terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A ERA DE AQUÁRIO


Alexey Dodsworth - Diretor técnico da Central Nacional de Astrologia.

Além do movimento de rotação da Terra em torno de seu eixo, há também um movimento que envolve uma lenta mudança deste próprio eixo, e a este movimento chamamos "precessão dos equinócios".
Por conta desse movimento a posição do Sol na eclíptica se modifica vagarosamente,modificando o fundo aparente das estrelas ditas "fixas". Um observador atento notará que, ano após ano, o Sol cruza o Equador no início de cada equinócio sempre um pouco antes do ponto cruzado anteriormente.
Aproximadamente a cada 72 anos, os equinócios caminham um grau para trás, o que incorre na duração de cerca de 2156 anos para cada Era astrológica, e um ano sideral de 25868 anos terrestres (quando todo o zodíaco é percorrido).

Cálculos variados localizam a Era de Aquário como tendo início por volta do ano de 2600. Há algumas divergências quanto a isso. Max Heindel, por exemplo, aponta o ano de 2654 como início da Nova Era, enquanto que Shepherd Simpson aponta o ano de 2680.
Divergências acerca da exatidão à parte, o importante aqui é compreender o que caracteriza a mudança de uma Era para a outra: a precessão dos equinócios.

A ERA DE AQUÁRIO -II

Nos anos 60, pouco antes da estréia do famoso musical "Hair", no qual foi lançada a conhecida canção "Let the sunshine in" (mais conhecida como "Aquarius", por conta de seu refrão), ocorreu um acúmulo planetário (stellium) no décimo-primeiro signo zodiacal.

Nos dias
4 e 5 de fevereiro de 1962, praticamente todos os planetas do céu visível (os planetas tradicionais da Astrologia) se encontravam alinhados no signo de Aquário. Na ocasião, diversas reportagens e astrólogos anunciavam que este seria "o sinal" para o início da Era de Aquário.

Investigações em bibliotecas públicas poderão comprovar o que digo: muitos astrólogos de todas as partes do mundo anunciavam o dia 4 de fevereiro de 1962 como sendo o início da tão esperada Nova Era, considerada a promessa de um período de paz, harmonia e fraternidade entre os povos.
Há dois pontos importantes a serem considerados, aqui: primeiramente, não obstante o fato de que o aglomerado planetário de 1962 tenha sido realmente impressionante, o que marca o início de uma Era não é um aglomerado num signo, e sim a precessão equinocial.

É tecnicamente incorreto atribuir o início da Nova Era ao dia 4 de fevereiro de 1962; em segundo lugar, o acúmulo astrológico em Aquário foi seguido pelos mesmos tradicionais conflitos, guerras, manifestações de intolerância e todas as coisas que ainda fazem parte da natureza humana.

A ERA DE AQUÁRIO -III

Em 17 de outubro de 1967, anos após o impressionante aglomerado aquariano, foi lançado o musical "Hair", cuja música-tema canta (traduzindo para o português):
"Quando a Lua estiver na sétima casa e Júpiter se alinhar com Marte então a paz guiará os planetas e o amor dirigirá as estrelas este é o começo da Era de Aquário (...)"A música em questão NÃO está tecnicamente correta, já que, conforme explicado, o início da Era de Aquário não tem absolutamente nada a ver com Marte alinhado com Júpiter ou com a Lua na Casa 7. Entretanto, a música não tem nenhuma obrigação de estar tecnicamente correta.

Vale aqui recordar a controvérsia envolvendo o filme "O Signo da Cidade", no ano passado: a arte não tem que corresponder a uma verdade técnica. Se a música expressasse que a Era de Aquário começaria com Plutão na Casa
13 ou com a Lua retrógrada, isso seria licença poética, a prioridade é a rima, a estética, e não a verdade técnica.
O problema começa quando queremos de qualquer jeito encaixar a arte na verdade técnica ou a verdade técnica na arte. Vale também salientar que a música em momento algum diz que o alinhamento de Marte com Júpiter deve ser no signo de Aquário.
Ela fala de alinhamento de Marte com Júpiter puro e simples, coisa que acontece com grande regularidade. A Lua na Casa 7, por sua vez, é um evento diário. A propósito, a Lua sempre estará na Casa 7 em algum ponto do planeta Terra.
Nos próximos dias 14, 15 e 16 de fevereiro, viveremos um alinhamento envolvendo os planetas Marte e Júpiter no signo de Aquário, numa conjunção muito próxima.
O Nodo Lunar Norte e Quíron também estarão envolvidos nessa configuração. Mercúrio se aproxima de Marte e Júpiter por conjunção aplicativa; e Netuno, apesar de estar em Aquário, estará muito distante do que seria aceitável para uma conjunção.

A ERA DE AQUÁRIO -IV

Alguns astrólogos salientam a importância deste dia como sendo um dia favorável para meditações concernentes à paz mundial, à fraternidade entre os povos e outras coisas que fazem parte do ideal aquariano.
Outros (poucos) apontam para esta data como sendo a data de início da Era de Aquário, usando como argumento o fato de a configuração astrológica desse dia ser a cantada pela música "Let the sunshine in".

No tocante à possibilidade de meditarmos e fazermos mentalizações pela paz mundial, não há nenhuma incorreção técnica neste clamor. Particularmente, creio que todos os dias são dias em que este tipo de bom desejo pode ser emitido, mas esbarramos aí com a crença de cada um, que não tem nada a ver com tecnicidades astrológicas.

Entretanto, se o astrólogo acredita que o dia 14 de fevereiro de 2009 assinala o início da Nova Era, ele está tão errado quanto estiveram aqueles que, em 1962, diante de um aglomerado astral muito mais impressionante do que o que veremos no próximo dia 14, afirmaram a mesma coisa.
O que poderá ser comemorado no dia 14 de fevereiro próximo será tão-somente a conjunção de Marte com Júpiter, e não o início da Era aquariana.

A ERA DE AQUÁRIO -V

Vale destacar que nos encontramos num período de transição, em que a Era de Peixes manifesta seus derradeiros estertores e a Era de Aquário já mostra seus primeiros sinais. Apesar de a Nova Era só se iniciar por volta do ano 2600, é perfeitamente possível vislumbrarmos suas características desde já.
Por fim, como ponto de reflexão possível, vale questionar se a Era de Aquário é o que imaginamos que seja. Muitos idealizam a Nova Era, apostando nela como sendo um período de paz, amor e harmonia universais.
Na prática, entretanto, uma Era astrológica não é melhor do que a outra, é apenas diferente, com novas virtudes e novos problemas. Que problemas possíveis podemos ter de enfrentar na Era de Aquário é assunto para muitas discussões que servirão como novos artigos para este site.
Que o sol nos ilumine!

Alexey Dodsworth é Diretor Técnico da CNA
CNA - Central Nacional de AstrologiaAv. Presidente Vargas, 590 - Sala 902, Centro, Rio de Janeiro - RJ,CEP 20071-000 - e-mail:
contato@cnastrologia.org.br

Acobertamento, questão vital

Paulo R. Poian.

Já nos anos 20 do século passado temos registros de pessoas idôneas que procuravam as autoridades para tentar repassar informações sobre os perigos da energia nuclear para fins bélicos e os efeitos da poluição desenfreada, relatando que foram alertadas por seres extraplanetários.

Interessante salientar que não havia sequer noção do que era esta tal energia entre a população civil antes de Hiroshima e Nagasaki
(1945),
e muito menos no que poderiam resultar os poluentes na atmosfera e superfície terrestre. Começaram a ser taxadas propositalmente de mentirosas, loucas, inconseqüentes.

Hoje em dia sabe-se que por essa época se começava o chamado acobertamento, a desinformação, porque foram alguns governantes, cientistas e militares que começaram a acusar essas pessoas de insanidade, de mentirosas e a população absorveu, sem questionar.
Alguns governos começaram a investigar o que estava acontecendo e perceberam que os UFOs eram reais e que provavelmente não eram terrestres. A partir daí, quem falava em Disco Voador era totalmente ridicularizado. Isso fez com que todos tivessem medo de contar suas experiências, guardando tudo apenas em família, mesmo assim com muito cuidado.

Na própria constituição americana, existe um artigo dos anos
60
determinando o isolamento e a quarentena de qualquer cidadão suspeito de ter tido contato próximo com um UFO, sem haver necessidade de ordem judicial ou mandado de busca e prisão (como se faz atualmente com algum suspeito de terrorismo).

Ora, mas por que isso se Discos Voadores não existem? Obviamente todos nós sabemos da política de acobertamento mundial, não é necessário exemplificar e relembrar tantos casos envolvendo autoridades e o sigilo ufológico perante a humanidade, os governos mundiais estão conscientes e aceitam o fenômeno UFO.

Contudo, algumas questões vêm sempre à tona e é sobre elas que pretendemos explanar:Quais seriam os grandes motivos para o acobertamento? Por que não se fala tudo o que se sabe, afinal? Por que não abrem o jogo?
1) Na modesta opinião deste autor, o principal motivo para a continuidade destas mentiras hoje em dia é a imensa bola de neve que isto se tornou. A questão é: Por onde começar a contar a verdade? Como? Quais seriam os efeitos políticos e militares perante a população revoltada com tantas mentiras assumidas publicamente? Quem pagaria e responderia judicialmente por isso, quem seria culpado?
2) A vulnerabilidade norte-americana. Isso foi exposto ao mundo em 11 de setembro de 2001, todos viram que os EUA não é indestrutível nem invencível. Isso foi uma desmoralização ao controle norte- americano sobre o mundo.
3) A fragilidade mundial perante os UFOs. Imaginem os principais líderes mundiais numa rede internacional de rádio e TV, assumindo publicamente a realidade extraterrestre! Imaginem o Bush, falando aos americanos e ao resto do planeta: "- Olha, é tudo verdade. Os extraterrestres existem realmente, pilotam suas naves entrando e saindo da Terra na hora em que quiserem e nós não podemos fazer nada.
Nada pode detê-los, não há leis que proíbam ets de viajarem por nosso espaço aéreo e mesmo que houvesse, quem iria impor isso a eles?" O que mudaria caso fosse aceita oficialmente a presença alienígena? Parece que muita coisa. Para a Igreja (religião), nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Criacionismo) e pronto, é isso.
Com a aceitação da Ufologia, nós, na verdade, poderíamos ter a confirmação de que somos frutos de um processo de colonização como nós mesmos estamos começando a fazer, indo a outros planetas e, no futuro, começaremos a gerar ou recriar vida em outros orbes.

Nós mesmos teremos que migrar para outros planetas devido à superpopulação. Ou resultado de algum tipo de experimento genético, igualmente como já estamos fazendo com animais e plantas (clones e transgênicos). Isso acertaria em cheio a Igreja, além de outros fatores.

Para a Ciência, somos frutos da evolução natural das espécies (Evolucionismo), isso nos coloca como resultado do acaso, aconteceu o ser humano e é só. Surgir uma célula pensante e consciente (ser humano) é algo que coloca quase em xeque a teoria evolucionista.

Não há como o macaco, somente pela ação da natureza, descer da árvore e sair pensando, do nada. O próprio Charles Darwin assumia humilde e sabiamente a existência de lacunas em sua obra. Seria o humano uma aberração genética, causada por mutações muito rápidas e em séries?

Somente nós somos conscientes e sabemos disso, as outras espécies do planeta não. Ou fomos gerados a partir de testes científicos realizados por cientistas não terrestres. Isso daria um belo nó e uma rasteira na Ciência como ainda a conhecemos de modo geral.

E, claro, questões militares, afinal, ficariam sem sentido as guerras, equipamentos bélicos, armas, divisões imaginárias entre países, domínio de uns sobre os outros (para que tudo isso se somos uma só nação, uma só civilização chamada Humanidade?).

Acabaria até o sentido do dinheiro, pois por que não produzirmos única e exclusivamente para sermos então iguais, fornecendo tecnologia, saúde e alimentação a todos, se é de todos? Isso traria uma evolução real à Humanidade e isso governantes, militares e magnatas não vão permitir.

Preferem gastar bilhões de dólares combatendo os pobres (não a pobreza), em armas, projetos de guerra e jogando esse "lixo intelectual" que nós vemos todos os dias na TV justamente para continuarmos na ignorância e dependentes. Conseguiram perceber por que há tanta necessidade de se ocultar o fenômeno UFO por parte de nossas autoridades?

Negar a presença extraterrestre é negar a verdade e fazer com que a mentira, a falsidade e a tirania nunca tenham fim. Aquilo que chamamos erroneamente de Humanidade apenas parte de algo mais complexo, espalhado pelo Cosmos.
Compreender isso pode ser a chave para entendermos nosso comportamento e o dos seres extraterrestres, dimensionais, qualquer que seja o local de onde possam originar-se. Não adquirimos a maturidade suficiente para respeitar e ser respeitados e, por causa disso, não passaremos de um grande laboratório para sermos estudados, analisados.
E se não nos cuidarmos ou não acordarmos logo, poderemos descobrir tarde demais que a vida terrestre não vale nada e que tão cedo não teremos chances de participar da 'elite cósmica'.

Einstein e Buda

Entrevista do Dr. Fritjof Capra, físico, aJocelyn Ryder-Smith da BBC de Londres

Os físicos que trabalham com as partículas subatômicas e os místicos orientais não têm, aparentemente, nada em comum. De fato, os físicos interessam-se no estudo e na avaliação precisa do mundo material, enquanto os místicos se esforçam por compreender o mundo interior do espírito e tratam de penetrar, assim, na realidade.

Não obstante, o Dr. Fritjof Capra, que dá conferências e dirige, no campo da física, investigações sobre as partículas na Universidade da Califórnia, tem descoberto importantes paralelos entre estas duas visões do mundo. O seu livro “O Tao da Física”, expõe seu ponto de vista sobre este aspecto.

Assim, sem querer diminuir as diferenças que existem entre a física e o misticismo, considera que as investigações nestes dois campos tendem a uma melhor compreensão do mundo, e que os resultados que daí derivam são fundamentais aos mesmos. Certamente o Dr. Capra não é o primeiro cientista a pôr em evidência este tipo de paralelo.

Ele o explica em entrevista a Jocelym Ryder-Smith, durante o Programa “Einstein e Buda”, na BBC de Londres. Dr. Fritjof Capra – Na realidade, cito, no começo do meu livro “O Tao da Física”, três físicos: Werner Heisenberg, Robert Oppenheimer e Niels Bohr. Estes três cientistas, que estão entre os mais eminentes de nossa época, destacam as surpreendentes similitudes que existem entre os conceitos da física moderna e os da filosofia oriental.

Jocelyn Ryder-Smith Evidentemente, estes conceitos vieram completar as visões do mundo dos físicos e dos místicos orientais. Para você, Dr. Capra, a idéia de que temos, cada um de nós, um ponto de vista sobre o mundo, é essencial, pois você considera que o que parece real e importante para cada indivíduo, dá forma a toda sua vida.

Entretanto, todos percebemos com a ajuda de nossos cinco sentidos: vemos, tocamos, gostamos, escutamos e olhamos as mesmas coisas. Podem realmente existir pontos de vista diferentes sobre o que nos comunicam os nossos sentidos? Temos verdadeiramente, em nossa civilização ocidental, um enfoque diferente?

Einstein e Buda - II

Dr. Capra Quando estamos resfriados ou com gripe, achamos que “pegamos” um vírus ou um micróbio. Mas um brasileiro, membro de uma tribo analfabeta, atribuirá seu resfriado à uma má ação cometida contra sua família, ou aos maus espíritos susceptíveis de tê-lo rodeado, ou ainda à um feitiço que alguém lhe tenha feito. Esta interpretação de enfermidade ilustra a maneira em que os pontos de vista podem revelar-se radicalmente diferentes.

Ryder-Smith – Entretanto, se nos referimos a elementos que a maioria das pessoas considera como constantes ao seu redor, como as pedras, as árvores, as mesas, as casas, pode-se supor uma diferença de ponto de vista sobre os elementos físicos desta natureza?

Dr. Capra – Naturalmente. Basta compreender que a pessoa que vivia na época medieval, ou antes, cria que tudo estava animado por espíritos ou fantasmas, e não pensava em tudo em termos de objetos separados, de sistemas mecânicos, etc. Esta concepção que compartilhamos agora, ao vivê-la em nossa realidade cotidiana, nasceu essencialmente no Século XVII com o desenvolvimento da ciência.

Ryder-Smith – A concepção científica do mundo que prevalece em nossa civilização foi consideravelmente modificada em alguns decênios. Até os trabalhos de Einstein, a física se fundamentava na concepção do mundo que vinha do século dezessete, elaborada, entre outros, por Newton, Descartes e Bacon.

Dr. Capra – Poderíamos dizer que esta visão do mundo era “mecanicista”, pois considerava o mundo como uma máquina, composta de elementos separados que funcionavam conjuntamente. O observador era considerado como objetivo, ou seja, independente deste universo mecânico.

Os diversos elementos, compostos de blocos básicos de construção, pareciam feitos de uma substância material fundamental. Então, este ponto de vista foi enormemente modificado durante os primeiros decênios do Século XX. Pela primeira vez os físicos estudaram os átomos, analisando a sua estrutura, e depois as partículas subatômicas.

Assim descobriram que a maioria dos conceitos clássicos já não era fiáveis, pois não correspondiam à esta nova realidade atômica e subatômica. A atual concepção já não considera o mundo como uma máquina composta de elementos separados, mas muito como um conjunto orgânico, ou rede, uma teia de aranha tecida por todas estas conexões na qual o observador se encontra fundamentalmente incluído.

Ryder-Smith – Este ponto de vista é o da física moderna. Hoje os físicos estudam as partículas subatômicas como os prótons e nêutrons no núcleo atômico, e os elétrons e outras partículas que circulam ao seu redor.

Dr. Capra – Um dos resultados mais espetaculares e fundamentais destas investigações é dar-se conta de que não se pode compreender estas partículas atômicas como entidades físicas distintas e isoladas. Muito ao contrário, existem inter-relações ou correlações entre diversos processos de observação e avaliação.

Vemo-nos, pois, forçados a concluir que se pode declarar razoavelmente que um objeto se compõe de moléculas, que estas moléculas se compõem de átomos, e que os átomos estão constituídos por partículas, que já não são entidades independentes, mas interconexões numa rede única e dinâmica de relações.

Então torna-se evidente que se estas partículas não são independentes, conseqüentemente, os átomos não são independentes, nem por outra parte os sólidos, líquidos e gases formados por estes átomos. Assim, tudo está inter-relacionado e não constitui nada mais que um único conjunto global.

Einstein e Buda - III

Ryder-Smith Assim, a noção de objetos existindo separadamente uns dos outros, que nos parece, a todos nós, uma simples questão de sentido comum, na realidade é uma idéia que criamos de maneira completa.

Os físicos não podem tratar isoladamente objetos independentes quando estudam o mundo das partículas subatômicas – este mundo incrivelmente pequeno que serve de base a tudo o que podemos ver e tocar. Os físicos declaram que neste nível tudo está relacionado, e isto constitui o primeiro paralelo importante com o misticismo.

Dr. Capra – A noção que exclui toda separação de um elemento com relação a outros no universo é precisamente um dos pontos chave das tradições místicas, não somente no Budismo, no Taoísmo ou no Hinduísmo, mas também nas tradições místicas ocidentais.

Elas sobressaem sempre que a realidade é um todo unificado, recordando que a noção de objetos separados não é mais que uma ilusão. Aí é onde intervêm uma diferença importante entre os pontos de vista dos físicos e dos místicos. Como físico, eu diria que a noção de objeto separado é uma idealização, uma abordagem que, embora resulte muito útil, fundamentalmente não é exata. O místico qualificará esta noção de ilusória, ressaltando que embora experimente o efeito, não poderá discernir a verdadeira realidade.

Ryder-Smith Pode-se fazer outro paralelo, recordando que a física, como o misticismo, não se ocupa do sentido comum: você não pode basear-se no sentido comum para aprender, por exemplo, a noção de um todo unificado. O sentido comum não tem lugar nem numa nem noutra destas visões do mundo.

Dr. Capra – Isto se explica pelo fato de que, nestes casos, os cientistas e os místicos levam as suas investigações muito mais além do mundo da percepção sensorial cotidiana. Os físicos utilizam instrumentos que representam uma extensão dos nossos sentidos ordinários, mas nunca podemos ver, ouvir nem tocar um átomo diretamente.

Os místicos entram conscientemente em estados meditativos profundos e ultrapassam amplamente os limites do mundo sensorial e das percepções ordinárias. Entretanto, o místico como o físico, ambos dão-se conta de que neste campo precisam de conceitos, noções ou teorias completamente fora do comum, e na realidade se servem de conceitos muito similares com respeito a isto.

Ryder-Smith –
Outro traço que também pode ser encontrado entre os místicos e os físicos e que se opõe ao senso comum é que, de fato, os dois lidam com paradoxos. Assim, admite-se na física o fato de que a luz é composta de um fluxo de partículas – sendo essencialmente uma onda. Entretanto, o bom sentido nos diz que uma coisa pode ser um pequeno ponto, ou ser uma onda que se propaga, mas não as duas coisas ao mesmo tempo. Este é um dos numerosos paradoxos que existem na física moderna.

Dr. Capra Certamente estes paradoxos representaram uma função crucial no descobrimento de toda a física atômica. Compreenda que todo o problema resulta da utilização de uma linguagem obsoleta para explicar fenômenos novos, ou de servir-se de termos cotidianos para descobrir fenômenos fora do comum. Tanto os místicos como os físicos têm admitido a existência destes paradoxos.

Einstein e Buda - IV

Ryder-Smith Parece que a teoria da relatividade é a que estabeleceu os paradoxos mais conhecidos. A ficção científica apoderou-se da noção de relação entre espaço e tempo, mas esta relação certamente não é evidente para todos.

Dr. Capra – A observação dos movimentos de objetos numa velocidade muito elevada – próxima da velocidade da luz – permite apreciar numerosos fenômenos.

Tome por exemplo uma caneta e a faça circular extremamente rápido numa velocidade próxima à da luz. Observará que esta caneta encolhe-se na medida que a velocidade se eleva. O que ocorre na realidade? Qual é o comprimento real da caneta? Este paradoxo é resolvido por intermédio da teoria da relatividade, que supõe uma realidade do espaço e do tempo em quatro dimensões.

A caneta é uma projeção em três dimensões de uma realidade de quatro dimensões. De fato, os físicos estão tão habituados, no terreno da matemática, a este fenômeno de redução dos objetos a velocidade elevada que já não constitui um paradoxo para nós.

Ryder-Smith –
Por outro lado, os físicos têm o costume de considerar a massa e a energia como uma só e única coisa, enquanto que esta noção não é habitual para a maioria da gente. Quando, neste campo, o estudo é levado até as partículas subatômicas, estas podem ser consideradas como massas de energia, animadas por um movimento constante.

De fato, neste nível não existe nada estático nem fixo. Do ponto de vista da física moderna, estes aspectos sobre o mundo encontram um paralelo na concepção dos místicos.

Dr. Capra – Com efeito, estas duas noções – a da unificação ou inseparabilidade do espaço e do tempo, e a da equivalência entre massa e energia – estão igualmente presentes no ensinamento dos místicos. Não utilizam os mesmos termos, claro, mas sustentam constantemente que se deve ter uma compreensão dinâmica do universo – tal como movimento, cadência, vibração.

Não existem estruturas rígidas, nem substância material. Tiramos esta lição exatamente da relatividade. No início fiquei abismado, mas depois muito satisfeito por comprovar esta coerência. Segundo as tradições orientais, só pode ter uma compreensão dinâmica do universo se alguém der conta de que tempo e espaço são inseparáveis. Assim, os Budistas consideram que o tempo e o espaço se interpenetram, o que descreve perfeitamente a noção de tempo e espaço da teoria da relatividade.

Ryder-Smith – Existe ainda outro vínculo entre os físicos modernos e os místicos orientais, pois ambos consideram que não se pode ser um observador objetivo separado do mundo que é observado.

Dr. Capra –
Não se aprende o conhecimento místico nos livros nem na escola. Deve ser adquirido pela experiência e exige o total envolvimento do ser. Enquanto isso, os físicos contemporâneos começaram a se referir ao participante, em vez do observador. Sendo assim, o conhecimento da relevância da participação constitui um aspecto muito importante em todas as tradições místicas.

Ryder-Smith Estes paralelos entre os físicos e os místicos são os que você considera como os mais importantes. Eles apresentam dois aspectos primordiais.

Dr. Capra –
De fato. O primeiro aspecto diz respeito à unidade fundamental e à interdependência de todos os fenômenos. O segundo aborda a natureza intrinsecamente dinâmica da realidade. Existem outros paralelos, mas estes dois são os mais importantes.

Ryder-Smith –
Mas, são tão profundas estas semelhanças? Podem os físicos e os místicos utilizar termos idênticos para descrever sua concepção da realidade, embora os paralelos sejam talvez superficiais?

Dr. Capra – Esta suposição é muito interessante, pois de fato é exatamente o que pensei no princípio. Disse a mim mesmo que estes paralelos efetivamente não podiam ser mais que superficiais. Minha convicção não podia firmar-se mais do que a descoberta de outros paralelos que realmente reforçaram a coesão deste ponto de vista... e é precisamente o que ocorreu.

Descobri que os paralelos que existem em diversos campos se reforçavam mutuamente. Por esta razão agora considero que a visão do mundo descrita nas tradições místicas representa os fundamentos filosóficos que melhor correspondem às teorias da ciência moderna.