sábado, 15 de setembro de 2007

O mistério da castátrofe de Tunguska

Os Fatos

Sim, na manhã de 30 de junho de 1908 realmente ocorreu na região da Tunguska Pedregosa uma catástrofe. Os registros sísmicos, as anomalias magnéticas, as fotos aéreas dos anos trinta, que mostravam toda a dimensão da destruição e não por último as 900 testemunhas oculares registradas, assim como milhões de testemunhas das estranhas aparições luminosas no mundo todo confirmam isso.

Mas até o momento ninguém pode citar a causa com certeza absoluta. Partindo do princípio de que um corpo cósmico originou o episódio, significaria que, se tivesse caído com
8 a 6
horas antes na terra, atingiria regiões habitadas como Sãoi Petersburgo, Helsinki, Estocolmo ou Oslo, todas situadas mais ou menos na mesma latitude, causando um número dificilmente estimável de vítimas.

Tivesse caído no Mar do Leste, um maremoto disso resultante teria causado grandes danos na Alemanha. Especialistas partem do princípio de que aproximadamente a cada cem anos um corpo celeste do tamanho estimado do objeto de Tunguska colide com a terra. Entre as órbitas de Marte e Júpiter situa-se o chamado Cinturão de Asteróides, formado por fragmentos de rocha irregulares com dimensões de poucos metros até 1000 km.

Presume-se que são restos de um planeta anteriormente existente, chamado de Phaeton, que foi destruído através da colisão com outro corpo celeste. O número total de asteróides é estimado como sendo de mais de 100.000, todos circundando o sol em suas trajetórias. Uma parte destes objetos (amoridas, apollonidas, etc.) aproxima-se do sol até uma Unidade Astronômica (UA) e assim se aproximam da terra.

Por isso são designados de Near Earth Objects (NEOs). Alguns destes asteróides representam um perigo real para a terra, porque as trajetórias de alguns deles cruzam a eclíptica. Especialmente quando estes pontos de interseção são de menos de UA, são registrados em um catálogo de perigo e chamados de Potentially Hazardous Asteroids (PHAs). Até agora puderam ser registrados
120
PHAs.

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O diretor de astronomia Dr. Lutz D. Schmadel do Instituto de Cálculos Astronômicos de Heidelberg publicou, em seu trabalho "Bombas do Universo, Matéria no Sistema Solar - uma Determinação de Conceitos", uma listagem dos riscos e das possibilidades de uma colisão de objetos com a terra.

1)A possibilidade estatística de colisões da terra com objetos de 10 a 30 metros de diâmetro é de 100 anos.
De acordo com esta estimativa temos aproximadamente a cada 100 anos uma colisão de corpos muito pequenos com entre 10 e 30 metros. Dependendo do material e da velocidade são liberadas energias de 3 a 100 MT. Estes acontecimentos resultam em crateras de 1 a 10 km de diâmetro semelhantes à cratera de Barrington no Arizona. Se impactos destes ocorrem em oceanos, são originadas ondas perigosas.

2) A possibilidade estatística de colisões da terra com objetos de 30 a 200 metros de diâmetro é de 10.000 anos.
Pelo menos uma vez a cada 10.000 anos ocorre uma colisão com pequenos corpos de até 200 metros, que podem liberar energias entre 1.000 e 100.000 MT. Com isso surgem formações de crateras e destruições de vários milhares de quilômetros quadrados., semelhantes à cratera do Nördlinger Ries e da Bacia de Steinheim. Quando os impactos ocorrem em oceanos, os cálculos em modelos evidenciam que as massas de água subiriam até uma altura de 3,5 km.

3) A possibilidade estatística de colisões da terra com objetos de 200 a 2000 metros de diâmetro é de 10.000 anos.
Catástrofes que podem destruir continentes inteiros e que representam um perigo para a nossa civilização são tornadas possíveis através de objetos médios com tamanhos entre 0,2 e 2 km. Schmadel alerta que estatisticamente todos 10.000 anos um objeto com 0,5 km pode atingir a terra e que a nossa chance de sermos vítimas de uma catástrofe destas já no 21º século é de 1:1000. Aproximadamente um quarto da humanidade seria destruído e nossa ordem econômica e distribuição de poder globais sofreriam um colapso.

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4) A possibilidade estatística de colisões da terra com objetos de 2 km a 10 km de diâmetro é de 1 a 500 milhões de anos.
Colisões deste tipo encerram eras geológicas inteiras. São comparáveis com os acontecimentos entre Permiana e Triássico, quando mais de 90% de todas as formas de vida repentinamente se extinguiram, ou o limite entre Cretáceo e Terciário, quando iniciou o fim dos dinossauros, amonitas e outras formas de vida.

Massas continentais inteiras seriam lançadas no espaço, para depois chover de volta, parcialmente. Mares iriam vaporizar. A liberação de energia seria de até
100
milhões de MT. Depois das destruições imediatas surgiria uma época tectônica com vulcanismo e terremotos em maior número.

O escurecimento da atmosfera que se seguiria introduziria um inverno global. Nuvens de poeiras venenosas e nuvens ácidas iriam se descarregar. A camada de ozônia estaria destruída, de tal maneira que a radiação cósmica atingiria a terra diretamente, causando mutações genéticas profundas nas formas de vida restantes. A evolução das espécies sofreria um novo revés forte. Para a civilização humana isto seria o apocalipse.

5) Catástrofes endógenas e antropogênicas também fazem parte da realidade.
Só porque não se fala sobre experiências militares não significa que estas não acontecem. Só porque aparições endógenas como geometeoros, luzes de terremotos e raios esfera não são pesquisados, não significa que não existem. Na Conferência Internacional relativa ao 90º aniversário do episódio de Tunguska, realizado em Krasjonarsk em 1998 foram apresentados por diversos pesquisadores como Olchowatow, Zherebchenko, Kazankova, Kochemasov, Koleman, diversas abordagens interessantes para as causas de explosões endógenas, seja na forma de explosões de metano ou descargas eletromagnéticas.

Mesmo que só exista a suspeita de que explosões destas podem gerar catástrofes do grau do episódio de Tunguska, as causas destas devem ser pesquisadas para que se esteja preparado para eventuais catástrofes deste tipo e para saber onde isso pode ocorrer. Fenômenos como as lendas sobre o triângulo das Bermudas poderiam então ser vistas de outro ângulo.

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O que resta a fazer?

Seja uma ameaça do espaço ou uma ameaça de natureza endógena, a causa da catástrofe de Tunguska tem uma qualidade que pode apagar da terra culturas inteiras. Não pode ser aceito que a causa do episódio ainda não tenha sido determinada. Como podem ser tomadas precauções adequadas contra acontecimentos deste tipo se nem se sabe como a catástrofe se anuncia e o que a gera?

Uma importância fundamental possui portanto, como sempre, a pesquisa sobre as causas do episódio de Tunguska. Para isso o problema precisa ser trabalhado a nível interdisciplinar a internacional. Entre as tarefas principais estão certamente os seguintes pontos:

- Mais análises das anomalias isotópicas e geoquímicas no epicentro . Isso significa coleta de amostras de diferentes camadas de solo e de turfa, assim como de restos de plantas (resina de árvores) e fundo de lago. Depois análise destas em laboratórios adequados (análise espectral ICP). Os conhecimentos assim adquiridos são de importância decisiva para a resposta sobre a origem do objeto.

- Mais investigações dos aerossóis silicatados. Esta pergunta dá retorno sobre a possível natureza de asteróide ou de cometa do objeto.

- Investigações a respeito do desenrolar dos efeitos geomagnéticos registrados. Mesmo que esta tarefa parece praticamente insolúvel devido à complexidade do terreno, é de fundamental importância para a resposta à pergunta sobre causas endógenas.

É de se modelar um quadro geomagnético natural da região de Tunguska, no qual são colocados os valores realmente medidos. As medições devem se estender sobre períodos maiores, para envolver possíveis intervalos de valores das perturbações. Medições comparativas em outros locais.

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- Investigações para as anomalias luminosas verificadas. Como é que eventuais aerossóis puderam se espraiar com tal velocidade que foram visualizados em Berlim já na mesma noite da catástrofe ? Possivelmente não existe nenhuma possibilidade natural para uma potencial poeira atmosférica, de se espraiar em tal velocidade. Neste caso seriam mais possíveis causas eletromagnéticas para as aparições luminosas.

- Monitoramento das modificações genéticas para uma avaliação dos riscos genéticos em catástrofes deste tipo e para a pesquisa de base sobre surgimento e preservação do diversidade genética.

-Desenvolvimento de modelos e simulações de computador para a mecânica da explosão de Tunguska.

- Procura por fragmentos, crateras e outros rastros também fora da região clássica de Tunguska através de GIS e pesquisa de campo.

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A Resolução do Conselho Europeu para o problema dos NEOs

A importância que também a política oficial da Europa dá ao problema dos NEOs neste meio tempo pode ser vista através da, Resolution 1080(1996) on the detection of asteroids and comets potentially dangerous to humankind", que foi aceita em 20 de março de 1996 pelo Conselho Europeu (www.stars.coe.fr) em Strassburg.

No parágrafo
2 a catástrofe de Tunguska de 1908 é explicitamente citada, e no parágrafo 3 o texto citas " Este tipo de impactos representam por isso uma ameaça significativa para a nossa civilização".Em conseqüência são incentivados, pelo parágrafo 5 e 6,
tanto os estados- membro como a Agência Espacial Européia, a contribuir na efetivação de uma iniciativa internacional Space Guard, para montar um sistema de alerta para a defesa contra NEOs.

As seguintes tarefas teriam que ser solucionadas primordialmente pela organização e pelos estados - membro:
- Cartografação de todos os NEOs maiores do que 500 m, cálculo e simulação de suas trajetórias de vôo.
- Pesquisa de base em relação a fenômenos e desenrolar de impactos (entenda-se pesquisa de base em relação a Tunguska, etc..)
- Garantia da coordenação e da comparação e troca dos dados entre o hemisfério Sul e o hemisfério Norte.
- Desenvolvimento de satélites específicos de baixo custo para a cartografação de NEOs menores e daqueles que não podem ser vistos da terra pelo ofuscamento pelo sol.
-Desenvolvimento de uma estratégia global para rechaçar NEOs .

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A Spacequard Foundation

A Spaceguard Foundation é uma união de sociedades a associações de ação internacional que tem por objetivo a confecção de um cadastro do cinturão de asteróides, assim como cartografar todos os outros NEOs (Programa O.D.A.S) Com esta base deverão ser realizadas simulações para detectar aqueles NEOs que representam realmente um perigo para a terra.

Estes deverão então, com métodos que ainda deverão ser desenvolvidos, ser desviados ou destruídos. Além disso são tomadas providências para o aproveitamento de asteróides (minérios).Na Alemanha a Spaceguard Foundation é registrada como associação em Berlim.

A Fundação mantém contatos freqüentes com o Centro Alemão para Tráfego Aéreo e Espacial (DLR). Nos estatutos a Fundação se compromete "à pesquisa do espaço próximo à terra para o descobrimento, observação e medição de asteróides e cometas próximos à terra (NEOs)" . NEOs são um perigo potencial para os organismos do nosso planeta e teriam uma função importante para o futuro aproveitando do espaço vizinho à terra.

Como atividades da fundação são citados:
* Pesquisa e descobrimento de NEOs e avaliação do risco que estes oferecem;
* Apoio entre pesquisa e opinião pública;
* Incentivo a projetos de pesquisa;
* Organização de programas globais de procura de NEOs;
* Acionamento de telescópios exclusivos para a cartografação de NEOs.
* Outros links:
Posto de observação de NEOs da NASA: http://neo.jpl.nasa.gov/

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A dimensão política

Uma dimensão política para a problemática não pode ser negada. Com a presidência dos Estados Unidos nas mãos de George W. Bush, a potência mundial nº 1 será guiada mais uma vez por um "falcão" , cuja meta pessoal é a montagem de um sistema de defesa de mísseis baseado no espaço (National Missiles Defense System, NMD). A montagem de um sistema destes colide, entretanto, com tratados internacionais em vigor (SALT I) e manifestaria provavelmente, para todos os tempos, a dominação militar dos USA.

A França, a China e a Rússia opuseram-se categoricamente a estes planos e também no resto do mundo ocidental, inclusive na Alemanha, há fortes restrições contra uma reedição de SDI. O principal problema nesta discussão toda consiste nos planos do Pentágono de estacionar armas no espaço, o que está proibido pelos acordos atuais.

A aceitação de um propósito destes aumentaria consideravelmente na opinião pública mundial, se o perigo real de um impacto de um NEO pudesse ser eliminado através de sua destruição por armas espaciais americanas. A difusão não-crítica da necessidade de uma Spaceguard armada poderia se revelar rapidamente como ajuda à política externa americana.

Realmente o astrônomo Christian Gritzner do Instituto para Pesquisa Planetária do Centro Alemão para Tráfego Aéreo e Espacial de Berlin-Adlershof chegou à conclusão, em uma dissertação de
1997
, de que os NEOs poderiam ser melhor desviados através do uso de armas nucleares. O mais importante é o fator tempo, para que se possa tomar medidas de defesa adquadas .

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Outros pesquisadores vêem isso de maneira mais relaxada. No seu livro "Bombas do Espaço, a ameaça Cósmica" , o astrônomo americano John S. Lewis chega à conclusão de que, ao lado das cargas explosivas arriscadas, uma das medidas de defesa mais adequadas consistiria na montagem de velas solares dirigidas por computador em NEOs.

Estas velas possibilitariam um direcionamento dos NEOs para trajetórias seguras. Um outro modelo baseia-se em espelhos apoiados em satélites para derreter áreas com gelo em cometas, aproveitamento o recuo disso resultante para correções de rumo.

Como tarefa principal Lewis indica a imediata e completa cartografação do Cinturão de Asteróides e de todos os NEOs potenciais, para adquirir a habilidade e o conhecimento necessários para mudar de direção daqui a 50 anos os NEOs que poderiam colidir com a terra talvez daqui a 800 anos.

Tecnicamente as operações indicadas por Lewis já são realizáveis hoje em dia. Em
12 de fevereiro de 2001 um satélite criado pelo homem pousou, pela primeira vez, em um asteróide. Trata-se do asteróide Eros 433 que recebeu, a 314
milhões de quilômetros da terra, visita do satélite NEAR Shoemaker, que desde então está realizando com sucesso análises lá.

Do ponto de vista da ciência seria então desejável ingressar com serenidade na discussão sobre as medidas adequadas para a proteção contra os NEOs, para não entrar em contato com interesses políticos ou industriais e assim prejudicar a tarefa básica. Certamente as Nações Unidas ou outra organização internacional ainda a ser criada seria mais adequada para assumir a tarefa da proteção da nossa civilização, mesmo que alguns filmes de Hollywood nos querem fazer crer de outra maneira.

http://www.museumin.ufrgs.br/