sábado, 7 de abril de 2007

Duplo pôr-do-sol

Após análise de dados obtidos pelo telescópio espacial Spitzer,
cientistas concluem que Universo está recheado de planetas com
dois ou mais sóis, como Tatooine, da série Guerra nas estrelas


Agência FAPESP

Em uma famosa cena de Guerra nas estrelas, logo no início do primeiro filme da série, de 1977, Luke Skywalker está ao lado da casa de seus pais adotivos, ao entardecer, enquanto a câmera se movimenta e mostra que o planeta Tatooine tem não apenas um, mas dois sóis.


O duplo pôr-do-sol criado por George Lucas pode deixar de ser encarado como ficção. Um grupo de astrônomos dos Estados Unidos, usando o telescópio espacial Spitzer, da agência espacial Nasa, concluiu que sistemas planetários são tão ou mais abundantes em sistemas de estrelas duplas do que naqueles de uma única estrela, como o Sistema Solar do qual a Terra faz parte.


Como mais da metade de todas as estrelas faz parte de sistemas estelares binários ou múltiplos, a descoberta feita agora permite concluir que o Universo está recheado de planetas com dois sóis.


“Aparentemente, não há impedimento algum para a existência de sistemas planetários em sistemas binários. Deve haver incontáveis planetas com dois sóis ou mais”, disse David Trilling, da Universidade do Arizona, que coordenou o estudo, em comunicado da Nasa. Os resultados do estudo estão publicados na edição atual do Astrophysical Journal.


Astrônomos já sabiam que planetas podem se formar em sistemas binários muito amplos, nos quais a distância entre as estrelas é mais de mil vezes a distância da Terra ao Sol, ou mil unidades astronômicas. Dos cerca de 200 planetas além do Sistema Solar descobertos até agora, uns 50 orbitam um dos membros de uma dupla estelar dessa magnitude.


O novo estudo se concentrou em sistemas com estrelas binárias mais próximas, separadas a distâncias que variam entre zero e 500 unidades astronômicas. Trilling e colegas usaram os sensores de infravermelho do Spitzer para procurar não por planetas, mas por discos de poeira em sistemas binários.


Tais discos são formados por pedaços de rocha que não chegaram a se formar em planetas. De acordo com os pesquisadores, a presença desses detritos indica que o processo de construção de planetas ocorreu em torno de uma estrela, ou estrelas, possivelmente resultando em planetas maduros.


Os cientistas procuraram por discos de poeira em 69 sistemas binários localizados entre 50 e 200 anos-luz da Terra. Todas as estrelas eram mais novas e mais massivas do que o Sol, que se encontra na meia-idade. Os resultados indicaram que cerca de 40% dos sistemas tinham discos, taxa superior à verificada em sistemas de uma só estrela.


Os astrônomos também se surpreenderam ao descobrir que os discos de poeira eram ainda mais freqüentes (cerca de 60%) nos sistemas em que as estrelas estavam mais próximas umas das outras. O Spitzer detectou discos que orbitavam não apenas uma, mas as duas estrelas ao mesmo tempo, o que permitiria cenários como o de Tatooine.
www.nasa.gov/spitzer

O Céu Austral no Inverno


Por:Ulisses Capozzoli

No hemisfério Sul de forma geral, mas especificamente no Brasil, o inverno é a melhor época para a observação do céu. Nesse momento, normalmente o céu está livre de nuvens, o que é de importância fundamental. Logo no começo das noites de inverno as constelações do Escorpião - facilmente reconhecível por sua forma que, de fato, lembra este animal - Sagitário, Centauro e Cruzeiro do Sul estão claramente visíveis.

No Escorpião, destaca-se Antares, supergigante vermelha com diâmetro 300 vezes superior ao do Sol. Sistema binário, Antares representa o "coração do escorpião", ainda que, etimologicamente seu nome signifique "rival de Marte", por sua semelhança com esse planeta.

Sagitário, que exige algum esforço para identificação com o centauro da mitologia grega, não exibe nenhuma estrela particularmente brilhante.

Em compensação, nenhuma outra região do céu abriga a mesma abundância e diversidade de objetos celestes, pois Sagitário indica o núcleo da Galáxia, a Via Láctea. Nebulosas, aglomerados estelares e, possivelmente até um buraco negro, ocultam-se no interior dessa constelação.

Quanto ao Cruzeiro do Sul, é a constelação mais popular, dos 88 asterismo em que o céu está dividido atualmente. No Cruzeiro do Sul, o destaque é para Acrux (Alfa do Cruzeiro) ou a Estrela de Magalhães, em homenagem ao navegador português Fernando de Magalhães, que entre 1519 e 1522 empreendeu a primeira viagem de circunavegação da Terra (morreu durante a expedição).

Estrela azulada do "pé" do Cruzeiro, Acrux forma uma dupla visual mas, na realidade, é um sistema quádruplo, a 297 anos-luz da Terra. Mimosa (Beta Crucis, o lado esquerdo do braço menor da cruz) é outra estrela azulada enquanto Rubídea (Gama Crucis) é uma estrela avermelhada que representa a parte superior do braço maior da cruz. Pálida (Delta Crucis) compõe o lado oposto do braço menor da cruz. Finalmente, a mais apagada de todas, mas nem por isso a menos notável: a "Intrometida" (Epsilon Crucis) por atrapalhar o desenho perfeito de uma cruz.

A explicação de Galileu.



Quem deu a primeira explicação para a cintilação das estrelas (devido à enorme distância não vemos o disco delas, mas a fulguração) foi Galileu Galilei em seu livro Mensageiro das Estrelas, publicado em 1610.

Vênus, também chamado de Estrela Dalva, e freqüentemente confundido com uma estrela, dependendo de sua posição relativa, pode aparecer tanto antes do nascer-do-sol quanto depois do pôr-do-sol. Já Marte, Júpiter e Saturno podem ser observados em determinadas épocas durante a noite e são visíveis, ou durante o dia, quando acabam ofuscados pela luz do Sol.

Tanto Júpiter quanto Saturno, em posições favoráveis, são magníficas fontes celestes de luz, especialmente no inverno do hemisfério sul, quando as constelações mais brilhantes faíscam como enormes vaga-lumes cósmicos.



Amplificando essas luzes, com mecanismos biológicos situados no fundo de seus olhos, animais domésticos como cães e gatos, ou inúmeras criaturas selvagens, têm excelente visão noturna. Telescópios de pequeno porte permitem a visão das quatro grandes luas de Júpiter e dos fascinantes anéis de Saturno.

Você verá ainda, em alguns pontos, luzes ligeiramente borradas, como acontece na região formada pelas Três Marias e as estrelas Rigel e Saiph, no interior da constelação do Órion. Mesmo um telescópio de pequeno porte é capaz de revelar que se trata de uma nebulosa, neste caso a Nebulosa de Órion, um enorme berçário estelar.

No interior da Nebulosa de Órion (M42 ou NGC 1976, segundo a nomenclatura astronômica) estrelas estão nascendo e começando a brilhar. A enorme concentração de poeira estelar e de gases nessa região também indica uma fonte celeste de água, pela junção de hidrogênio e oxigênio, formando o familiar H20.

Outras regiões do céu podem parecer extremamente escuras, como se não abrigasse estrelas, como acontece nas proximidades do Cruzeiro do Sol. A verdade é que ali também existe uma nebulosa cuja densidade obscurece a luz das estrelas que estão por trás dela, se observada da Terra. Essa é a Nebulosa do Saco do Carvão.

Se você tiver dificuldades para se localizar no céu, não perca a esperança de se encontrar. Para isso, utilize em planisfério (ver Planisfério). Eles podem ser encontrados em seções de livrarias especializadas em astronomia, mas lamentavelmente não são muito comuns. Para amenizar essas dificuldades, Astronomy Brasil, está providenciando o desenvolvimento de um planisfério eficiente, de manuseio fácil e preço absolutamente acessível.

Para encontrar um ponto de referência celeste, o Sul, por exemplo, utilize a constelação do Cruzeiro do Sul.. Para isso, prolongue por quatro vezes o eixo maior da cruz. Neste ponto está o Pólo Celeste Sul, o prolongamento do eixo imaginário em torno do qual a Terra faz seu movimento de rotação.


A partir do Sul, será fácil determinar os outros pontos cardeais. Olhando para o Sul, à esquerda estará o Leste, à direita o Oeste e, às suas costas, o Norte.

fonte: http://www2.uol.com.br/astronomy/ceu_estrelado/o_ceu_austral_na_primavera.html

O Céu Austral no Outono

Por: Ulisses Capozzoli

No início das noites de outono algumas constelações zodiacais aparecem com destaque no céu: Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem. Em gêmeos, Castor e Pollux, na mitologia grega, são os filhos de Zeus e de Leda, nascidos de um ovo.


Pollux, imortal, desesperado com a morte do irmão, pediu a Zeus que também o matasse. Sensibilizado com o sofrimento do filho, Zeus determinou que partilhassem, a cada dia, da morte e da vida, uma metáfora para a origem da noite e do dia.

Em Câncer, como em Sagitário, não há nenhuma estrela de destaque, em termos de brilho. Em Leão, no entanto, Regulus, também conhecida como Kalb ou Estrela Real, apesar de diâmetro, apenas três vezes e meia superior ao do Sol, é 130 vezes mais luminosa.


Com Aldebaran, Antares, Fomalhaut (alfa de Peixes) e Regulus os antigos persas dividiam o céu em quatro partes. Em Leão merece destaque ainda a estrela Denébola ou Dafira (beta do Leão, que, em árabe, significa a cauda do Leão) .

Na constelação de Virgem, o destaque é para a belíssima Spica (alfa de Virgem). Formando um sistema estelar duplo, Spica (Espiga em português) foi conhecida pelos árabes, que nomearam a maior parte das estrelas, como Azimech, ("a elevada"). De cor branco-azulada, Spica é uma das estrelas mais brilhantes do céu.

Identificação de luzes .

Explore o céu de norte a sul e de leste a oeste. Como você pode estabelecer essas direções? Antes de abordarmos essa questão, um pouco mais à frente, repare que o céu exibe outros astros, além das estrelas. Um risco luminoso repentino, ou meteoro (ver Meteoro) silencioso ou com um ligeiro sussurro. Um ponto luminoso diminuto e veloz que parece estar fora da atmosfera da Terra. Pode ser um Óvni?


Se você já consultou o verbete sobre meteoro deste site e sabe que ele resulta da entrada de um corpo na atmosfera da Terra, certamente está interessado em saber o que podem ser aqueles pontos luminosos deslocando-se a grande velocidade. Seguramente são satélites, um dos ônibus espaciais que podem estar em órbita ou mesmo a Estação Espacial Internacional (ISS).

Em órbita da Terra, esses corpos são iluminados pelo Sol e deslocam-se muito rapidamente (em torno de 28 mil km/hora) como pontos brilhantes. Alguns têm rota norte/sul. Esses são, por exemplo, satélites de sensoriamento remoto que tiram partido do movimento de rotação da Terra para fotografar, em intervalos de tempo regulares, os mesmos pontos sobre a superfície do planeta.


Assim, podem registrar o desenvolvimento de culturas agrícolas como a soja, trigo ou milho. Acompanhar evolução de acidentes ambientais, desmatamentos e derretimentos de gelo de calotas polares.

Outros pontos, extremamente luminosos, são fixos e não cintilam como as estrelas. Ao contrário, têm contornos bem esféricos, especialmente se observados com binóculos. O que são eles? Esses corpos são planetas: Vênus, Marte, Júpiter e Saturno.
Os outros, Mercúrio (de observação mais difícil) Urano, Netuno e Plutão (de brilho enfraquecido devido à enorme distância) não têm essa característica de brilho intenso sem cintilação.

O Céu Austral na Primavera


Por: Ulisses Capozzoli


Se existe uma constelação identificada com a primavera é o Pegasus, ou Cavalo Alado. Este é um asterismo relativamente fácil de se reconhecer pelo quadrado formado por quatro estrelas muito brilhantes: Markab (Alfa), Sheat (Beta), Algenib (Gama) e Alpheratz (Delta), nos limites com a constelação de Andrômeda.


Pegasus, o Cavalo Alado, está longe da mancha esbranquiçada formada pela Via Láctea (ou Caminho de Santiago) e por isso suas estrelas aparecem com destaque contra o fundo escuro do céu.

Outras constelações do céu da primavera são Capricórnio, Aquário e Peixes. Em Capricórnio, constelação associada ao maior recuo aparente do Sol em direção ao Sul (devido à inclinação do eixo da Terra) no Solstício do inverno, a estrela principal é Deneb Algiedi, uma das mais brilhantes do céu. Sua luminosidade é 10 mil vezes superior à do Sol e seu significa "a cauda da galinha", nome com que os árabes se referiam à constelação do Cisne.


As estrelas mais brilhantes de Aquário são Sad al Melik (Alfa de Aquário, 10 mil vezes mais luminosa que o Sol) e Sad al Sud ("estrela de bons augúrios", em árabe, por indicar o fim do inverno) também uma supergigante.


Em Peixes, ao lado de Aquário e situado quase inteiramente no hemisfério celeste norte, a estrela mais brilhante é Fomalhaut ou Al Rischa ("a boca do peixe"). As estrelas que formam essa constelação são de brilho bastante esmaecido.

Galileu mais uma vez.

Entre as formações que atraem a atenção no céu noturno ainda se destacam outras três. A primeira é formada por pontos luminosos difusos. São os aglomerados estelares. Um deles o aglomerado 47 Tucano, na constelação que tem esse nome, e visível mesmo com pequenos telescópios.


A constelação austral do Tucano, nas proximidades do Cruzeiro do Sul, também abriga boa parte da Pequena Nuvem de Magalhães que, com a Grande Nuvem de Magalhães, são duas galáxias satélites da Via Láctea.


Finalmente, a mancha leitosa que percorre o céu e é conhecida popularmente por Via Láctea ou Caminho de Santiago. Trata-se do bojo da Galáxia visto de um de seus braços, onde está localizado o Sistema Solar (a 30 mil anos-luz do núcleo).


Nossa galáxia, que também é chamada Via Láctea, assemelha-se a um polvo luminoso, com os tentáculos ligeiramente retorcidos pelo movimento de rotação que consome 230 milhões de anos para uma volta completa.