociada (REYNA e LLOYD,
1997
).

Da mesma forma, a recuperação das duas memórias também é dissociada. Por exemplo, no momento em que você está guardando determinado objeto num armário específico em sua casa, você estará provavelmente armazenando, ao mesmo tempo e de forma independente, memórias literais a respeito desse evento (o objeto em questão é uma chave e está sendo guardado na terceira gaveta da porta esquerda do armário da cozinha), bem como memórias da essência a respeito desse mesmo evento (estou guardando uma coisa dentro de um armário).

Devido as diferenças na durabilidade dos traços literais e da essência, sendo os primeiros menos duráveis do que os segundos, com o passar do tempo ficará bem mais difícil para você recordar o local exato onde foi guardado o objeto, ainda que lembre de tê-lo guardado em algum armário da casa.

Devido a dissociação entre os dois sistemas de memória, num teste de reconhecimento, os itens alvo são geralmente melhores pistas para a recuperação de traços literais do que para traços da essência (BRAINERD, REYNA e KNEER,
1995). Como distratores relacionados são melhores pistas para traços da essência do que para traços literais (REYNA e KIERNAN, 1994), e traços literais se tornam inacessíveis mais rapidamente do que traços da essência (MURPHY e SHAPIRO, 1994
), com a passagem do tempo a base de memória para alvos decai mais rapidamente do que para alarmes falsos, ou seja, aceitar distratores relacionados.

Continua

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