quinta-feira, 12 de julho de 2007

Percebendo a rotação da Terra

DESTE LUGAR foi fácil seguir Júpiter passando através dos galhos das árvores JOE ORMAN


Tudo começou com um e-mail de Bill Cromwell, de Ft. Louden, Pensilvânia, que teve a sensação de ter alcançado o estado mental de total envolvimento e percebido a rotação diurna das estrelas para o oeste com a rotação da Terra. Mencionei a observação de Bill na coluna que escrevi sobre os movimentos da Terra e do céu na edição de fevereiro passado. O artigo suscitou muitas respostas dos leitores.

A primeira veio do editor de Astronomy Brasil, Ulisses Capozzoli: “Estava no topo de uma montanha (Serra da Mantiqueira, região sudeste do Brasil) e pude sentir o movimento do céu por um curto lapso de tempo. É uma experiência fantástica, mas para muita gente seria um tanto exótica”. Outro brasileiro, Vandenberg Lima, observa o movimento do céu usando “a constelação do Cruzeiro juntamente com α (alfa) e β (beta) do Centauro”.

Doug Kniffen, de Warrenton, Missouri, sugere “mover os olhos no sentido contrário ao da vesguice. Uma vez que você tenha feito isso várias vezes, não será mais desconfortável. O equador celeste e o meridiano são os lugares mais fáceis para testar sua nova habilidade. Você ficará surpreso ao ver como é óbvio o movimento aparente”.

Dois leitores também alcançaram o total envolvimento quando estavam sentados na saliência de um rochedo. Paul Barby, de Tucson, Arizona, lembra de “uma noite clara em Beaver, Oklahoma, no fim da década de 70. Conforme olhei atentamente durante alguns minutos, subitamente fiquei ciente do movimento das estrelas no céu – na verdade tive a sensação de estar me movendo com a Terra. Foi algo tão poderoso que senti uma breve vertigem que me fez agarrar firmemente à saliência”.

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Percebendo a rotação da Terra

Don Byrd, de Pawtucket, Rhode Island, descreve sua experiência durante um passeio aos montes Shenandoah, na Virgínia: “De manhã cedo, sentado num penhasco com as pernas penduradas na beirada. Momentos antes do Sol nascer, comecei lentamente a sentir que era eu quem estava subindo ao topo de uma colossal roda gigante. Quando o Sol apareceu no horizonte tive a clara sensação de que eu estava me movendo, não o Sol. Foi empolgante!”.

E você, não consegue atingir o envolvimento total? Tente um ponto de referência. Paul E. Mitchell, de Glen Spey, Nova York, notou que “o movimento das estrelas se tornou bastante aparente em relação ao telhado”. Ken Fiscus, de Albert Lea, Minnesota, “notou o brilhante Vênus reluzindo através de uma cortina de renda... Conforme eu segurava a respiração para ficar imóvel, vi Vênus aparecer e desaparecer entre os fios e buracos da renda da cortina”.

Uma olhada ocasional pode revelar o movimento diurno do céu. R. C. Timm, de Florissant, Colorado, “pode avaliar o tempo gasto em sua banheira olhando as estrelas passarem por trás e entre as árvores. Olhadas periódicas revelam seu movimento”. Jim Foley, de Calabasas, Califórnia, lembra de uma observação com sua filha, Megan.

“Nossa sacada dava uma bela vista do céu meridional. Coloquei uma marca no batente da porta e fiz Megan apoiar a cabeça sobre ela. Apontei para uma estrela brilhante mostrando-lhe que ela estava bem perto de um grande galho de uma árvore. Megan voltou a colocar a cabeça naquela mesma marca. Ela ficou admirada de ver que a estrela se movia através das árvores, cruzando os galhos e saindo do outro lado".

Michelle Chattaway, de Langley, Colúmbia Britânica, se lembra de estar “olhando Vênus e um fino crescente lunar movendo-se pelas frestas de uma janela veneziana. Tive que ficar realmente imóvel para ver isso”.

O Sol revela o movimento diurno, como observou Matthew Buckingham, de Heath, Ohio. “Eu estava sentado em meu carro desfrutando uma pausa no trabalho. Cada vez que olhava pela janela, notava que o reflexo dos raios solares por um espelho de um carro próximo estava sempre diferente! Eu vi, na verdade, o reflexo se mover ao lado do carro para trás e para baixo!”.

Roy Matchko, de Payson, Arizona, sugere um meio high-tech de registrar o movimento do céu: observe o céu se mover através de um polarizador linear. “A luz do céu é polarizada e o azimute da direção de polarização num dado ponto de observação muda conforme a Terra gira e a posição aparente do Sol muda”.

Perguntas, comentários ou sugestões? Mande um e-mail para gchaple@hotmail.com.

Percebendo a rotação da Terra

O cometa McNaught estende-se pelo céu austral em 19 de janeiro de 2007, e os componentes de sua cauda de poeira pendem sobre o horizonte oeste logo após o pôr-do-sol. A foto mostra o cometa observado no céu do Colorado, ao escurecer, com sua cabeça mergulhada 20º no horizonte.

A cauda de dois cometas
A cauda cheia de raios do cometa McNaught lembra de forma impressionante a do grande cometa de 1744.


Assim como acontecia com o personagem Ferdinando, dos clássicos quadrinhos de Al Capp, havia sempre uma nuvem sobre a minha cabeça. Eu vi o melhor cometa das últimas décadas, o C/2006 P1 (McNaught), apenas uma vez – de um avião a 12.500 m de altitude. Assim como muitas pessoas ao norte do Equador, apreciei o cometa de forma indireta, pelas imagens dos observadores mais favorecidos do Hemisfério Sul.


Mas para mim as imagens mais interessantes foram feitas em meados de janeiro, de lugares mais ao norte. Essas imagens mostram raios brilhantes de luz pairando como fantasmas sobre o horizonte a sudoeste, depois do crepúsculo. Imediatamente senti que já havia visto aquilo no passado.


E era verdade. As imagens eram de um livro que eu guardara como um tesouro da infância: A picture history of astronomy (Uma história da astronomia por imagens), de Patrick Moore, publicado em 1961. Entre as imagens de cometas famosos havia uma gravura de um objeto espetacular visto em 1744, identificado como o cometa “de Chéseaux”.


A estampa mostrava um espetáculo com cinco caudas, iluminando o céu da Europa antes do amanhecer, a partir de um núcleo que não podia ser visto. Os astrônomos viram muitos cometas se aproximarem do Sol nos últimos dois séculos e meio, desde o cometa de Chéseaux, mas nenhum teve as características daquele – até agora.

O Grande Cometa de 1744 – oficialmente designado C/1743 X1 (Klinkenberg-de Chéseaux) – não tem qualquer relação física com o McNaught. No entanto, os dois compartilham histórias de observação e propriedades orbitais consideravelmente parecidas.

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Percebendo a rotação da Terra

Cometa de Chéseaux também mostrou uma cauda de diversos componentes, que apareceu no céu do leste antes do nascer do Sol. Esta gravura, feita à mão, registra uma dúzia de estacas separadas, como foram vistas de Berlim antes do início da aurora em 7 de março de 1744


Jean-Philippe Loys de Chéseaux foi um rico proprietário de terras e astrônomo suíço que encontrou um cometa em 13 de dezembro de 1743. Apesar de o astrônomo holandês Dirk Klinkenberg tê-lo descoberto quatro noites antes, as rigorosas observações de Chéseaux permitiram a determinação da órbita do cometa. O C/1743 X1 tinha uma órbita parabólica que o levou a 33 milhões de km do Sol, no periélio, em 1o de março de 1744. A órbita também se inclinou acentuadamente (47º) para a eclíptica.

O cometa brilhou por algumas das semanas seguintes e, por volta de fevereiro de 1744, seu brilhou rivalizou com o da estrela Sirius. Ele então exibiu uma cauda curva com cerca de 15º de comprimento. O C/1743 X1 seguiu um trajeto que o levou a tangenciar o disco do Sol e, no final de fevereiro, foi visto a olho nu apenas seis minutos antes do nascer do Sol. No dia 28, observadores o avistaram em diversos momentos do dia, a cerca de 12º do astro.

Durante a semana seguinte, o cometa deslizou para baixo do horizonte. Então, nas manhãs de 7 e 8 de março, De Chéseaux mostrou um espetáculo fantástico: com a cabeça do cometa aproximadamente 20º abaixo do horizonte, seis magníficas caudas brilharam acima da linha do horizonte, a leste. Outros observadores confirmaram esta visão.

A órbita do cometa McNaught tem muitas características em comum com a do de Chéseaux. Ela também é parabólica (ou quase) e tem um periélio bastante próximo do Sol, a 26 milhões de km, além de uma alta inclinação (77º). O McNaught também ficou espetacularmente brilhante próximo ao seu periélio e foi visto à luz do dia. E ele também se moveu tangenciando o Sol em seu caminho para o periélio, e então mergulhou para fora da vista dos observadores do Hemisfério Norte.

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Percebendo a rotação da Terra

Um olhar rápido sobre as trajetórias orbitais dos dois cometas mostra que elas são quase simétricas, como se fossem um objeto e seu reflexo no espelho. Apesar de atingirem o periélio em lados opostos do Sol, ambos chegaram do norte, fizeram uma grande curva no periélio e então se voltaram para o sul. Os observadores viram C/1743 X1 antes do amanhecer e o C/2006 depois do pôr-do-Sol.

Os dois cometas liberaram imensas quantidades de poeira quando passaram próximo ao Sol, no periélio. Mais provavelmente, essa poeira foi ejetada em uma série de explosões, talvez relacionadas aos períodos de rotação dos respectivos núcleos. A pressão da radiação solar então alongou essas nuvens de poeira em lençóis.

Nos dois casos, nossa perspectiva da Terra favoreceu a dispersão da luz do Sol pelos grãos de poeira enquanto eles se espalhavam a partir de suas primeiras localizações. Alinhamentos geométricos tão precisos entre o Sol, a Terra e um cometa não acontecem a toda hora – só conhecemos estas duas vezes – mas os resultados são verdadeiramente espetaculares.

Corot inicia busca de planetas extra-solares

Passagem de Planeta pela frente de uma estrela observada pelo Corot permite a detecção e avaliação do porte desse mundo pela variação de brilho da luz estelar
Programa que tem participação brasileira estimula segunda geração de projetos para identificação de mundos como a Terra.

Por Lucas Telles
Desde o início de fevereiro, informações coletadas pelo telescópio orbital Corot são utilizadas para pesquisa envolvendo dinâmica estelar e a busca de exoplanetas. Em seguida à conclusão dos primeiros ajustes, o telescópio já rendeu os primeiros resultados científicos e deu ao Brasil a perspectiva de participar de programas mais ousados.

Com o sucesso do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na recepção de dados do Corot – a partir de 12 de janeiro, na base de lançamento de Alcântara, no Maranhão – pesquisadores tiveram receptividade para inserir o Brasil no pré-projeto do satélite Platão, previsto para ser lançado a partir de 2015.

“Depois de alguns papéis em programas de recepção por satélite, ganhamos status por entrar no topo de uma área de pesquisa. E isso abre possibilidades de novas colaborações técnicas e científicas”, comemora o astrônomo Eduardo Janot Pacheco, presidente do comitê Corot-Brasil.

Desenvolvido pelo mesmo grupo do Corot – França, Alemanha, Itália e Bélgica, e sob liderança da Agência Espacial Européia (Esa) – o projeto Platão deve lançar um telescópio para estudos físicos de exoplanetas, que agora estão sendo procurados pelo Corot. Será um avanço qualitativo. Enquanto o Corot dispõe de telescópio de 27 cm de diâmetro, o Platão deve ter um equipamento de pelo menos 2 metros. O instrumento vai operar na luz visível e ultravioleta, além de registrar atividade eletromagnética, com um módulo de interferômetro.

Os principais objetivos do Corot são identificar exoplanetas – ao passarem à frente de suas estrelas-mães – e estudar a dinâmica estelar por meio da astro-sismologia. A partir da freqüência das ondas vistas na superfície da estrela, obtidas com variações de brilho, temperatura, efeito Doppler ou outros sinais, é possível deduzir a estrutura e comportamento interior.

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Corot inicia busca de planetas extra-solares

Concepção Artística de um exoplaneta orbitando uma das bilhões de estrelas da Via Láctea: desejo é encontrar mundos como a Terra

O telescópio deve observar dezenas de estrelas semelhantes ao Sol, com idades inferiores, próximas ou mais avançadas. “É uma área essencial de pesquisa, levando em conta nossa dependência solar”, diz Janot Pacheco. Ele aponta a redução de temperatura que ocorreu na Terra na segunda metade do século 17, relacionada ao Sol. Esta alteração, que provavelmente foi de cerca de C, trouxe menor produtividade agrícola e fome.

Primeiros resultados

O primeiro emprego científico dos dados do telescópio foi o mapeamento da forma e intensidade da Anomalia Magnética do Atlântico Sul, elaborado por Leonardo Pinheiro da Silva, da Escola Politécnica da USP. A anomalia é uma diminuição do campo magnético terrestre, sobre a região Sul do Brasil, caracterizada pela incidência de partículas solares, com freqüência responsável por falhas nas telecomunicações por satélite nesta região. Silva, um dos cinco engenheiros brasileiros envolvidos com o programa, usou dados obtidos de nove passagens do Corot sobre o Brasil, nas primeiras recepções, para o mapeamento.

Com órbita polar, o telescópio Corot dá uma volta na Terra a cada 100 minutos. Mesmo que nem todas as órbitas passem sobre o Brasil, o Corot sobrevoa a área de recepção de Alcântara várias vezes ao dia. O Corot tem capacidade reduzida de armazenamento de dados, e precisa “descarregar” suas informações com freqüência. Para isso dispõe de bases no Ártico e na Europa (Viena, na Áustria). O uso da base de Alcântara permitiu um aumento no número de estrelas observadas de 70 mil para 100 mil, e esta é uma das potencialidades do Brasil em projetos deste tipo.


Em função da participação no programa, outro engenheiro, Vanderlei Cunha Parro, criou um centro de estudos de softwares para satélites no Instituto Mauá de Tecnologia. Além do uso nos satélites, esses programas são utilizados em aplicações ininterruptas, de alta confiabilidade, de aeronáutica a siderurgia.

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Corot inicia busca de planetas extra-solares

Em órbita polar, telescópio Corot perscrutará até 100 mil estrelas na busca de um mundo que, como a Terra, também possa abrigar a vida

Além das pesquisas relacionadas à astro-sismologia e à busca de exoplanetas, o Corot também selecionou projetos paralelos. No Inpe, em São José dos Campos, Walter González lidera um estudo das emissões de ondas de rádio por planetas, caso de Júpiter, em interação com partículas emitidas pelo Sol, o vento solar.

Os elétrons do vento solar atingem o campo magnético jupiteriano em cerca de dez dias e mergulham em espiral, emitindo ondas de rádio. Em exoplanetas, há possibilidades de recepções muito mais intensas, devido à maior proximidade desses corpos com suas estrelas-mães. “Nesta área ocorrem muitas surpresas. Às vezes temos boas teorias, mas as medições podem dar resultados diferentes”, diz Francisco Jablonsky, também envolvido com o projeto.

O grupo brasileiro deve utilizar o Corot para prever interações de ventos estelares e exoplanetas. As emissões identificadas, a partir das alterações ópticas nas estrelas, orientarão o direcionamento de radiotelescópios, na Índia, para investigar a interação com planetas já identificados. Os pesquisadores brasileiros trabalham em cooperação com equipes do Giant Meter Radio Telescope (GMRT), na Índia.

Eclipses estelares.
Adriana Silva, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, utiliza as imagens do telescópio para estudar manchas estelares, tirando partido da passagem de planetas à frente das estrelas. Outros grupos estão envolvidos com os eclipses estelares causados por sistemas planetários em formação, com estudos detalhados da rotação de estrelas parecidas com o Sol e sua pulsação, entre outros.

Pesquisas brasileiras na área de exobiologia também devem beneficiar-se das descobertas do Corot, embora não estejam ligadas diretamente ao programa. A partir da detecção de planetas semelhantes à Terra, os pesquisadores poderão identificar os que possuem atmosfera e estudar a composição em busca de traços de vida.

“O Corot fará a seleção de alvos para trabalhos futuros, com o auxílio de telescópios como o Keppler, Darwin e TPF, previstos para serem lançados a partir de 2008”, diz Carlos Alexandre Wuensche, pesquisador da área de astrofísica do Inpe. O Brasil tem cinco pesquisadores co-investigadores do Corot, com direito a acessar e analisar informações levantadas pelo telescópio.

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Corot inicia busca de planetas extra-solares

Foguete confiável.
O Corot foi lançado por um foguete russo Soyuz 2-1B, da base de Baikonur, no Cazaquistão, em 27 de dezembro passado. Embora a França seja a líder do projeto e disponha da base de Kourou, na Guiana Francesa, a escolha do sistema russo ocorreu por razões técnicas e de mercado. O Corot tem apenas 600 kg, carga leve para os foguetes franceses Ariane 5, que operam em Korou.

Além disso, acordos anteriores entre franceses e russos permitiram que o Corot fosse lançado por cerca de US$ 18 milhões, enquanto lançamentos como este custam entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões. “Ainda poderíamos ter lançado da Índia, com custos menores, mas a alta confiabilidade do foguete russo definiu esta opção.

O telescópio Corot iniciou suas observações científicas em 3 de fevereiro e até 3 de abril deve se voltar para a direção contrária ao centro da Galáxia, região rica em estrelas. Neste primeiro momento, o objetivo é encontrar exoplanetas com períodos de translação entre 10 e 18 dias, faixa em que não existem exemplos conhecidos. Após esta data, o telescópio irá se voltar para as regiões do Escudo e Cauda da Serpente, na direção do centro galáctico, e do Unicórnio, no sentido oposto. Ele fará este movimento alternado a cada seis meses.

Ainda que as perspectivas do Corot sejam promissoras, os resultados científicos devem exigir algum tempo para demonstrar resultados. Segundo o critério estabelecido, após o encontro de um candidato a exoplaneta, serão feitos os procedimentos para comprovação, como repetições e observações de solo. Para Janot, os anúncios devem ocorrer cerca de três meses após as descobertas, mesmo com um equipamento extremamente sensível.

Cassini revela presença de Hidrocarbonetos...

Cassini revela presença de hidrocarbonetos e água em lua de Saturno

Da Efe, em Washington

A sonda Cassini detectou crateras de água e hidrocarbonetos --elementos essenciais para o desenvolvimento da vida-- na lua Hipérion do planeta Saturno, divulgou na quinta-feira (5) o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa. Um comunicado veiculou que a presença de hidrocarbonetos nesta lua poderia indicar a existência generalizada no sistema solar das substâncias químicas necessárias para o desenvolvimento biológico.

O JPL acrescentou que as informações sobre a existência de água e dióxido de carbono, assim como outro material obscuro que se ajusta ao perfil dos hidrocarbonetos, foram transmitidos quando a Cassini se aproximava da lua em setembro de 2005. Os detalhes das crateras e sua composição são fundamentais para compreender a evolução e a origem desta lua que se remonta a cerca de 4,5 bilhões de anos.

Segundo Dale Cruikshank, cientista do Centro Ames de Pesquisas da Nasa, a mais importante das informações transmitidas pela Cassini são as referentes aos hidrocarbonetos, que são uma combinação de átomos de hidrogênio e carbono e que também podem ser encontrados em cometas, meteoritos e pó cósmico.

"Estas moléculas, quando estão saturadas pelo gelo e expostas a luz ultravioleta, formam novas moléculas de importância biológica", afirmou. No entanto, o cientista disse que isto não significa que se tenha descoberto uma forma de vida fora da Terra. "No entanto, isto é uma maior indicação de que a química básica necessária para a vida está em todas as partes do Universo", afirmou.

Cruikshank disse que grande parte da superfície da Hipérion, a oitava lua de Saturno, é uma mistura de água congelada, pó orgânico e dióxido de carbono congelado. "O dióxido de carbono está de forma alguma quimicamente aderido a outras moléculas", afirmou. A missão da sonda Cassini é um projeto conjunto da Nasa, da Agência Espacial Européia e da Agência Espacial da Itália.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u309865.shtml

Lucidez Extrafísica x Discernimento Consciencial

Dalton Campos Roque

As palavras são relativas. Podem ser distorcidas a gosto da intelectualidade e comunicabilidade de cada um. Até as boas idéias podem ser mal compreendidas. A falácia é um erro sutil, oculto, escondido atrás de uma boa argumentação que pode ser utilizada de boa ou má-fé, conforme o interesse de seu agente.

A condição parapsíquica não reflete o nível evolutivo. Da mesma forma que cultura não se confunde com sabedoria, ser médium bom não significa ser evoluído, fazer projeções da consciência (viagens astrais) lúcidas não significa ser evoluído.

Lucidez extrafísica é diferente de discernimento consciencial. Há muitos religiosos não - reencarnacionista que possuem projeções lúcidas, clarividência e algo mais. Nem por isso trocam suas religiões por uma linha reencarnacionista ou se dedicam ao estudo das projeções da consciência.

Conheço casos pessoalmente. Há muitos espiritualistas que se tornam escravos de suas próprias interpretações intransigentes de suas experiências pessoais. Possuem boas experiências espirituais, mas, por falta de discernimento consciencial, a interpretação das mesmas é altamente prejudicada e podem até gerar efeito contrário (antievolutivo).

Não basta possuir mediunidade ostensiva e ser médium competente para poder dizer que possui a verdade. Não basta ser projetor consciente para poder dizer que detém a verdade. Excelentes médiuns e projetores que adotam interpretação intransigente da vivência pessoal são escravos de dogmas piores que os doutrinários e filosóficos.

Infelizmente, na dimensão intrafísica (3D ao vivo e a cores) não há "receita de bolo" para nada, muito menos no que tange à condição humana e menos ainda quanto ao espiritualismo. Universalismo não se aprende: desenvolve-se a partir de uma vontade íntima, só despertada após o florescimento de meia dúzia de virtudes – a primeira é a humildade, principal atributo do ato de aprender.
http://www.consciencial.org

Antimatéria



Por Bob Berman

Se a antimatéria não existisse alguém teria de criá-la, pois ela é extremamente fascinante. Prevista pelo brilhante físico Paul Dirac em 1928 - e descoberta por Carl D. Anderson, da Caltech, em 1935 -, a antimatéria se parece com a matéria ordinária e atua exatamente como ela.

Mas deixe que ela toque em qualquer coisa: matéria e antimatéria desaparecem numa ex-plosão que libera a máxima energia possível. É fácil entender, pois a antimatéria é como a matéria comum, exceto que todas as cargas elétricas são invertidas. É como se um demiurgo incompetente de uma outra dimensão acidentalmente tivesse trocado os cabos. No centro dos antiátomos se escondem antiprótons com carga negativa, em vez de positiva. Elétrons positivos - pósitrons - orbitam os antiprótons.

Quando o Universo surgiu, há 13,7 bilhões de anos, quantidades iguais de matéria e antimatéria devem ter sido criadas. Colisões aconteceram o tempo todo naquele ambiente congestionado e turbulento. Quando a poeira assentou, o resultado deveria ter sido um empate cósmico. No entanto, não foi isso que aconteceu.

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Antimatéria

Por alguma razão tudo terminou com um Universo em que a matéria acabou predominando. Os teóricos ainda se perguntam o que teria acontecido. Evidência recente sugere que a Natureza tem uma leve preferência pela criação da matéria em vez da antimatéria - e que os dois processos não são tão simétricos como se pensava.

Mesmo assim o Universo poderia ter estrelas feitas só de antimatéria. A luz emitida por tais anti-sóis seria idêntica à energia de estrelas comuns. Observando o céu noturno não teríamos meios de saber se uma estrela é feita de matéria ou antimatéria.

Poderia também haver planetas de antimatéria. Talvez haja uma anti-Terra com anti-restaurantes servindo "antipasto". Pode até ser que exista um anti-eu e um anti-você. Diferentemente de você, o anti-você deve dobrar cuidadosamente as suas roupas à noite em vez de jogá-las no chão.

A coisa mais dramática a respeito da antimatéria é o que acontece quando ela encontra a matéria comum. Lembra-se que E = mc? Escreva o peso (em gramas) de certa porção de matéria e multiplique-o pelo quadrado da velocidade da luz expressa em cm/s: 30 bilhões ao quadrado = 900 quintilhões.

Feitas as contas, eis a energia (em ergs) naquela porção de matéria. Cada toco de cigarro é uma superconcentração de energia latente armazenada naquela repugnante forma de matéria. Libere essa energia e você terá com que abastecer sua casa por mil anos.

As bombas H e o núcleo do Sol liberam energia com uma eficiência de apenas 0,7%. Mas quando matéria e antimatéria colidem, suas massas se convertem em energia com 100% de eficiência. E você pode usar qualquer coisa, até lixo. Mas, como obter antimatéria? Ninguém a está vendendo, nem mesmo no eBay.

Ela é produzida em aceleradores de partículas como o do Fermilab, mas não é nada barata. A atual produção global anual é de cerca de 10 bilionésimos de grama. As maiores porções consistem em antiátomos, criados pela primeira vez em 1995.

Também é difícil armazená-la. A antimatéria aniquilaria a parede de qualquer recipiente em que você a guardasse. Se ela fosse resfriada perto do zero absoluto, permaneceria praticamente imóvel. Então se você produzisse somente pósitrons ou antiprótons, a antimatéria poderia levitar num campo magnético.

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Antimatéria

Um campo magnético viajante, como aquele que faz o trem bala levitar, poderia guiar esse combustível para a câmara de combustão de um foguete onde a antimatéria encontraria a matéria comum. O confinamento magnético seria o caminho a ser seguido. Mas é preciso certificar-se de que o campo jamais iria vacilar por uma falha no fornecimento de energia ou algum problema técnico. ("Estamos perdendo confinamento!", gritou Scotty.

A tripulação sabia que esse não era um pequeno problema na lista de contratempos da Enterprise. "Confinamento perdido" significava que a nave e a tripulação se transformariam em pura energia.) Sabemos que a antimatéria existe, pois a aniquilação da matéria com a antimatéria produz fótons com a característica energia de 511 mil elétron-volts.

Sabemos que a antimatéria existe, pois a aniquilação da matéria com a antimatéria produz fótons com a característica energia de 511 mil elétron-volts. Escombros positrônicos são ejetados violentamente do núcleo da Galáxia, perpendicularmente ao plano da Via Láctea.

Embora essas fontes infernais de energia tenham sido descobertas há oito anos pelo observatório espacial Compton de raios gama, as causas ainda continuam um mistério. Explosões de estrelas massivas? Buracos negros que fabricam antimatéria? Ninguém conhece a origem da antimatéria na Via Láctea. Algum dia a antimatéria poderá nos propelir para o centro da Galáxia para podermos ver o que acontece por lá. Que a viagem não culmine num anticlímax.

Excentricidade Cósmicas



Por Bob Berman

Você tem amigos normais? Eu certamente não. Mas isso é bom. Pessoas normais não são tão divertidas quanto as não-normais. Talvez seja assim também no céu. Quando o relógio tocar meia-noite no Ano Novo, Sirius estará sem falta brilhando perto do zênite, como tem feito por séculos. Mas, depois disso, tudo enlouquece. Os moradores mais brilhantes do céu estarão todos fantasticamente estranhos em 2007.

As excentricidades começam com a primeira Lua Cheia na noite de 2 para 3 de janeiro. Essa será a Lua Cheia de culminação mais alta (no Hemisfério Norte) até 2024. No sul da Flórida e do Texas ela estará suspensa bem no zênite à meia-noite. (No Hemisfério Sul a Lua Cheia mais austral já ocorreu na noite de 11 para 12 de junho de 2006.)

No continente norte-americano e na Europa esse acontecimento é mais estranho que você possa pensar. Nesses lugares a Lua normalmente evita o zênite, enquanto o Sol nunca atinge o zênite.

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Excentricidade Cósmicas

A Lua se comporta assim porque o plano da sua órbita ao redor da Terra faz um ângulo de 5,1º com o plano da órbita da Terra ao redor do Sol. Não fosse esse ângulo, a Lua daria sua volta mensal na esfera celeste seguindo a mesma trajetória do Sol, a eclíptica. Mantendo o ângulo de 5,1º, o eixo maior da órbita lunar gira completando uma volta a cada 18,6 anos.

Como a eclíptica já faz um ângulo de 23,4º com o equador, no período de 18,6 anos, a Lua descreve no céu circuitos mensais que fazem com o equador celeste ângulos que variam de 18,3º a 28,5º (23,4º ± 5,1º). Em 2006 esses ângulos atingiram o valor máximo. Mas mesmo no ano anterior (2005) ou posterior (2007) é possível observar mensalmente culminações da Lua estranhamente altas ou baixas.

Mas isso é só o começo. Vários ciclos astrais estão conspirando agora. O Sol também atinge um extremo. Estamos numa época de mínima atividade solar (ver Astronomia para Iniciantes) em que o céu noturno responde tornando-se o mais escuro da década. O espaço entre as estrelas fica com escuridão incomum, como se alguém tivesse girado o botão do brilho até o mínimo. Explicação: a luminescência atmosférica, a maior influência natural no fundo do céu, varia com o ciclo solar.

Vênus também se encontra em situação extrema. Este mês ele emerge lentamente da claridade solar ao anoitecer, erguendo a cortina para uma cena que não é vista do Hemisfério Norte desde 1999. Esse comportamento do planeta coberto de nuvens se repete a cada oito anos. A estrela vespertina será vista extraordinariamente alta e conspícua.

Isso acontece quando Vênus se torna um astro vespertino na época do ano em que a eclíptica fica mais vertical em relação ao horizonte oeste local. No Hemisfério Norte será durante o primeiro semestre, sendo que Vênus será visto mais alto no céu em meados de maio.

Mesmo que o seu quintal não tenha os jacarés do sul da Flórida, nem a Lua Cheia de janeiro, nem Vênus de meados de maio, ambos perto do zênite, tente observar esses astros ocupando posições não usuais. E fique atento, pois a próxima elongação máxima de Vênus a leste do Sol, quando a eclíptica fica mais vertical no horizonte oeste do Hemisfério Sul, será em agosto de 2010.

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Excentricidade Cósmicas

Ainda não terminei a lista de excentricidades de 2007. Considere a distância da Lua até nós. Em 9 de novembro sua órbita elíptica a levará muito longe, à distância colossal de 406.700 km. Essa será a Lua mais distante e de menor tamanho aparente até 2020.

Os três habitantes celestes mais brilhantes, o Sol, a Lua e Vênus, cada um fará coisas incomuns, mas acrescentemos um quarto - Júpiter que emergiu do clarão solar matutino em dezembro passado. Pelo fim deste mês os madrugadores poderão observar a Mancha Solar Jr., o mais estranho evento nesse planeta desde que a Voyager 1 passou por ele em 1979 levando a música de Chuck Berry num disco laser.

Por um dia, no solstício de verão de 2007, a Terra, o Sol, Júpiter e a Nebulosa da Trífida (M 20) ficarão em linha reta. Esse encontro acontece no ponto mais austral do zodíaco. Esse alinhamento peculiar fará com que recebamos em nossos computadores mensagens SPAM de M20 através da tecnologia Wi-Fi (Wireless Fidelity)? Aguarde uma rede paranóica na Terra excitando temores com esse alinhamento.

Quanto ao nosso próprio Planeta, não precisamos sair à caça de estranhezas -elas estão ao alcance da respiração. Em meados do ano, a estação de Mauna Loa no Havaí, da Divisão de Monitoramento Global dos Estados Unidos, forneceu os mais novos dados: o ar do nosso Planeta contém agora 381 partes de dióxido de carbono por milhão (ppm).

Esse é o maior aumento já registrado, um crescimento de 2,6 ppm desde o ano passado. O CO2 aumentou 40% desde 1848 e 100 ppm sobre o nível de 280 ppm que vinha sendo mantido pelos últimos 650 mil anos. Quaisquer que sejam as conseqüências globais, esses níveis de CO2 não estão em disputa. Quanto é do nosso conhecimento, nenhum outro planeta está experimentando uma mudança tão rápida na atmosfera.

Mais Astros- estranhezas para 2007? Medido pelo Tempo Universal (TU), teremos o último equinócio das nossas vidas em 21 de março. De fato todos os equinócios e solstícios acontecerão tão tarde este ano, que nenhum deles acontecerá mais tarde até o século 22! Não adiantará se apressar este ano para que o verão comece.

Nosso planeta também atinge seu ponto mais distante do Sol, o afélio, na data mais tardia deste século, na última Hora Universal de 6 de julho. Uma data mais comum seria 4 de julho. Ainda assim, estranhamente, a maior aproximação ao Sol ocorrerá na data normal de 3 de janeiro. Excêntricos do mundo, façam um brinde ao Ano Novo sob o céu. Estaremos ingressando num ano estranho e especial.

Como evitar desânimo de iniciante

Comprar um telescópio apressadamente pode ser uma experiência frustrante. Para um iniciante, uma reunião com a Stellafane em 1995 pode confundir pelo número e diversidade de equipamentos

Muitos compradores de telescópios ficam desanimados em pouco tempo. Veja como escapar desta armadilha.
Por Mark M. Marcotte

Frustração, sentimento de desapontamento, exasperação ou cansaço provocado por objetivos frustrados ou desejos insatisfeitos. O que afeta boa parte dos iniciantes em astronomia? Acredito que um dos grandes problemas para muitos está no fato de não saber o que realmente querem.

Alguns, por exemplo, estão em busca de conhecimentos do Universo, outros querem apenas relaxar e desfrutar do céu noturno com a ajuda de binóculos ou telescópios. Outros podem procurar atividade social. Já encontrei pessoas interessadas em atividade social com certa frustração exatamente por não encontrar o que procuram. Eles costumam restringir-se a reuniões em clubes de astronomia. Para outros, no entanto, a situação pode ser bem mais complicada.

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Como evitar desânimo de iniciante

Relação com telescópio

Muitos iniciantes acreditam que a estrada para o céu começa com um telescópio. Telescópios, na verdade, podem ser considerados ferramentas quase indispensáveis, mas uma ferramenta é um meio para um fim, não um fim em si mesmo. Quem não compreende essa idéia logo tende a ser o mais frustrado de todos. E eu fui um desses iniciantes.

Sempre tive interesse por astronomia. Mas quando um vizinho – que notava sempre eu e minha esposa fora de casa, observando e apontando para o céu – convidou-nos para nosso primeiro evento em um clube de astronomia, ficamos fascinados. Passamos aquela noite maravilhados com os mais variados tipos de telescópio, sem a mínima idéia de onde poderia¬mos encontrá-los.

Observamos aglomerados estelares distantes, nebulosas brilhantes, o cinturão do equador de Júpiter e os inacreditáveis anéis de Saturno. Também desfrutamos do simples prazer de deitarmos numa cadeira espreguiçadeira e observar o céu por inteiro. O brilho da Via Láctea naquela noite era tão intenso que parecia projetar nossas sombras.

Enquanto estive sob os efeitos da beleza e intensidade do céu noturno, fiquei obcecado especialmente pelos poderes quase mágicos de um telescópio. Passei os dias seguintes àquela noite pesquisando telescópios e equipamentos afins. Eu estava firmemente determinado a ter um desses instrumentos maravilhosos.

Enquanto procurava pelo “meu” telescópio, a simples diversidade de escolha rapidamente me deu a sensação de frustração. Ficou evidente que eu precisaria de ajuda para sair dessa situação. Com algum esforço, poderia esperar pelo próximo encontro do clube de astronomia e então recolher as opiniões dos especialistas que encontraria.

Engraçado. Eu havia ido à reunião com a intenção de encontrar o telescópio mais apropriado mas acabei desolado. Meus objetivos e prioridades haviam mudado. Eu não estava mais tão entusiasmado com um telescópio e descobri que o que realmente me interessava era uma compreensão clara dos objetos celestes que pretendia observar. Isso incluía saber a posição das constelações e das estrelas mais brilhantes de cada uma delas. Na verdade, eu havia trocado uma frustração por outra.

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Como evitar desânimo de iniciante

De um céu escuro as estrelas que delimitam cada uma das constelações podem ser confundidas com o brilho de fundo da Via Láctea

Identidade roubada

Este novo obstáculo era de um tipo mais sutil, mas ainda era uma frustração. Comprei os livros e as cartas celestes essenciais e comecei a estudar até meu pobre cérebro se esgotar. Tentei me manter no básico, mas aprender sozinho a partir de livros e aplicar o conhecimento obtido no céu era um novo desafio.

Por exemplo: tive problemas para dominar os diferentes tamanhos e dimensões dos objetos celestes, entre outras dificuldades. Minha mulher chamou minha atenção ao alertar que eu tinha livros e cartas celestes espalhados por todo o chão. Com uma lanterna numa das mãos, eu indicava um ponto no céu com a outra e andava de um lado para o outro tentando evitar obstáculos enquanto dialogava comigo mesmo.

Na verdade, parte do progresso em astronomia depende das condições de seu observatório. Aprendi a reconhecer estrelas e constelações em condições razoáveis de poluição luminosa – o que costuma ser um obstáculo. Após ter identificado um número razoável de pontos mais luminosos no céu, me aventurei ao céu noturno do clube de astronomia, na esperança de impressionar alguns dos membros mais experientes.

E aqui os problemas começaram, quando tentei identificar as mesmas estrelas, num céu quase sem poluição luminosa. Rapidamente me dei conta de que uma moderada poluição luminosa bloqueia muitas estrelas mais fracas, tornando mais fácil identificar as mais brilhantes, que dão forma às constelações.

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Como evitar desânimo de iniciante

Assim, subitamente, para meu espanto, uma constelação que tinha apenas dez estrelas brilhantes sob um céu ligeiramente poluído pela luz urbana passava a abrigar centenas de estrelas, tornando quase incompreensível as formas que eu havia penosamente estudado. Então passei a maior parte da noite (e outras que vieram a seguir) reaprendendo tudo isso.

O que você disse?

Um dos meus maiores desafios – com que ainda me confronto – foi aprender a pronúncia correta do nome das constelações. Para muita gente isso não é um problema, mas, para alguém como eu, não era o tipo de coisa aceitável.

Quer um exemplo? Pegue as três estrelas mais brilhantes da constelação de Libra – Zubenelgenubi, Zubeneschamali e Zubenelakrab. Acredite em mim. Se for capaz de localizar essas três estrelas no céu noturno e pronunciar corretamente o nome delas, você será atração em qualquer reunião de astrônomos amadores (star-party).

Evidentemente que alguma frustração é inevitável em qualquer iniciativa, e o hobby da astronomia amadora não é exceção. Mas, ao final, superar cada uma dessas dificuldades traz uma maravilhosa e compensadora experiência que permanecerá com você por toda a vida. Então, se você sentir que uma sensação de frustração está envolvendo suas observações do céu, acalme-se, tenha paciência e jamais entregue os pontos.

Vendo o céu se mover

Por Glenn Chaple

Concordo, não levo uma vida normal. Fico olhando para um relógio por longo tempo para ver se capto o movimento do ponteiro dos minutos. Consigo detectar esse movimento sutil usando, como referência, os pequenos marcadores dos minutos. Tente isso você também se tiver tempo. Em outras palavras: tente isso se você também não tiver uma vida normal.

Sou fascinado por fenômenos quase imperceptíveis e achei o e-mail de Bill Cromwell, de Fort Louden, Pensilvânia, especialmente interessante: "Por acaso observadores notam a rotação da Terra a olho nu? Descobri que, em mais de uma ocasião, consegui \\'chegar lá\\' e, por breves instantes, \\'vi\\' o céu se mover. Usando visão periférica, \\'viajei\\' nessa intensa experiência.

Assim, queria saber se você já ouviu falar nisso... ou, talvez, eu tenha perdido a cabeça!". Bill acrescentou que esse efeito é especialmente notável quando observa o céu meridional. Não, Bill, você não perdeu a cabeça. Você gastou horas olhando para relógios? Quero saber se outros leitores tiveram experiências similares. Se você detectou o movimento diurno do céu, me mande um e-mail:
gchaple@hotmail.com.

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Vendo o céu se mover

Eu mesmo nunca percebi o movimento diurno das estrelas da maneira como Bill fez, mas observei esse movimento com a ajuda de pontos de referência que funcionam como os marcadores dos minutos de relógios. Em uma noite de fevereiro, há alguns anos, decidi interromper a observação de estrelas variáveis. Bem baixo na direção sul, entre galhos de árvores, estava Sirius.

Em uma noite de fevereiro, há alguns anos, decidi interromper a observação de estrelas variáveis. Bem baixo na direção sul, entre galhos de árvores, estava Sirius. Perfeitamente parado, eu podia ver a estrela brilhante piscar através dos galhos da árvore enquanto se deslocava para oeste. Quando Sirius se aproximou de um galho isolado, fechei um olho e esperei. Lentamente, Sirius "se aproximou" do galho, e então sumiu de vista. Momentos depois, reapareceu do outro lado do galho.

Os efeitos da rotação da Terra no movimento do céu são dramáticos quando se utiliza um telescópio com uma ocular de grande aumento. Um objeto celeste perto do equador celeste parece correr pelo campo da ocular! Quando olho pela ocular, parece que estou em uma espaçonave orbitando sobre a superfície lunar.

Alguns telescópios vêm com motores que cancelam os efeitos da rotação da Terra e mantêm o alvo centrado no campo da ocular. Mas quando o alvo é a Lua, prefiro a queda livre! Outro movimento do céu resulta da translação da Terra ao redor do Sol. Muito mais sutil que o movimento diurno, ele se manifesta num deslocamento de leste para oeste das estrelas e constelações em relação ao Sol.

Numa noite em meados de fevereiro, às 19h00 (hora local), o Caçador caminha alto no céu. Um mês depois, no mesmo horário, estará muito mais para o oeste. Por volta das 19h00 em meados de abril, você terá dificuldade de ver Órion contra o brilho do pôr-do-sol acima do horizonte ocidental.

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Vendo o céu se mover

Outro movimento da Terra é praticamente impossível de ser detectado por um astrônomo amador. Chamado precessão, ele é causado por um bamboleio periódico do eixo da Terra (como o de um pião). O bamboleio demora 257 séculos, portanto não tente observar seus efeitos no céu à noite, a menos que você seja congelado e ressuscitado em uns 12 mil anos. Você descobrirá que Polaris não é mais a estrela do pólo norte celeste - essa honra pertencerá a Vega.

As coordenadas celestes, ascensão reta e declinação, são baseadas na localização do pólo norte celeste e na posição do equinócio de outono (no hemisfério sul terrestre) - ponto da esfera celeste em que o Sol cruza o equador vindo do hemisfério sul e indo para o hemisfério norte por volta de 21 de março. Esses pontos se movem por causa da precessão.

Por isso os Atlas estelares devem ser atualizados periodicamente. Durante meus primeiros anos em astronomia amadora, os Atlas estelares eram baseados nas localizações do pólo norte celeste e do equinócio de 1950. Em 1980 os Atlas estelares estavam sendo criados para a "Época 2.000,0". Em algumas décadas compraremos o "Atlas do Céu 2.050,0." Em 2050 estarei... provavelmente morto! É melhor eu parar de olhar aquele relógio de parede e levar uma vida normal!

A linda,mas pouco observada - estrela dupla h3945 (h de Herschel) pode ser visitada este mês com um binóculo. Sua constelação-mãe, o Cão Maior, está bem localizada este mês. Ache as estrelas delta e épsilon do Cão Maior, a primeira com magnitude 1,8 e a segunda com magnitude 1,5. Em relação a delta do Cão Maior, a dupla h3945 fica simetricamente oposta a épsilon. As estrelas de h3945 têm magnitude 4,8 e 6,8. Ambas são da Seqüência Principal e a separação é de 27.

Bioenergia E Bioeletrônica

Sinopse do programa REDES, veiculado pela Televisão Espanhola Internacional:

A luz é uma das maiores energias que movem o mundo. E, nesse sentido, o descobrimento das emissões biofotônicas significou um passo muito importante. Os fótons têm sido denominados "a luz das células". Não é por acaso, são luzes débeis emitidas pelos organismos vivos, por meio dos quais se comunicam entre si. Entre outras coisas, os fótons são imprescindíveis para conseguir qualquer reação química em um sistema biológico

Todos os organismos vivos, incluindo as células, se comunicam através de campos eletromagnéticos, emitindo fótons que são captados pelo resto. Dessa maneira, graças à comunicação celular, se ativam as ordens para formar os órgãos dos organismos vivos. Trata-se de uma réplica a nível microscópico da comunicação que também se dá entre as comunidades de animais.

O biofísico alemão e vice-presidente do Instituto Internacional de Biofísica, Fritz-Albert Popp, será nosso convidado do programa. Popp, que foi nomeado ao Prêmio Nobel pelo descobrimento da luz fotônica celular ou biofotônica, conversará com Eduard Punset e, provavelmente, nos fornecerá novos e interessantes dados sobre o mundo da bioenergia e da bioeletrônica.

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Bioenergia E Bioeletrônica

Entrevista com FRITZ ALBERT POPP

Eduard Punset: No ano passado vi pela primeira vez, graças ao microscópio de dois fótons, células em movimento. Células de verdade movendo-se. E obviamente estavam se comunicando entre si. Nos anos oitenta você começou a descobrir e a afirmar que todos os organismos vivos, incluídas as células, emitem uma luz ultra-débil, os fótons, e que, graças a estas emissões, se comunicam entre si. É assim mesmo?

Fritz Albert Popp: Sim. Na verdade, com apenas uns poucos fótons se produzem efeitos quânticos, não falo de efeitos clássicos. Tem a ver com uma radiação coerente. E a radiação faz com que as interferências no espaço que existe entre as células sejam maiores, mas aqui a radiação é uma radiação na qual se utilizam as interferências como uma forma de comunicação.

Os fótons emitidos pelas diferentes células interferem e fazem com que as interferências sejam maiores entre as ondas que as células emitem. As amplitudes dos campos elétricos provocam, principalmente, interferências destrutivas, assim, a radiação entre os sistemas, neste caso as células, desaparece, enquanto que, por outro lado, a intensidade dentro dos sistemas é maior porque se tem que conservar a energia.

Esta é a forma de comunicação entre as células. Todas as células se comunicam com padrões ondulatórios específicos. Observam-se estruturas de interferência específicas, e se as células são idênticas, se diz que têm o mesmo padrão de freqüência.

Isto é como dizer, mais ou menos, que têm o mesmo padrão de interferência. E esta também é uma forma de identificação entre elas: cancelar a luz entre elas é a melhor maneira que existe para comunicar-se, porque criam algo assim como um canal, criam uma "zona de quietude" ou, dito de outro modo, criam uma zona livre de som entre elas, de modo que quando qualquer pequena perturbação surge, elas a percebem imediatamente como um sinal entre elas. O que digo não é uma especulação, é o resultado de uma experimentação que foi realizada em profundidade.

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Bioenergia E Bioeletrônica

EP: Se nos comunicamos através de campos eletromagnéticos, que são os mesmos para todo mundo, como os fótons são únicos? Isto quer dizer que abrimos a possibilidade de que as árvores possam comunicar-se com os humanos, que os humanos possam comunicar-se com os animais, ou as árvores entre si?

FAP: Claro, podemos observá-lo a um nível celular. Também podemos observá-lo entre os animais. Por exemplo, entre as Dáfnias observam-se claros efeitos de luz e criação de canais dependentes da distancia, de modo que usam esta possibilidade para produzir populações.

E o mesmo efeito ocorre também entre as células de um organismo, por exemplo, entre nossas células, em nosso corpo. Este tipo de comunicação é responsável pela formação dos órgãos, do fígado, do rim, etc, porque as células utilizam esta forma de comunicação também para criar estas forças que as atrairão entre si ou para dizer o que é que têm que fazer.

A informação se manifesta desta maneira. Inclusive dentro de uma mesma célula... Tem-se que produzir cerca de 1.000 reações químicas por segundo em cada célula, e ainda a informação sobre o lugar e o momento exato em que estas reações químicas deverão se produzir, e isso é realizado através de uns poucos fótons, que são ligados entre si, e como são ligados podem provocar melhores interferências para transmitir uma quantidade tão grande de informação.

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Bioenergia E Bioeletrônica

EP: Sempre pensamos que uma doença era o resultado de uma desordem bioquímica, mas, de acordo com seu raciocínio, pode parecer que uma doença seja também, ou ao invés disso, o resultado de uma desordem eletromagnética. Uma desordem nas ondas de fótons. É assim mesmo?

FAP:
Sim. Os campos e a matéria vão muito unidos em um sistema vivo. O avanço de um depende da reação do outro. Para conseguir uma reação química se necessita de um fóton. Um dos componentes desta reação química tem que ser estimulado ou excitado por ondas eletromagnéticas.

Devem excitar os estados eletrônicos do sistema. Esta excitação só pode se dar mediante a absorção de um fóton. De fato, este é um acontecimento muito comum que pode ser encontrado nos livros de química. Este é o motivo pelo qual a velocidade de reação das reações químicas aumenta em função da temperatura: se aumentamos a temperatura, se consegue um aumento do número de reações químicas por segundo, porque se produzem mais fótons disponíveis.

Mas a principal diferença é que em um sistema biológico não se produz radiação calorífica nessa pequena reação, mas sim biofótons. Produz-se um pequeno número de fótons, e não é necessário ter muitos deles para se conseguir um grande número de reações químicas. Por que isso ocorre?

Porque enquanto se dá uma reação química, o fóton é devolvido ao campo, e nesse campo biofotônica os fótons não são termalizados, quer dizer, não desaparecem como radiação calorífica, como calor, mas sim são armazenados, para que desta forma estejam sempre disponíveis para a próxima reação.

Para esse campo biofotônica, com seu baixo número de fótons, não lhe é muito difícil assumir toda a atividade que se dá em uma célula, ainda que seja muito elevada. A informação sempre fica armazenada no campo e pode ser utilizada por outras células em outra ocasião.

Pode-se dizer que nos sistemas biológicos existe uma espécie de matrimônio entre o campo fotônica e a matéria bioquímica: um é necessário para entender o comportamento do outro, é impossível separar seu estudo. Caso se leve em conta só uma das partes, se cometem muitos erros.

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Bioenergia E Bioeletrônica

EP: O descobrimento das emissões biofotônicas nos levaria a confirmar alguns métodos convencionais de cura baseados no conceito da auto-regulação de organismos vivos, como a homeostase, por exemplo, ou inclusive a acupuntura? Existem muitas investigações que correlacionam propriedades da emissão fotônica com anomalias biológicas, ou padrões de crescimento, ou diferenciação de células no processo de morfogênese. Isto está correto?

FAP: Eu gostaria de concretizar que pode parecer muito simples afirmar que esses fenômenos podem ser observados apenas dizendo que existem ondas eletromagnéticas aplicadas neles. É muito difícil fazer uma idéia exata do que ocorre na acupuntura ou na homeopatia, por exemplo. Todavia, são só especulações.

Como eu disse antes, é muito difícil encontrar evidências experimentais de forças elétrica em tais dimensões, porque nossos instrumentos não são o suficientemente sensíveis para detectar esses padrões de sensibilidade tão complexos e de tão baixa amplitude.

EP: Passemos a outro tema muito diferente, mas que tem muito a ver com sua teoria da vida. Vou citar textualmente o Prêmio Nobel Erwin Schroedinger, quando chamou à atenção ao afirmar que estávamos equivocados ao tentar medir a qualidade da comida, por exemplo, das coisas que comemos...

"Estamos nos fixando nos aspectos equivocados" disse. E você disse algo muito similar. Afirmou, por exemplo, que depois de haver investigado, pode afirmar que a comida que foi exposta a uma radiação, ou que tem muitas bactérias (em comparação com a comida normal), a emissão de fótons é mais fraca se comparada com a da comida fresca. De algum modo, nas suas palavras e na de Schroedinger, a comida poderia estar refletindo uma determinada quantidade de ordem, e se a comida reflete desordem, não está em bom estado. É isso?

FAP: Schroedinger descobriu que a qualidade da comida tem que ser medida em termos de sua capacidade organizativa, ele a chamava "megantropia da comida": os humanos e os animais são mais ou menos "ladrões de ordem". Nossa idéia era medir esta capacidade organizativa da comida mediante a interação de fótons, porque as plantas vivem da luz do sol.

A luz do sol é uma comida natural das plantas, e também dos humanos e dos animais, no sentido de que se alimentam de plantas que têm fótons armazenados. Por exemplo, se separamos a glicose - o açúcar - em CO² e H²O, ambos são componentes moleculares do açúcar, mas ambos contém luz do sol, armazenam luz do sol, e nosso corpo aproveita o CO² e o H²O do açúcar, e o resto é luz do sol, que permanece em nosso corpo enquanto o CO² e o H²O desaparecem.

Portanto, também vivemos da luz e temos que encontrar como se realiza esta conexão entre a capacidade de armazenagem da comida e sua qualidade. É muito provável que a qualidade da comida seja melhor quanto maior seja sua capacidade de armazenar luz, e por isso medimos sua capacidade de armazenar luz. Isto parece muito simples explicado assim, mas é muito mais complexo.

EP:
Estamos nos aproximando do dia em que chegaremos a saber qual é a dieta exata que deveríamos seguir, as coisas que deveríamos comer e as que não deveríamos? Por exemplo, você diz que não é tanto uma questão de quantidade, é sim uma questão da potência do campo bioelétrico, das interações entre diferentes produtos. Estamos nos aproximando do momento no qual conheceremos a dieta ideal para cada pessoa?

FAP: Espero que seja assim. Mas existem também muitos componentes subjetivos que não podem ser medidos com os biofótons ou com o que quer que seja. O tema da saúde é muito evidente se observarmos algumas doenças em diferentes culturas ou nações: os americanos por exemplo, levam uns 40 anos alimentando-se de conservas e comida preparada, e isso está lhes causando muitos problemas. Enquanto os chineses, que não podem permitir-se a comida preparada, simplesmente por motivos econômicos, mantêm uma saúde muito forte, inclusive quando mais velhos.

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Bioenergia E Bioeletrônica

EP: Tem havido uma mudança radical na percepção do universo, em direção a uma espécie de desmaterialização. E, conseqüentemente, sua aproximação bioenergética está nessa linha. Você acredita que sua investigação está nos levando a uma futura teoria da vida, que seria muito diferente da concepção químico-molecular que tínhamos antes?

FAP: Os sistemas vivos, comparados com outros sistemas, se diferenciam no fato de que a interação com a matéria é muito estreita, são dependentes um do outro, ambos se influenciam entre si. E este é um aspecto completamente novo. Está muito longe da visão da vida do ponto de vista de que a interação entre as moléculas é baixa.

É claro que é necessário saber que as moléculas estão envolvidas, porque podem chegar a influenciar todo o campo, mas não é suficiente. Seria como se você tratasse de descrever uma moeda só por uma de suas caras. Tem-se de olhar ambos os lados para se ter uma imagem completa.

Fonte: RTVE

Parâmetros para a revolução telescópia.

DESENHOS DE GALILEU comparados com fotos dos satélites de Júpiter e da Lua

Poder coletor, poder resolvente e fator de ampliação estão na base da pequena luneta de Galileu e permanecem como referências mesmo para telescópios modernos.

Para uma abordagem histórica do telescópio certamente vale a pena começar com a consideração de que o olho humano é um órgão tão fantástico que milhares de anos se passaram antes que pudéssemos perceber que ele tem limites e que esses limites podem ser superados.

O telescópio foi o primeiro instrumento usado para tornar visíveis coisas antes invisíveis. Ao longo de quatro séculos essa extensão do olho se expandiu em muitas direções: tamanho, acuidade, faixa espectral, rapidez de resposta e tempo de acumulação de luz.

Hoje ela opera em separado do corpo, de modo robótico, transmitindo imagens a distâncias de bilhões de quilômetros. Para compreender o funcionamento de um telescópio é preciso conhecer seu princípio, dado por Galileu. Deixando uma série de detalhes (técnicos e históricos) de lado, vamos nos concentrar nos três parâmetros que propiciaram essa revolução: poder coletor, poder resolvente e fator de ampliação.

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Parâmetros para a revolução telescópia.

A luz da maioria dos astros é tão fraca que é preciso coletar mais que a capacidade do olho para enxergá-los. Para isso, usa-se uma lente (também chamada de objetiva), que obviamente tem de ser maior que a pupila na entrada no olho. O poder coletor é simplesmente o número de vezes que a área da objetiva é maior que a pupila. (Lembre-se de que a área de uma figura circular é proporcional ao quadrado do diâmetro).

Uma pessoa de visão média, olhando para o alto do céu numa noite límpida, sem a presença da Lua ou de luzes artificiais, enxerga estrelas de até magnitude 6. Isso equivale a enxergar a sétima estrela do aglomerado das Plêiades. Por isso, no interior do Brasil, esse asterismo é chamado de “setestrelo”.

Galileu não tinha uma visão particularmente boa, pois a olho nu só enxergava seis das sete estrelas desenhadas em claro e negrito. As demais, representadas por pontos, ele só observou porque a objetiva da luneta tinha um poder coletor maior que o de sua pupila. Quanto teria sido esse fator?

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Parâmetros para a revolução telescópia.

ESBOÇO FEITO POR GALILEU mostra seis das sete estrelas de Plêiades visíveis a olho nu. À direita, fotografia astronômica desse asterismo


Não sabemos com qual de suas lunetas Galileu fez essas observações, mas podemos deduzir. Comparando esse desenho de Galileu com os catálogos atuais de brilho de estrelas, nota-se que ele enxergou estrelas de até magnitude 9 através da luneta. Como o ganho em magnitudes = 2,5 x logaritmo do ganho em luminosidade, isso significa que a objetiva da luneta coletou 16 vezes mais luz que o olho nu, o que dá um diâmetro quatro vezes maior que o da pupila.

Como a pupila à noite tem 0,6 cm de abertura, deduz-se que a objetiva da luneta de Galileu tinha 2,5 cm de diâmetro. De fato, esse era o diâmetro das primeiras lunetas galileanas. Seguindo esse mesmo raciocínio, não é difícil mostrar que se Galileu tivesse um telescópio como o Soar, cujo espelho primário tem 4,1 metros de diâmetro, conseguiria observar astros 467 mil vezes mais fracos que a olho nu (ganho de 14 magnitudes), o que implica um limite de magnitude 20.

Através do Soar, se poderia enxergar uma estrela como o Sol a 37 mil anos-luz, enquanto a olho nu o limite de visibilidade do Sol seria de apenas 65 anos-luz. Esses cálculos mostram por que o poder coletor, ou seja, o diâmetro da objetiva é o parâmetro mais importante de um telescópio / luneta, e isso é bem exemplificado por uma imagem moderna das Plêiades, que mostra que esse aglomerado contém mais de uma centena de estrelas, em vez das apenas 35 vistas por Galileu. O poder coletor permite revelar astros de brilho mais fraco que o limite detectado pelo olho humano.

O segundo parâmetro de uma luneta /telescópio é o poder resolvente, homólogo à acuidade na visão humana. Quanto menor as coisas que se enxerga, maior o poder resolvente. Desenhe dois pontinhos bem próximos entre si numa folha de papel. Pregue-a na parede e se afaste até não conseguir mais distinguir um do outro. A esta distância, a separação angular entre eles é de 2 minutos de arco, se você tiver uma acuidade visual típica.

Conhecimentos elementares de geometria permitem calcular o poder resolvente de seu olho usando um triângulo tendo como base os dois pontos na folha e sua distância até a parede. Com esse poder resolvente conseguimos distinguir uma pessoa a uma distância de 3,5 km (separar um ponto localizado na cabeça de outro nos pés).

As primeiras lunetas de Galileu permitiam um fator quatro vezes maior, ou seja 15 km. Foi isso que encantou seus patrocinadores. Eles podiam avaliar quantos soldados e quantas armas havia no convés dos navios inimigos muito antes que entrassem no porto.

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Parâmetros para a revolução telescópia.

ESQUEMA DE UMA LUNETA, mostrando a objetiva, a imagem no plano focal, a ocular e o fator de aumento

Limite do olho
O poder resolvente de uma lente cresce proporcionalmente ao seu diâmetro. Para a luz visível, uma objetiva de 10 cm tem poder resolvente de 1 segundo de arco (1”), o que é 120 vezes melhor que a vista desarmada. Com uma lunetinha menor que essa, Galileu revelou as crateras e as montanhas da Lua, as fases do planeta Vênus, as manchas solares, as luas de Júpiter etc. O poder resolvente permite ver coisas menores que o limite do olho humano.

A objetiva projeta a imagem em um plano focal, a uma certa distância (distância focal). Se colocarmos o olho no plano focal da objetiva, o brilho da imagem do astro será maior que a olho nu, mas não necessariamente enxergaremos mais detalhes. Isso porque a imagem no plano focal é, em geral, muito pequena e precisamos ampliá-la para enxergar os detalhes.

Isso porque a imagem no plano focal é, em geral, muito pequena e precisamos ampliá-la para enxergar os detalhes. Para isso, usa-se uma segunda lente, de menor distância focal que a objetiva, a chamada ocular. O fator de ampliação (ou aumento) da ocular é determinado pela razão entre a distância focal da objetiva da ocular.

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Parâmetros para a revolução telescópia.

Assim, uma ocular de 10 cm de distância focal, acoplada a uma objetiva de 1 metro de distância focal permite aumento de 10 vezes. Outra, de 1 cm dá aumento de 100 vezes. Jogando com esses dois números é possível obter fatores de aumento de até milhares de vezes. Esse fator não tem a menor importância para os astrônomos profissionais, desde que passaram a coletar as imagens sobre detectores e só depois, durante o dia, se dão ao trabalho de ampliá-las.

O “aumento” é um número que os vendedores geralmente usam para impressionar os compradores novatos de lunetas. Note que uma ocular com mil vezes de aumento é imprestável para a observação com lunetas. Entre os diversos motivos está o fato de que a atmosfera deforma as imagens dos astros, transformando estrelas puntiformes em pequenos borrões de alguns segundos de arco.

De nada adianta ter o poder resolvente da óptica de um telescópio maior se o fator limitante é a atmosfera. Por isso, embora os telescópios tenham aumentado surpreendentemente em poder coletor desde a luneta de Galileu, a nitidez das imagens não melhorou muito nesses 400 anos, pois esteve limitada pela atmosfera terrestre e não pela óptica do telescópio. Só recentemente a tecnologia vem conseguindo superar o limite atmosférico, mas isso é história para um próximo artigo.