quinta-feira, 29 de março de 2007

Composição química dos enxames abertos conta a evolução da nossa Galáxia.

Enxame aberto Collinder 261. Crédito: Digitized Sky Survey.

A formação e evolução das galáxias, em particular da Via Láctea.



Via Láctea - é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol , é ainda uma área que requer grande estudo, sendo imprescindível juntar esforços no que diz respeito a observações, teorias e simulações computacionais. Uma das formas de abordar a evolução da nossa Galáxia é estudando a composição química das
estrelas .



Estrela - é um objeto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reações de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objeto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efetivas, cores, idades e composição química da Via Láctea. Este foi o método usado pela equipa liderada por G. da Silva (
ESO).



European Southern Observatory (ESO).
O Observatório Europeu do Sul é uma organização europeia de Astronomia para o estudo do céu austral fundada em 1962. Conta atualmente com a participação de 10 países europeus e ainda do Chile. Portugal tornou-se membro do ESO em 1 de Janeiro de 2001, no seguimento de um acordo de cooperação que durou cerca de 10 anos, que estudou detalhadamente três enxames abertos. Os enxames abertos contêm entre umas dezenas a poucos milhares de estrelas que estão gravitacionalmente ligadas. Supõe-se que todas as estrelas dum enxame nasceram da mesma
nuvem molecular.



Nuvem molecular - As nuvens moleculares são nebulosas constituídas predominantemente por hidrogênio molecular , logo, com uma composição química semelhante, e na mesma altura, ou seja, a idade das estrelas é aproximadamente a idade do enxame. Uma das vantagens em estudar enxames abertos é ser possível determinar, com razoável precisão, a sua distância e idade - parâmetros geralmente muito difíceis de estimar para as estrelas da nossa galáxia.

Conhecem-se enxames de estrelas de todas as idades, desde os mais jovens, com apenas alguns milhões de anos, até os mais velhos, com 10 mil milhões de anos. A equipa analisou estrelas de três enxames abertos e concluiu que cada enxame apresenta um elevado grau de homogeneidade na composição química das suas estrelas e uma assinatura química muito forte. Este é um forte indício que a informação química sobreviveu milhares de milhões de anos e os astrônomos podem associar as estrelas de cada enxame à mesma nuvem.


Um dos enxames abertos estudados foi Collinder 261, a 25 000 anos-luz.
Ano-luz (al) - é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano do centro da nossa Galáxia, que é um dos enxames mais velhos que se conhece. Este enxame foi observado utilizando o espectrógrafo UVES num dos telescópios de 8,2 m do
VLT



Very Large Telescope (VLT) - é um observatório operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) e localizado no Cerro Paranal, no deserto de Atacama, no Chile. O VLT é composto por 4 telescópios de 8,2 m de diâmetro que podem trabalhar simultaneamente, constituindo um interferómetro óptico, ou independentemente. (ESO), no Observatório do Paranal (Chile). A comparação da composição química das suas estrelas com as estrelas dos outros dois enxames, mais jovens, mostrou que os mesmos
elementos químicos.



Elemento químico - Elemento composto por um único tipo de átomos. Os elementos químicos constituem a Tabela Periódica estão presentes em proporções diferentes. As nuvens a partir das quais se formaram os enxames tinham composições químicas diferentes, referentes a diferentes períodos na evolução da Galáxia. Este estudo mostrou que a observação de
estrelas gigantes.

Estrela gigante - é uma estrela que terminou o processo de fusão de hidrogênio no seu núcleo e, por isso, arrefeceu e expandiu-se. As estrelas gigantes são o estado evoluído das estrelas anãs. Terminada a fusão de hidrogênio em hélio no núcleo, pode ocorrer um dos seguintes processos, ou os dois: a fusão de hidrogênio em hélio numa camada à volta do núcleo, ou a fusão de hélio em carbono e oxigênio no núcleo.



As estrelas gigantes são muito luminosas: num diagrama Hertzsprung-Russell, o ramo das estrelas gigantes é mais luminoso do que a seqüência principal. Exemplo de estrelas gigantes próximas de nós: Aldebarã, Arturus e Capela em enxames abertos permite determinar a composição química do enxame. Para obter resultados sobre a evolução da nossa Galáxia, será necessário alargar a amostra de enxames estudados.



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