quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Um Mergulho na Pesquisa Ufológica -II

Planeta - A partir de 1980, você começou a estudar o fenômeno da abdução e, como psicoterapeuta, passou a atender pessoas que teriam sido seqüestradas por alienígenas. Trace um perfil dos abduzidos. O que eles têm de especial?
Gilda - Primeiro, é importante definir abdução e contato. Abdução representa um padrão definido de acontecimentos. A pessoa seria levada, sem conhecimento ou autorização, por “seres alienígenas” e dentro de um local, visto como uma nave espacial, ela seria submetida a exames físicos e psicológicos.

Esse seqüestro, geralmente, se dá através de uma luz que suga a pessoa, e isso é sentido fisicamente. Há uma indução de amnésia e a pessoa tem pouca memória do que lhe ocorreu. Essas memórias são recuperadas em estado hipnótico.
A partir desse fato, consciente ou inconscientemente, a pessoa desenvolve uma série de sintomas posteriores, que atualmente estão classificados como uma síndrome pós-abdução. Muitas dessas seqüelas e efeitos são similares às respostas a acontecimentos traumáticos, mas a resolução desses problemas envolve procedimentos diferentes. Até porque, na maioria dos casos, a abdução ou seqüestro não ocorre uma só vez.

É consenso, entre os principais pesquisadores, que a abdução, em geral, começa na infância. Nas minhas pesquisas, muitas vezes encontrei o trauma na infância e, só após resgatá-lo, a pessoa se libera dos pânicos e fobias. No contato de terceiro grau, a pessoa se encontra com uma nave e seres, vivendo a experiência conscientemente.

Muitas vezes ocorre o chamado contato de quinto grau (contato apenas mental). Esse tipo de experiência é vivida como agradável, mas também dá muito mais margem de se mesclar conteúdos e desejos da própria pessoa. Os abduzidos já passaram por diversos estudos de personalidade feitos por pesquisadores de universidades americanas e canadenses.

O primeiro teste de personalidade foi o Parnell
(1986), da Universidade de Wyoming. Ele usou 225
pessoas que relatavam experiências com UFOs. Os resultados principais foram: são muito auto-suficientes, preferem suas próprias opiniões, apresentam inteligência acima da média e uma atitude reservada e de autodefesa.

Não foram encontrados desvios patológicos. O mais recente estudo foi executado por P.E.E.R. (Program for Extraordinary Experience Research), filiado à Universidade de Harvard. Também não foram encontrados desvios patológicos diferentes da maioria da população.

Nos meus estudos clínicos e eletroencefalográficos, o que encontramos de especial é a grande expansão da consciência e criatividade em relação à média das pessoas e uma facilidade de entrar em transe auto-induzido, estado modificado de consciência similar ao êxtase.

Planeta - A área ufológica é rica em casos de mistificação, consciente ou inconsciente. Como distinguir, com segurança, fantasia de realidade?
Gilda -
Não somente a área ufológica é rica em mistificações conscientes e inconscientes; todas as áreas são sujeitas a algum tipo de fantasia – faz parte da mente humana. O ser humano criativo facilmente acredita nos seus próprios sonhos e os mescla à sua realidade cotidiana.

Mas é também o sonho que move e motiva o mundo. As grandes descobertas sempre partiram de um grande sonho. Além disso, no atual estágio de estudos nessa área, é muito difícil separar o que acessamos em diferentes níveis de consciência.
Não somos mais um ser único, mas um ser pluridimensional com alcance cada vez maior em direção a outros níveis de realidade. Somos interligados com todos da nossa espécie e com o universo. No caso específico da ufologia, os estudos sérios conseguem separar o que é crença do indivíduo dos aspectos projetados ou vivenciados por ele.
De qualquer forma, continua sempre uma grande dúvida: o que pertence somente à fantasia da pessoa ou o que foi projetado nela por inteligência terrestre ou “extraterrestre”?

Planeta -Em uma determinada passagem do seu livro, fica claro que você teria recebido de extraterrestres um chip cerebral. Como isso ocorreu? Você chegou a ser abduzida?
Gilda -
Não me considero uma abduzida por que não tenho memórias típicas de abdução. O que se passou comigo, que está descrito no livro, foram experiências muito fortes e marcantes, e eu apenas relato as minhas observações subjetivas desses fatos.

No início, descrevo os sustos e medos de principiante e, finalmente, as conclusões, hipóteses e análises da pesquisadora atual. Se possuo um chip cerebral não tenho consciência; apenas sinto ter sintonia mental com a grande maioria dos que vivenciaram o fenômeno.

Planeta - Ao que parece, você acredita que teria sido escolhida por extraterrestres para “ajudar na transformação da consciência das pessoas”. Qual o motivo de ter recebido tal missão?
Gilda -
Eu acredito que o meu trabalho está centrado na ajuda da transformação de consciência das pessoas, incluindo a minha própria. Esse trabalho se iniciou a partir do grande impacto que sofri no encontro especial. Poderíamos chamar de vocação ou missão, mas não tem nenhuma conotação messiânica.

Messianismo é um desvio que leva ao fanatismo. Além disso, não digo em parte alguma do meu livro que fui escolhida por extraterrestres. Sei que um fenômeno muito importante está se passando no planeta e tem conotações “extraterrestres”, mas na verdade ainda não sabemos o que está por trás disso.

Estamos começando a engatinhar no assunto. Na minha opinião, o fenômeno tem mais uma origem extra ao nosso universo do que apenas extraterrestre.

Continua

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