sexta-feira, 30 de março de 2007

Estudo contesta ligação entre fim de dinossauros e evolução de mamíferos

Folha Online

A extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos não produziu um "surto" de surgimento de novas espécies ancestrais dos modernos mamíferos, afirma um estudo que será publicado na "Nature" desta quinta-feira.

A visão aceita até agora é a de que depois do desaparecimento dos dinossauros, os mamíferos de repente se viram livres para explorar novas fontes de alimentos e habitats, o que teria resultado em uma "explosão" de novas espécies.
Os cientistas envolvidos no estudo construíram uma grande árvore genealógica evolucionária dos mamíferos, com 4.150 espécies. Porém, não encontraram sinais de que tal profusão de novas espécies que deram origem ao mamíferos de hoje tenha ocorrido na época.

Algumas espécies chegaram a passar por um desenvolvimento rápido após a extinção dos dinossauros, mas elas acabaram desaparecendo, sem deixar descendentes. Em contraste, nenhuma "explosão" foi encontrada entre os ancestrais dos mamíferos atuais, como roedores, gatos, cavalos, elefantes e homens.

"Fiquei abismado",disse Ross MacPhee, co-autor do estudo e curador de zoologia de vertebrados do Museu Americano de História Natural, em Nova York.

Segundo a pesquisa, houve dois momentos em que aconteceram uma profusão de novas espécies entre os ancestrais dos mamíferos de hoje: entre 100 milhões e 85 milhões de anos atrás e entre 55 milhões e 35 milhões de anos atrás.
O momento do primeiro período de desenvolvimento evolucionário está de acordo, em geral, com as conclusões de estudos anteriores, feitos com o DNA de mamíferos, que apontam para a origem de algumas linhagens muito antes do que indicam registros fósseis. O segundo surto aparece registrado em fósseis, afirmou MacPhee.

Novos desafios.

O estudo desafia os paleontólogos a encontrarem novos fósseis que possam trazer luz à história dos mamíferos, disse Greg Wilson, curador de paleontologia de vertebrados do Museu Natural e de Ciência de Denver. William J. Murphy, da Universidade A&M do Texas, que trabalha em projeto similar, disse que nenhuma análise anterior incluiu tantas espécies de mamíferos.
No entanto, Murphy afirmou que a proposta do estudo de definir datas foi relativamente crua. Algumas datas que foram produzidas para algumas linhagens não estão de acordo com as que foram obtidas por outros métodos mais atualizados, analisou. "Não tenho certeza se a conclusão está bem fundamentada", disse.

John Gittleman, co-autor do estudo e diretor do Instituto de Ecologia da Universidade da Geórgia, disse que as conclusões gerais não foram significativamente afetadas pelas datas escolhidas.

Os pesquisadores deveriam agora estudar o surgimento de plantas e o esfriamento do clima para explicar por que os ancestrais dos mamíferos modernos se desenvolveram antes da extinção dos dinossauros, disse Gittleman. O motivo do segundo surto também é um mistério, afirmou.

Árvore genealógica.

A árvore genealógica do estudo contém 4.510 espécies, mais de 99% de uma lista publicada em 1993. Desde então, 300 espécies foram incluídas na lista, mas os pesquisadores afirmam que isso não afeta as conclusões da pesquisa.


Para construí-la, levou-se em conta trabalhos publicados anteriormente que se baseavam em análises de DNA, fósseis, anatomia e outras informações. Blair Hedges, biólogo da Universidade Estadual da Pensilvânia, disse que o fim dos dinossauros pode ter influenciado a evolução dos mamíferos em características como tamanho. Tais mudanças, porém, não foram avaliadas pelo novo estudo, afirmou. Com Associated Press.

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u16188.shtml

A origem cósmica do carnaval

Astrônomo brasileiro reconta origens da festa em artigo exclusivo para o G1. "Foliões não sabem que estarão fazendo apelo a uma reminiscência de origem solar."
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão


A vida humana está associada a fenômenos astronômicos e a ciclos naturais, tais como o ano e o dia que permitiram a elaboração dos calendários civis e religiosos, onde as grandes festas universais, como a Páscoa, o Natal etc., constituem lembranças astronômicas de grande importância histórica e econômica para a época em que foram instituídas.


Muitas dessas tradições de origem pagã foram absorvidas pelas religiões atuais do mundo ocidental. A grande maioria dos foliões do nosso carnaval, ao se divertir, não sabe que estará inconscientemente fazendo apelo a uma reminiscência astronômica de origem solar.

De fato, na Antigüidade a importância dos astros era enorme na vida econômica e social. Como não possuíssem um calendário preciso que lhes permitissem prever com segurança a ocorrência do início das estações e, portanto, a época da semeadura e colheita -- eram os povos primitivos, em especial os camponeses, obrigados a observar o céu. Em função de determinadas estrelas muito brilhantes, sabiam com antecedência quando iria ocorrer a chegada da primavera, do verão, do outono e do inverno.

Por outro lado, a observação astronômica, além de ser motivada pela sua principal atividade econômica -- a agricultura --, era estimulada também pela ausência de luz nas grandes metrópoles da época, o que facilitava muito a observação dos astros. Com efeito, a feérica iluminação das grandes cidades modernas tem afastado o antigo hábito de observação do céu. Assim, ofuscados pelas luzes, não vemos os astros, que regem a nossa vida social em virtude de toda uma série de tradições de origem astronômica que foram estabelecidas pelas civilizações que nos antecederam.

Desde as mais recuadas eras, os diferentes povos estabeleceram algumas festas de grande alegria. Assim, encontram-se entre os egípcios as festas de Ísis – deusa antropomórfica da magia e da ressurreição, e do Touro Ápis – deus da fecundidade e do renascimento, representado por um touro branco com um disco solar entre os chifres ; as dionisíacas – danças e festas em homenagem ao deus Dionísio ; festa em honra de Baco, deus do vinho, entre os romanos; entre os gregos; as lupercais – festas ao Luperco ou Pã, deus protetor dos pastores e dos rebanhos comemorado em 15 de fevereiro, na Roma Antiga; e as saturnais – festas a Saturno, deus da agricultura, celebrado entre os dias 17 e 19 de dezembro, quando se comemorava a semeadura da safra, entre os romanos.


Todas envolviam festins, danças e disfarces. Embora seja muito difícil caracterizar a origem verdadeira do Carnaval, parece que os nossos atuais festejos estão intimamente associados às duas últimas festas romanas.

Logo após o início do Ano Novo, os romanos, nas calendas de janeiro, comemoravam as saturnais, festas instituídas por Janus em memória do deus Saturno que, segundo a lenda, teria transmitido a arte da agricultura aos italianos. Durante as saturnais, as distinções sociais não eram levadas em consideração. Os escravos ocupavam os lugares dos seus patrões, que os serviam à mesa. Nesse período não funcionavam os tribunais e as escolas.


Os julgamentos eram suspensos e os condenados não podiam ser executados. Interrompiam-se toda e qualquer hostilidade. Os escravos percorriam as ruas cantando e se divertindo na maior desordem. As casas eram lavadas e purificadas. As pessoas de um certo nível social preferiam se retirar para o campo, durante as saturnais, o que permitia ao povo celebrar com maior alegria esse período de liberdade.


Numa seqüência lógica aos excessos libertários, os romanos procediam à sua purificação pelas comemorações das lupercais, festas celebradas em 15 de fevereiro, em homenagem ao deus Pã, matador da loba que aleitara os irmãos Rômulo e Remo, fundadores de Roma segundo a lenda.


Nesses festejos celebrava-se o princípio da fecundidade. Durante as comemorações das lupercais, untados em sangue de cabra e lavados com leite, os lupercos nus, com uma pele de um bode sobre os ombros, saíam pelas ruas batendo nos pedestres com uma correia de couro.


As mulheres grávidas saíam às ruas e se ofereciam aos golpes das correias na esperança de escaparem às dores do parto. Por outro lado, as mulheres com desejo de possuírem um filho também procuravam ser atingidas pelas correias dos lupercos na esperança de virem a engravidar.

Como todos esses festejos, que consistiam essencialmente em mascaradas, disfarces e danças, já estivessem de tal modo implantados nos costumes quando do aparecimento do cristianismo, a Igreja só teve uma saída: adotou-os e, ao mesmo tempo, procurou santificá-los.

De fato, o Carnaval parece ter tido origem nessas antiquíssimas comemorações pagãs, em geral de grande alegria e liberalidade, que eram celebradas durante a passagem do ano e com o objetivo de anunciar a próxima chegada da primavera. Com efeito, o atual carnaval era o tempo de regozijo, que ia desde a Epifania (6 de janeiro). até a quarta-feira de Cinzas.


Com o tempo, essa festa acabou limitada aos últimos dias que antecediam o início da Quaresma, período de 40 dias que vai da quarta-feira de Cinzas até o domingo de Páscoa, e durante os quais os católicos e ortodoxos fazem sua penitência.
O período carnavalesco variou e ainda varia segundo as tradições de cada país. Assim, parece que ele se iniciava primitivamente na Idade Média em 25 de dezembro, incluindo a festa de Natal, o dia do Ano Novo e a Epifania. Mais tarde, passou a ser comemorado desde o dia de Reis até um dia antes das Cinzas.


Em alguns lugares da Espanha, sua comemoração inclui também a quarta-feira de Cinzas. Em alguns países só se comemora na terça-feira, ao passo que no Brasil é festejado no sábado, domingo, segunda e terça-feira.

Esses festejos de janeiro e fevereiro, ligados às antigas festas pagãs de abertura do ano, estão associados, como já demonstraram os peritos em folclore cristão. Não eram simples rituais desprovidos de significações mais profundas, como se podia supor inicialmente.


Na realidade essas festas populares cíclicas dos países cristãos, que serviam para abrir o ano e anunciar a vinda da primavera, estão todas elas intimamente associadas ao fenômeno astronômico do solstício de inverno no hemisfério Norte, de onde surgiram todas essas práticas.

As igrejas católica e ortodoxa herdaram tais festas ou rituais do mundo greco-romano, que, por seu lado, as teria recebido do Oriente. Assim, na realidade, todos os festejos cíclicos, tais como o próprio carnaval, estariam associados aos antigos rituais pagãos referentes às mudanças de estação, quando então se adoravam os deuses naturais da fecundidade, do crescimento, da colheita e da abundância, praticando-se penitências ou até mesmo o sacrifício de seres vivos.



Essas festas continuaram tradicionalmente a ser respeitadas mesmo nas regiões que não apresentam as mesmas mudanças meteorológicas. Assim, as festas do carnaval comemoradas durante o inverno no hemisfério Norte são celebradas, no hemisfério Sul, em pleno verão.

Micareta, o carnaval alternativo


Nos primeiros decênios do século XX, o jornalista Francisco Guimarães – o conhecido Vagalume , percebendo que o sábado de Aleluia se distanciava muito do período carnavalesco, introduziu no Rio de Janeiro a Mi-Carême (Meia Quaresma), importada da França. Essa festa parisiense foi comemorada no Rio, nos anos de 1920 até 1922, anualmente.
O vocábulo Mi-Carême foi abrasileirado em Micareta ou Micarema, cuja comemoração é muito comum nas cidades do nordeste, principalmente em Feira de Santana. De fato, nessa cidade baiana, comemora-se a Micareta, anualmente, na quinta-feira da terceira semana da Quaresma.


Ao contrário, do que ocorreu no Rio, a festa carnavalesca realiza-se 15 dias após a Páscoa. Ela surgiu, em Feira de Santana, em 1937, quando choveu muito durante o período do Carnaval e foi decidido que a festa de Momo fosse transferida para o mês de maio daquele mesmo ano. Em virtude do grande sucesso é habito até hoje, em Feira de Santana, comemorar um segundo carnaval também após a Páscoa.

Conclusão
Finalmente, convém lembrar este texto pouco conhecido de Albert Einstein: “Os homens não vivem só de pão. É possível que as pessoas não versadas nas ciências atinjam uma parcela da beleza e virtudes inerentes ao pensamento, com a condição de que este pensamento lhes seja tornado assimilável. Não devemos exigir que a ciência nos revele a verdade. Num sentido corrente, a verdade é uma concepção muito vasta e indefinida.


Devemos compreender que só podemos visar à descoberta de realidades relativas. Além disso, no pensamento cientifico existe sempre um elemento poético. A compreensão de uma ciência, assim como apreciar uma boa música, requer em certa medida processos mentais idênticos.


A vulgarização da ciência é de grande importância, se proceder duma boa fonte. Ao procurar-se simplificar as coisas não se deve deformá-las. A vulgarização tem de ser fiel ao pensamento inicial".

A leitura desse pensamento seria suficiente para eliminar um pouco a incompreensão da importância da divulgação científica, mas Einstein continua:

“A ciência não pode, é evidente, significar o mesmo para toda a gente. Para nos, a ciência é em si mesma um fim, pois os homens de ciência são espíritos inquisidores. Mas não devemos esperar que todos comunguem das nossas concepções, e assim os profanos em matéria de ciência devem constituir objeto de uma especial consideração. A sociedade torna possível o trabalho dos sábios, alimenta-os. Tem o direito, portanto, de lhes pedir por seu lado uma alimentação digestiva".


Assim como Einstein acreditou que a sociedade pede aos que guardam segredos a sete chaves, sejam científicos ou de natureza política, que liberem-na de uma forma algo bem digestível.

Fonte:
http://www.ronaldomourao.com/jornal/NewsClip/DefaultNewsShow.asp

Ruínas peruanas são observatório solar de 2.300 anos

Uma civilização peruana, anterior aos Incas, construiu há 2.300 anos o mais antigo observatório solar das Américas, indicou um novo estudo dos arqueólogos Ivan Ghezzi, da Pontifícia Universidade Católica de Lima, e Clive Ruggles da Universidade de Leicester, na Inglaterra.

A espetacular estrutura, feita de 13 torres perto de uma montanha na região desértica de Chankillo, era usada como espécie de calendário solar, segundo os especialistas. Eles acreditam que as torres, que há muito tempo intrigavam cientistas do mundo todo, marcavam os movimentos de nascimento e poente do Sol.


Artefatos de cerimônias foram encontrados perto de estruturas ao leste e oeste dessas torres, que podem ter sido locais de Registros de adoração do Sol pelos Incas datam do século 16. Mas estima-se que os primeiros estados complexos no norte do Peru tenham surgido com a civilização Moche, por volta do ano 400.

Observação.
Registros de adoração do Sol pelos Incas datam do século 16. Mas estima-se que os primeiros estados complexos no norte do Peru tenham surgido com a civilização Moche, por volta do ano 400.


No entanto, segundo um estudo publicado esta semana na revista norte-americana Science, as estruturas de Chankillo tiveram sua idade datada entre 200 e 300 a.C. Isso significa que as construções foram feitas cerca de 600 anos antes dos Moches existirem.


As torres são parte de um complexo de construções e praças de quatro quilômetros quadrados, cercado por paredes de árvores. Anteriormente foi sugerido que a estrutura fosse um forte, um templo, ou mesmo uma construção para batalhas cerimoniais.

Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Galileu/0,6993,ECT1475376-1717,00.html

Dois terços das grandes cidades estão em áreas costeiras de risco, diz estudo

Folha Online.

Um estudo científico publicado no jornal "Environment and Urbanization" identifica pela primeira vez as áreas costeiras baixas e vulneráveis à elevação do nível do mar provocada pelo aquecimento global. No total, 634 milhões de pessoas moram nas zonas de risco --regiões com menos de 10 metros de altitude-- e esse número está crescendo, diz o estudo, divulgado nesta quarta-feira.

Dos mais de 180 países com população vivendo em regiões costeiras de baixa altitude, cerca de 70% possuem áreas urbanas com mais de 5 milhões de pessoas, incluindo Tokyo, Nova York, Mumbai (Índia), Xangai (China), Jacarta (Indonésia) e Dacca (Bangladesh).

A Ásia é particularmente vulnerável, e em geral as nações mais pobres correm maior perigo. O estudo não diz exatamente o que deve ser feito para evitar tragédias. O que tiver de ser feito, porém, não custará pouco e poderá envolver a retirada de muitas pessoas e a construção de estruturas de proteção. Além disso, acrescenta o estudo, os países deveriam considerar parar ou diminuir o crescimento populacional nas áreas de risco.
"A migração para longe da zona de risco será necessária, porém custosa e difícil de implementar, então os assentamentos costeiros também precisarão ser modificados para proteger os moradores", disse o co-autor do estudo, Gordon McGranahan, do Instituto Internacional para o Ambiente e o Desenvolvimento, em Londres.
Enchentes
Em fevereiro, o IPCC (Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas) alertou que o nível do mar subirá entre 18 e 59 centímetros até o final deste século, tornando as populações costeiras mais vulneráveis a enchentes e a tempestades mais fortes.

O novo estudo afirma que cerca de 75% das pessoas que vivem em áreas costeiras de risco estão na Ásia, e que nações como Bangladesh e pequenos Estados insulares como as Maldivas deveriam receber ajuda para lidar com o problema. Entre 1994 e 2004, cerca de um terço dos 1.562 desastres com enchentes ocorreram na Ásia. Metade das 120 mil pessoas que morreram nesse tipo de tragédia viviam na região. As áreas ameaçadas hoje abrigam cerca de 2% da terra mundial e 10% da população.

Ações para responder ao perigo, porém, não serão muito fáceis. "Mudanças relativamente pequenas na localização de assentamentos, de uma planície costeira para áreas mais elevadas, podem fazer uma grande diferença", afirma o estudo. Isso é especialmente verdadeiro na China, um país com uma economia orientada para a exportação, que criou áreas econômicas especiais em regiões costeiras.

Ranking
O estudo fez um ranking da vulnerabilidade dos países de diferentes maneiras. Os cinco países com mais pessoas vivendo em áreas de risco são China, Índia, Bangladesh, Vietnã e Indonésia. As cinco nações com a maior proporção de terras em zonas de risco são Bahamas, Holanda, Bangladesh, Polinésia Francesa e Gâmbia.


Na semana que vem, o IPCC deve alertar o mundo de que regiões costeiras já sofrem o impacto da elevação do nível do mar e do aquecimento global, e que a situação deve piorar. Por volta de 2080, cerca de 100 milhões de pessoas poderão sofrer com enchentes a cada ano devido à elevação do nível do mar.

Portugal inaugura maior planta de energia solar do mundo

Folha Oline

A maior planta de energia solar do mundo foi inaugurada nesta quarta-feira em Portugal. A planta, que custou US$ 78,5 milhões e tem capacidade para produzir 11 megawatts de energia, é um projeto conjunto das empresas americanas GE Energy Financial Services e PowerLight Corporation e da companhia de energia renovável portuguesa Catavento.

Os painéis para captar a energia solar espalham-se por uma área de 60 hectares em Serpa, 200 km a sudeste de Lisboa, em uma das regiões mais ensolaradas da Europa, com 3.300 horas de luz solar por ano. A nova planta deve produzir energia suficiente para 8.000 casas e também deve prevenir a emissão de 30 mil toneladas de gases de efeito estufa por ano, quando comparada a combustíveis fósseis.

A planta, que começou a ser construída em junho de 2006, produzirá 20 gigawatts de energia por hora na fase inicial. "Esta é a planta de energia solar mais produtiva no mundo, e produzirá 40% mais energia do que a segunda maior, em Pocking, na Alemanha", disse Howard Wenger, da Powerlight.

Portugal depende quase totalmente de energia importada, mas está desenvolvendo projetos de energia solar, eólica e de ondas. O país planeja investir US$ 10,8 bilhões em projetos de energia renovável nos próximos cinco anos. Em janeiro, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, disse que o governo quer que 45% do consumo de energia do país venha de fontes renováveis em 2010.

Com Associated Press.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u16185.shtml

Brasil constrói "espião atômico" até 2010

EDUARDO GERAQUE.
Folha de S.Paulo.




A física brasileira está se armando para ajudar no controle do uso militar da energia nuclear. Nos próximos três anos, a 40 metros do reator da usina de Angra 2, o Brasil verá entrar em funcionamento o seu primeiro detector de neutrinos, partículas elementares que podem revelar, como se fossem uma impressão digital, o que se passa dentro de um reator atômico."
O equipamento será instalado a 10 metros de profundidade, em um laboratório subterrâneo", afirma à Folha João dos Anjos, pesquisador do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e um dos responsáveis pelo projeto.
A construção do novo detector, que será financiada pelo governo federal via Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), vai custar R$ 1 milhão. "Esse é um projeto que visa colaborar com a criação de salvaguardas nucleares", explica João dos Anjos.
Com o mundo cada vez mais preocupado com o uso militar da energia nuclear --e até com a utilização pacífica dessa energia--, ter mais um método de monitorar o que se passa nas mais de 400 usinas nucleares do mundo é essencial, segundo o pesquisador do CBPF. A vantagem desse tipo de detector é que ele pode, em tese, ser usado mesmo em países que fechem as portas de suas usinas aos inspetores da AIEA.

"No caso do Brasil, que assinou o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, essa é uma sinalização clara para a comunidade internacional". Além da questão política --e a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) está dando aval ao projeto brasileiro--, o vigia nuclear nacional tem muito a ver com o desenvolvimento científico. Afinal, a física dos neutrinos é ainda bastante nova e misteriosa.

"O detector é feito com um cintilador líquido. Os neutrinos que saem do reator nuclear, por serem pouco reativos, atravessam tudo. Eles chegam ao equipamento, interagem com os prótons que já estão lá e, depois de outras reações, geram pulsos luminosos", diz Dos Anjos. A energia dos espectros de luz, explica, é que será analisada.
Por meio desses espectros é possível saber então qual a mistura de elementos combustíveis (plutônio ou urânio) que está sendo "queimada" na fissão nuclear que ocorre ali, a algumas dezenas de metros.

"Isso é possível em teoria, por enquanto, porque podemos comparar os espectros já conhecidos, das misturas-padrão, com os que serão gerados. Além disso, esse detector permite medir a potência térmica real do reator e a taxa de neutrinos normalmente produzidos" (veja quadro acima).

No caso de Angra 2, cuja potência é de 1,4 gigawatts, a taxa de produção de neutrinos pode chegar a 1020 por segundo (o número 1 seguido de 20 zeros). Tanto pela mistura dos combustíveis quanto pelo monitoramento da potência, o uso de um reator nuclear para fins não-pacíficos, pelo menos em tese ainda, poderá ser flagrado.

Como a única coisa que interessa na construção da bomba é o plutônio, e ele se forma a partir da fissão nuclear, o roubo desse elemento de dentro da usina para o lugar onde se constrói a arma vai acabar aparecendo nos espectros obtidos no detector.

Haverá menos energia proveniente do plutônio nos dados científicos. A retirada das barras enriquecidas com plutônio, na maior parte das vezes, não pode ser feita sem o reator ser desligado. Essa queda de potência também ficará facilmente estampada nos espectros do "espião atômico".