Uyrangê Bolívar Soares de Hollanda Lima, capitão da Aeronáutica que liderou a Operação Prato entre os anos de 1977 e 1978. Foi colocado no comando da expedição para desmistificar o fenômeno e teve contato com as supostas espaçonaves. Suicidou-se em outubro de 1997, cerca de 20 anos depois das atividades militares no Pará, quando era coronel reformado.
A seguir, em mais uma justa homenagem a Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima, sua entrevista na íntegra.
Ufo — Coronel, o senhor é o primeiro militar a vir a público e admitir tudo o que pretende uma entrevista como essa. Quais são as razões para isso?
Hollanda — Em 1977, quando ocorreram as coisas que vou descrever, fui muito procurado por ufólogos e pela imprensa para fazer alguma declaração a respeito. Mas não podia falar na época, porque tinha uma obrigação militar. Eu havia cumprido uma missão e não podia revelar qual era. Minha fidelidade era apenas para com meu comandante. Mas depois de quatro meses de estudos e pesquisas, a Aeronáutica interrompeu a Operação Prato. O comandante tinha ficado satisfeito com os resultados e não me competia julgar, na época, se isso era certo ou errado.
Ufo — Então o senhor evitou falar sobre a Operação Prato esse tempo todo?
Hollanda — Eu não podia falar. E também não tinha vontade. Conversei com vários ufólogos, entre eles o general Uchôa, e fui procurado até por pessoas dos EUA, inclusive Bob Pratt [Autor do livro Perigo Alienígena no Brasil, código LV-14 da Biblioteca Ufo]. Conversamos muito em off. Minha posição como militar colocaria o Ministério da Aeronáutica numa situação difícil de se explicar, e além disso havia punições para quem tratasse desse assunto sem autorização. Eu não tinha permissão nem do meu comandante, quanto menos do ministro. E o que eu falasse seria interpretado como sendo a palavra oficial da Força Aérea Brasileira (FAB). Mesmo assim, após o encerramento da Operação Prato, pesquisei e mantive contato com ufólogos de vários países, mas nunca falei nada a respeito.
Ufo — O senhor se reformou da FAB em 1992. Não passou pela sua cabeça conversar com ufólogos antes e relatar tais fatos?
Hollanda — Eu apenas conversava com eles, sem entrar em detalhes. Conversei muito com Bob Pratt quando ele veio ao Brasil, com dona Irene Granchi, com Rafael Sempere Durá e outros. Mas nunca disse que queria falar à televisão ou coisa assim. Pediram-me que escrevesse um livro, mas nunca me interessei. Hoje penso diferente: acho que já deve ser dito alguma coisa sobre a Operação Prato. Esse assunto deve ser propalado e explicado, pois vou fazer 60 anos daqui a pouco. De repente posso morrer, e aí a história se acaba…
Ufo — Por ter procurado a Revista Ufo para dar essas declarações, quer dizer que confia que ela irá fazer um trabalho sério de divulgação sobre o que o senhor está falando?
Hollanda — No fim dos anos 80, começo dos 90, estive conversando com você [Dirigindo-se a Gevaerd] e não pude autorizar a publicação de nada sobre o que falamos em sua revista. Mesmo assim você o fez, por achar que o assunto não poderia ficar escondido. Eu estava na ativa e não podia dar nenhuma declaração formal. O que saiu publicado foi sem permissão, o que nos causou um pouco de complicação na época. Mas precisava ser dito. Alguns anos depois, eu já estava na reserva e a coisa tinha mudado. Já podia fazer declarações sem problemas. E por saber de sua seriedade, da Revista Ufo e de seus demais membros, hoje sinto mais tranqüilidade para falar sem correr o risco disso virar sensacionalismo. Não creio que esta revista vá dar tal conotação a essa matéria apenas para aumentar suas vendas.
Ufo — Obrigado pela confiança, coronel. Mas como é que tudo começou? Qual foi o estopim inicial de seu interesse por Ufologia? Foi anterior à Operação Prato?
Hollanda — Em 1952 eu tinha 12 anos e estava na janela de minha casa, em Belém (PA), quando apareceram uns objetos muito grandes que me chamaram a atenção. Havia uma luz imensa sobre a cidade. No dia seguinte a história estava publicada no jornal. A matéria dizia que aquilo tinha parado sobre uma federação de escoteiros, durante um campeonato de natação, e todo mundo viu. Foi aí que surgiu meu interesse por essas coisas, bem antes de ser militar e muito antes da Operação Prato. Sempre acreditei em vida extraterrena e na possibilidade de “eles” terem a curiosidade de nos observar. Somos um planeta com vida inteligente que deve suscitar interesse de extraterrenos.
Continua
Nenhum comentário:
Postar um comentário