segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Porque sou cientista e espírita

Dr. Luís de Almeida

O Professor Doutor Luís de Almeida, cientista português da Agência Espacial Européia (ESA) e da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) levou a Doutrina Espírita aos rigorosos meios acadêmicos das Universidades inglesas de Cambridge e Oxford.

O Prof. Doutor Luís de Almeida proferiu no dia
14 de Julho no conceituado «Instituto de Ciências Matemáticas Isaac Newton» da Faculdade de Matemática da Universidade de Cambridge, dirigido atualmente pelo Professor Doutor Stephen Hawking, pelas 9:00,
uma conferência intitulada "O que é espiritismo, e o que não é espiritismo".

Uma segunda palestra, com início às 14:00 foi subordinada ao tema "O Papel do Espiritismo na sociedade vigente e a importância do espiritismo na vida de um cientista". Foi a primeira vez que a Universidade de Cambridge abriu as portas a um cientista para, abertamente, falar sobre a doutrina espírita.

O público, composto exclusivamente por cientistas, professores e alunos universitários europeus, esgotou praticamente a lotação de cerca de
500
lugares da sala. Aproveitando uma deslocação de trabalho do cientista português à referida universidade, um grupo de colegas ingleses, irlandeses e escoceses agendaram, sem conhecimento prévio do Professor Luís de Almeida, a conferência, curiosos pela forma como este sempre dialogara, em privado, sobre a Doutrina Espírita.

A abordagem realizada permitiu um constante paralelismo entre Espiritismo e Ciência nos domínios da Astrofísica e da Cosmologia. Esta por ser uma ciência única, na qual só pode haver observações, e não experiências – tente-se retirar uma amostra do tecido do universo, ou arrancar um pedaço do Sol, para colocar numa lamela e levar ao microscópio -, de igual forma o Professor Allan Kardec criou um método para melhor se entender a realidade espiritual que nos envolve.

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Porque sou cientista e espírita

Não se precisa observar buracos negros, estrelas nos confins do universo ou matéria escura para saber que existem. De forma muito semelhante, não é necessário visualizar espíritos e sua influenciação para sabermos da sua existência.
Em ciência e no espiritismo, a observação, a reflexão filosófica e a revelação espiritual (espiritismo) ou intuitiva (ciência) são meios que cooperam na busca da verdade e, cada um deles, controla o outro.

É precisamente a partilha deste princípio que faz que um espírita ou um cosmólogo possuam um sentido de análise crítica. Dos fenômenos espíritas desde os primórdios da história da humanidade aos que despertaram a curiosidade do físico-químico inglês Sir William Crooks, do astrônomo francês Camille Flammarion e do pedagogo francês Hippolyte Léon-Denizard Rivail (Allan Kardec), entre tantos outros mais homens de ciência, aos quais a fenomenologia lhes despertou a verdadeira alma do cientista: a curiosidade.

Prosseguindo na sua linha de analogia entre "ciência e espiritismo" o cientista português, afirmou mesmo que ser espírita é ser como um cientista, sermos homens e mulheres dos "Porquês..?".

Querermos sempre saber mais e mais. Compreendermos, para melhor conhecer a Vida e conhecermo-nos a nós próprios; esta é a proposta ímpar que a doutrina espírita nos oferece.
Uma doutrina lógica e racional, libertadora e consoladora que consola o coração com a razão e liberta a mente com o amor , atestou Luís de Almeida, de forma surpreendente, levando aplatéia a interromper com uma salva de palmas.

Luís de Almeida comentou então com o auditório que o espiritismo "nasceu" em França e, vários vultos da cultura inglesa e mundial, como Sir Arthur Conan Doyle, os matemáticos ingleses Lord Rayleig e Prof. De Morgan, Sir David Brewster, o médico russo Aleksander Aksakof, o Prof. Butlerof, o astrônomo alemão Friedrich Zöllner, o fisiologista francês Charles Richet, o naturalista inglês Alfred Russel, o físico inglês Sir Oliver Lodge, o cientista alemão von Braun, entre centenas de outras individualidades européias, estudaram esses fenômenos e que, na atualidade, a Inglaterra e os EUA têm vários pesquisadores de primeira linha na continuidade desses estudos, rumo a um maior conhecimento das perguntas que todos os cientistas colocam; quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

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Porque sou cientista e espírita

Com uma linguagem racional e objetiva explicou que, no caso português, a Fundação Bial, da cidade do Porto, concede bolsas aos pesquisadores que pretendem estudar o "espírito" e que, na seqüência, os congressos da Bial em nível médico são dos mais conceituados da Europa.

No Brasil, o médico psiquiatra Alexander Moreira-Almeida, a Profª. Doutora Dora Incontri e o Eng. Hernâni Guimarães de Andrade (já desencarnado), todos de S. Paulo, deram e dão enormes contributos para um espiritismo muito sério, com rigor e dirigidos igualmente para o meio acadêmico.

Sem esquecer a vida do maior médium espírita psicógrafo de todos os tempos, Francisco Cândido Xavier, com mais de
400
livros nas mais variadas áreas e estudado pela NASA. À platéia inglesa, que pela primeira vez ouviu falar de espiritismo,explicou que, por vezes, pessoas mal-intencionadas e /ou ligadas ao ocultismo: tarô, astrologia, adivinhações e outras crendices, se intitulam de espíritas aproveitando-se da seriedade e respeitabilidade que o espiritismo possui.

Numa breve viajem histórica através do movimento espírita europeu, explicou que Portugal, Espanha, França, Inglaterra,Bélgica, Rússia e Suécia, de entre outros países europeus, tinham um número apreciável de adeptos no início do século XX, mas que a I e II Grandes Guerras abalaram fortemente o alicerce do espiritismo europeu e, do que restou, em Portugal e Espanha, as ditaduras de Salazar e Franco quase extinguiram o que sobrou tendo, neste último país, alguns espíritas sido fuzilados por ordem do General Franco.

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Porque sou cientista e espírita

Face ao interesse despertado, a conferência prosseguiu até às 13:30, reiniciando-se às 14:00. Na parte da tarde o pesquisador português explicou, como cientista, a importância do espiritismo na sua vida pessoal, social e profissional. Narrou fatos pessoais, tendo muitos dos colegas intervindo para relatarem fatos semelhantes, e informou que em Inglaterra existe uma Federação Espírita: a British Union of Spiritist Societies.

O êxito e o entusiasmo gerado entre os assistentes fizeram com que colegas de várias universidades do Reino Unido tivessem endereçado convites para palestras semelhantes nas respectivas universidades. Por necessidade de cumprimento do calendário de trabalho apenas foi possível a realização de uma única sessão na universidade de Oxford, ocorrida no dia
16 de Julho, pelas 15:00, à qual puderam comparecer 250
acadêmicos britânicos.

Nesta palestra o tema «Por que sou cientista e espírita», o Professor teve a oportunidade de explicar pormenorizadamente importância de um cientista ter, como bússola na sua vida social e acadêmica, uma "ciência filosófica de conseqüências morais".

Indagado acerca da receptividade das suas palavras, o cientista português respondeu "os europeus estão bem receptivos à Doutrina Espírita".

Redação: Maria José Cunha

Odisséia na Terra

Juiz nega indenização para cantora em ação contra Veja
Por: Débora Pinho

A polêmica frase “Fui chipada”, da cantora Elba Ramalho, voltou a ser discutida. Desta vez na Justiça. A cantora pediu indenização por danos morais em ação movida contra a revista Veja e o jornalista Marcelo Marthe. Disse que se sentiu ofendida com a afirmação da Veja de que queria apenas aumentar a venda dos seus discos com as declarações feitas durante um evento internacional de ufologia.

O juiz auxiliar da 27ª Vara Cível Central de São Paulo, José Tadeu Picolo Zanoni, rejeitou o pedido de indenização de Elba Ramalho. Segundo ele, a cantora faz “uma verdadeira confusão entre seres extra-terrestres, abduções, Jesus Cristo, Virgem Maria, Deus, Ashtar Sheran”.

Zanoni disse que, para quem acompanhou a série Arquivo X, “implantação de chips, presença de seres extra-terrestres, complô supra-governamental, diversos tipos de alienígenas, experiências genéticas, óleo negro” não são novidades.Elba também considerou que a notícia teve um tom “jocoso”.

A revista e o jornalista alegaram que o tom jocoso da notícia está dentro do que é permitido. O juiz aceitou o argumento da Veja e do repórter e ainda condenou a cantora a pagar as custas processuais e os honorários advocatícios fixados em
10% do valor da causa estimada em aproximadamente R$ 120 mil
.

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Odisséia na Terra

Em baixa

Na ação, a cantora afirmou que o jornalista desconsiderou a venda dos seus últimos discos com o comentário supostamente ofensivo. O juiz lembrou que os últimos discos da cantora venderam bem porque foram obras conjuntas com artistas como Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho.

“Assim, é compreensível que um acabe ajudando o outro e a obra venda mais. Antes desse trabalho, o disco “Solar” vendeu 75.720 cópias. Assim, é crível a consideração feita pelos requeridos que a autora está vendendo pouco. É cabível considerar que sua aparição no evento de Curitiba foi em busca de notoriedade. Como visto nesta sentença, a autora também apareceu em Ferraz de Vasconcelos (“Santa de vidro”) e em encontro ufológico em Campinas”, afirmou o juiz.

Leia a decisão:
Vigésima Sétima Vara Cível Central da Capital.
Toda a nossa ciência, comparada com a realidade, é primitiva e infantil – e, no entanto, é a coisa mais preciosa que temos. Albert Einstein (1879-1955).

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Odisséia na Terra

V I S T O S.

ELBA MARIA NUNES RAMALHO (ELBA RAMALHO) move ação de indenização cumulada com obrigação de fazer cumulada com exibição de documentos contra EDITORA ABRIL LTDA. e MARCELO MARTHE. Alega que é conhecida cantora e cita dados relativos à vendagem dos seus discos.

Além disso, tem interesse em assuntos ufológicos, esotéricos e espiritualistas. Participou da 11ª Conferência Internacional de Ufologia em Curitiba, sendo que foi entrevistada pelo segundo requerido, agindo em nome da primeira requerida. Ambos deram tratamento inadequado ao que foi declarado pela autora, confundindo declarações dela com coisas que foram ditas em plenário.

Foi editada uma matéria de conteúdo jocoso, sendo enfatizada a frase “fui chipada”. Também foi dito na matéria que a autora somente teria declarado tais coisas para aumentar a vendagem dos seus discos. Cita trechos da publicação. Em decorrência disso, outras publicações repercutiram a matéria da revista Veja, aumentando o tom jocoso.

Cita declarações de participantes do Encontro em questão que repudiaram o tratamento dado pela revista. O ponto principal da matéria, além do tom jocoso, está na afirmação de que a publicidade “viria mesmo a calhar, já que seus últimos quatro álbuns patinaram no patamar de
150.000 cópias vendidas – marca apenas mediana para quem, nos áureos tempos, passava dos 300.000 discos”.

Junta planilha de sua gravadora que demonstra estar na melhor fase de sua carreira, não havendo necessidade de recorrer a jogadas de marketing. Diz que vender
150.000
cópias por obra é muito bom para os padrões nacionais e que também faz shows pelo país inteiro, o que demonstra o seu sucesso.

A reportagem foi publicada em exemplar que teve tiragem de
1.271.330 exemplares. Assim, pede o pagamento de indenização pelos danos morais sofridos, a retratação da requerida, a publicação desta em tamanho e destaque iguais ao da matéria original.

Pede que o valor da condenação seja fixado em padrão condizente com o nível da requerida e com a necessidade de reprovação. Pede que a retratação da requerida seja veiculada em três edições da mesma. Além disso, pede o direito de resposta.

Pede também que a requerida seja impedida de veicular novas reportagens sobre “aspectos da vida íntima” da autora, sem consulta prévia e autorização dela, “por escrito”. Pede também que a requerida seja obrigada a exibir todas as mensagens recebidas em razão da publicação da matéria em questão, bem como a fita da gravação feita pelo segundo requerido.

Para cálculo do valor da indenização pede que a requerida apresente toda documentação relativa a todas as edições em que o assunto foi ventilado. Junta documentos.

Os requeridos foram citados (
fls. 43, 45). A Abril apresentou documentos (fls. 48/54). Os requeridos apresentaram contestação (fls. 56/98), com documentos (fls. 99/160). Alegam:

a) que a lei incidente sobre o caso é a de imprensa, e não o Código Civil, tecendo considerações sobre tal assunto;

b) isso é importante porque cuida da responsabilidade civil do jornalista (artigo
51 da lei 5250/67). Além disso, a Constituição Federal assegura a liberdade de manifestação. No mérito, dizem que houve apenas animus narrandi. O tom jocoso da matéria está dentro do que é permitido.

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Odisséia na Terra

O segundo requerido assistiu a palestra da autora e constatou que o público especializado ficou irritado com as declarações dela, tais como a mística implantação e retirada do chip do seu corpo, bem como esse tipo de operação em outras pessoas. Segundo o jornalista, pessoas dentro do local teriam dito que a autora estava em busca de autopromoção.

Em mensagem enviada pela autora para a revista, ela nada fala a respeito de distorções ou invencionices. Reafirmam que a autor disse ter sido chipada. Juntam transcrição da fita cassete em que consta o depoimento da autora. Dizem também que a autora procura dar um tom científico às suas crenças quando, na mesma ocasião, disse que sua ufologia é casualística.

Sustentam que a autora não mais vende
150.000
cópias, estando abaixo de tal número. O trabalho “O Grande Encontro”, citado pela autora em sua inicial, é, na verdade, a reunião dela com Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho. A segunda edição desse trabalho vendeu menos.

A terceira edição, que contou com as presenças adicionais de Belchior, Lenine e Morais Moreira vendeu
351.900
cópias. Assim, consideram que, por ser a venda de discos muito oscilante, deve o artista tentar permanecer em evidência nos meios de comunicação.

Entendem que a reportagem exprimiu gozação, ou seja “comentário divertido ou perverso, mas com graça, que se faz sobre alguém ou algo”. Argumentam que a autora foi incauta ao falar em público sobre suas experiências sem considerar que o assunto é polêmico e o público é especializado.

Citam trechos da gravação para reafirmar que a autora falou de abduções, tipos de extra-terrestres e como eles estão infiltrados nos governos de todo o planeta.

Citam publicação em que se fala que os discos voadores existem e que parecem ter preferência por celebridades. Atacam os pedidos feitos pela autora e pedem a improcedência do pedido inicial. Entre os documentos juntados figuram diversas matérias de revistas a respeito do casamento da autora.

Foi apresentada réplica (fls. 166/176, com documentos – fls. 177/197). Ataca a transcrição da fita e diz que a lei de imprensa é inaplicável ao presente caso. Isso porque o segundo requerido não declarou o número de sua inscrição no Ministério do Trabalho.

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Odisséia na Terra

Foi apresentada tréplica (fls. 200/207, com documentos – fls. 208/211). A autora voltou a sustentar que não se aplica a lei de imprensa (fls. 213/219). Também especificou provas (fls. 221/222). Os requeridos pediram o julgamento antecipado da lide (fls. 224/225).

Estes teceram considerações sobre um dos pedidos da autora (fls.
227/230). Foi deferida vista da fita cassete para a autora (fls. 262). Tal despacho foi confirmado a fls. 266//266v., consignando-se que é direito da autora conferir a gravação. A primeira requerida trouxe cópia da fita para os autos (fls. 268/271
).

A autora atacou a fita juntada aos autos, posto que o gravador foi desligado em vários momentos (fls.
273/275). Pediu a juntada dos documentos relativos à tiragem da edição e ao faturamento da mesma. Os requeridos atacaram tal pedido (fls. 281/299
), citando julgados que dizem ser o valor da eventual indenização independente de elementos assim.

A autora voltou a insistir na tese de uma pesada condenação para que tenha efeito “corretivo pedagógico” (vide fls.
301
). Se uma eventual condenação não levar o faturamento em consideração estará ocorrendo enriquecimento ilícito em favor da empresa. Cita o professor Carlos Alberto Bittar para dizer que a indenização tem que possuir valor punitivo, inibitório de condutas assim.

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Odisséia na Terra

É o relatório. D E C I D O.

Passo a decidir o presente feito no estado em que se encontra, posto que se trata de questão de Direito, sendo desnecessária a produção de provas. A questão relativa à exibição de documentos contábeis da requerida deve ser deixada de lado. Eventual indenização deve tomar por base outros elementos que o eventual lucro ou faturamento da requerida.

Se alguém deseja parte do lucro da mesma, que se torne acionista dela. Um ato lesivo deve ser considerado por si só e não tendo em consideração exclusiva a capacidade econômica da parte contrária. Com o devido respeito, a tese invocada pela autora, no sentido de que a indenização por danos morais deve ter caráter punitivo, inibitório, tem raízes fora do nosso direito, fora da nossa tradição jurídica.

A origem está no direito norte-americano, mas, como em diversas outras matérias, a prática lá é diferente. Assim, eventual indenização deve ter por base outros elementos e não os invocados pela autora que, aliás, estão causando considerável atraso na apreciação da lide, o que já poderia, com o mais alto respeito, já ter ocorrido.

Uma questão importante é a relativa à aplicabilidade da lei de imprensa, que é objeto de controvérsia entre as partes. É evidente que tal lei é aplicável. Ficou demonstrado nos autos que o segundo requerido é jornalista e agiu nessa qualidade ao entrevistar a autora.

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O pedido do item “d” de fls. 14 deve ser rejeitado desde já. A autora deseja uma censura incompatível com o regime democrático vivido pelo país. A autora desenvolve atividade pública, sendo cantora, vendendo discos e fazendo shows por todo o país.

Além da impossibilidade doutrinária, sistemática, democrática de se deferir tal pedido, temos que existe uma impossibilidade prática, dado o caráter da atividade desenvolvida por ela. Supondo (por mero exercício de raciocínio) que tal pedido fosse acolhido, isso acabaria levando a editora requerida (a maior do país) a nada divulgar a respeito da autora, com medo de ser acusada de desrespeitar a ordem judicial.
A maior prejudicada seria a própria autora. O pedido do item “e” de fls. 14 já foi parcialmente aceito, posto que a fita cassete foi trazida aos autos. Trazer todas as mensagens enviadas para a revista é algo totalmente fora de propósito e desnecessário. A autora mesma trouxe diversas cópias de mensagens que foram encaminhadas a ela.

A relevância dessas mensagens não foi esclarecida pela autora. É fato que a revista Veja recebe grande número de mensagens toda semana. Somente uma pequena parte é publicada. Isso é fato. As razões para que umas sejam publicadas e outras não são de critério exclusivo da editora.

Esta, por sua vez, considerando a relevância de algum tema, pode fazer como demonstrado a fls. 131, resumindo ou falando genericamente do teor da maior parte das manifestações. No tocante à fita cassete juntada pelos requeridos e sua transcrição, temos que um e outro foram conferidos por este julgador. A fita foi transcrita com razoável fidelidade.

Algumas interjeições ou expletivos presentes durante a entrevista não foram transcritos, mas isso não compromete a fidelidade do material jornalístico. Assim, o ataque da autora a transcrição feita não procede. Esta é bem fiel, como já dito. Superando isso, entramos no mérito da matéria.

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Odisséia na Terra

Nesse aspecto, considerando o que consta da fita, temos que a matéria é jocosa, mas também é bondosa ao tratar das opiniões da autora. De fato, esta realiza uma verdadeira confusão entre seres extra-terrestres, abduções, Jesus Cristo, Virgem Maria, Deus, Ashtar Sheran.

Para quem acompanhou alguns anos do seriado Arquivo X (The X-Files), criado por Chris Carter (e com vários outros como Frank Spotnitz, Vince Gilligan, John Shiban, David Amann, Steven Maeda, Thomas Schanausz) e com os atores David Duchovny (Moulder), Gillian Anderson (Scully), Mitch Pileggi, Annabeth Gish e Robert Patrick, e que acabou neste ano de
2002
, tanto na televisão norte-americana, como na TV a cabo brasileira, boa parte das questões abordadas pela autora em sua entrevista não são novidade.

Abduções, implantação de chips, presença de seres extra-terrestres, complô supra-governamental, diversos tipos de alienígenas, experiências genéticas, óleo negro, tudo isso e muito mais foi abordado na série. A série, no entanto, não fazia qualquer confusão entre tudo isso e a fé católica, esposada pela autora (pelo que é possível perceber da entrevista e pelo fato de ter se casado seguindo tal religião).

A autora, além de freqüentar encontros ufológicos, como visto na inicial, também tem devoção mariana. A matéria abaixo, de três meses atrás, bem demonstra isso: Sexta-feira,
26 de julho de 2002
- Persona - César Giobbi

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Odisséia na Terra

Visita à imagem.

Elba Ramalho, que estréia show em São Paulo hoje, fez questão de visitar Ferraz de Vasconcelos, em sua curta estada em São Paulo, para conferir de perto a "Santa do vidro", como já está sendo chamada a imagem estampada na janela de uma casa simples da região.

Em meio à multidão de fiéis que se junta em frente da casa, a cantora se confessou impressionada com a imagem e contou que sempre se interessou pelas aparições de Nossa Senhora na Terra. E surpreendeu ao revelar que está escrevendo um livro a respeito.

Segundo Elba, Nossa Senhora já apareceu mais de
40 vezes só no Brasil tal imagem é “o resultado de um processo de corrosão do vidro, provocado pela exposição inadequada a fatores ambientais, em especial a umidade e a variação da temperatura” (Revista dos Curiosos, n.8,pg. 28
, citando os físicos Colin Rouge, da Escola Politécnica da USP e Edgard Dutra Zanotto, da UFScar).A autora, no entanto, como dito na matéria que abaixo segue, faz uma mistura sincrética com tudo isso:

Ashtar Sheran e Santuário de Maria

Elba falou com a Revista Vigília sobre seu envolvimento com a Ufologia, mostrando uma sincrética mistura de conceitos. “Eu sou uma curiosa, na verdade. Acho que sou como metade da população do planeta terra que já despertou a consciência de que não estamos sós, que existem outras vidas, da mesma forma como eu me interesso por astrologia e outra série de coisas que envolvem a fenomenologia e a paranormalidade”, disse, lembrando ser espírita kardecista.

Depois de revelar, em entrevista, ter vivenciado experiências próximas com discos-voadores, afirmou que há alguns anos vem aprofundando seus conhecimentos a respeito das supostas aparições da Virgem Maria. “E o que eu descobri nas mensagens da Virgem Maria em mais de 400 lugares é que todas as mensagens contêm advertências aos seres humanos para que eles possam se prevenir contra as abduções”, disse.

Essa relação mais intensa com um mundo que mistura espiritualidade e Ufologia começou, disse Elba, há um ano, quando entrou em um “Santuário da Virgem Maria, de muita luz, muita potência e muita fenomenologia, pela forma como elas canalizam, não só a Virgem Maria, porque são videntes da Virgem Maria, mas como elas canalizam Ashtar Sheran e Ashtar El”.

Os dois últimos citados pela cantora seriam extraterrestres que, para a corrente mística da Ufologia, representam uma espécie confederação intergalática com o objetivo de salvar a humanidade. Segundo ela, teria partido deles uma mensagem para que a cantora fosse ao congresso.

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Óleo negro e implantes.

Elba diz que no Santuário assistiu “a mais de 15 retiradas de chips”, referindo-se à prática da extração do que seriam implantes colocados nos humanos por ETs de intenções malévolas. Uma dessas extrações teria sido feita no próprio filho da cantora.

“Esses chips foram colocados para uma preparação do organismo para que as pessoas pudessem receber um tipo de substância até agora chamada pelos seres de óleo negro” e continuou: “uma espécie de um óleo preto, que é uma bactéria, que mina tua energia e te provoca doenças”, afirmou.

Parece até uma estória de ficção; aliás, é o mesmo artifício usado pelos ETs no seriado televisivo Arquivo-X. E a incógnita deve continuar, já que, segundo Elba, Ashtar Sheran e Ashtar El ainda “não autorizaram” a análise química da substância. “A gente nem sabe quando eles vão liberar que elas [as videntes do Santuário] mandem para análise”, disse.

Funcionário da Unicamp defende a universidade.

A palestra da cantora, que teve início após uma rápida sessão de autógrafos sobre pôsteres do que seria uma imagem de Ashtar Sheran, foi uma das que mais exigiu da credulidade dos participantes.

A citação a supostas análises de “chips” e laudos feitos por cientistas da Unicamp – eles estavam numa pasta apresentada fechada por Elba Ramalho – ao contrário do que se poderia esperar, não gerou acirrada disputa de céticos pesquisadores em busca de provas.

A cantora se despediu, e ninguém viu os laudos. A reação não demoraria, no entanto, por parte de defensores da Unicamp. Um funcionário pediu a palavra para dizer que a universidade é uma instituição aberta, e segundo ele dificilmente os segredos a ela creditados durante o Congresso seriam tão bem guardados a ponto de nada chegar com estardalhaço à imprensa.

Coincidentemente, através de e-mail no dia seguinte, em resposta a um resumo do Congresso postado a um grupo de pesquisadores pelo hipnólogo Mário Rangel, Elba esclareceu: “Na verdade a Unicamp analisou os fenômenos que ocorrem no Santuário, águas, mel e outras materializações.

Quem analisou os chips foram cientistas da Universidade de São Carlos, por amizade e interesses particulares pelo assunto. É apenas para que fique tudo claro e correto, que estou esclarecendo e pedindo desculpas pela falha”.

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Odisséia na Terra

Está claro, portanto, que a autora já disse mais de uma vez, em mais de um lugar que “foi chipada”. Isso nem sequer foi contestado por ela. Considerando toda a prova dos autos e mais o que pode ser obtido neste extraordinário instrumento de pesquisa que é a internet, pode-se afirmar que as opiniões da autora são inusitadas.

Assim, como bem dito pelos requeridos, ela foi “incauta” ao falar de tudo isso para público especializado. Até mesmo para este julgador, que não é especialista, soa estranho colocar na boca da Virgem Maria profecias sobre o fim das águas potáveis no planeta (vide fls.
111
) ou sobre a “vaca louca”.

Sobre o primeiro tema, é desnecessário invocar a Virgem Maria. Ele está tratado com muitos detalhes em bem feita matéria na revista National Geographic de setembro deste ano, que, na capa, diz “Água doce – E se ela acabar?”. A matéria foi escrita por Fen Montaigne com o apuro característico da revista editada pela sociedade fundada em
1888
.A autora reclama que o jornalista desconsiderou a venda dos seus últimos discos. Os requeridos, no entanto, estão certos que os últimos discos dela venderam bem porque foram obras conjuntas, reunião de vários artistas (O Grande Encontro). Assim, é compreensível que um acabe ajudando o outro e a obra venda mais.

Antes desse trabalho, o disco “Solar” vendeu
75.720 cópias (vide fls. 16
). Assim, é crível a consideração feita pelos requeridos que a autora está vendendo pouco. É cabível considerar que sua aparição no evento de Curitiba foi em busca de notoriedade.

Como visto nesta sentença, a autora também apareceu em Ferraz de Vasconcelos (“Santa de vidro”) e em encontro ufológico em Campinas. Em tal encontro, de acordo com a matéria copiada, a palestra dela foi uma das que mais exigiu credulidade dos participantes.

Citou o nome da Unicamp, universidade orgulho de todos os paulistas, e foi contestada. Disse depois (na fita também) que o especialista seria da Universidade de São Carlos. A autora certamente não sabe, mas em São Carlos existem os campi de duas universidades públicas: a USP – Universidade de São Paulo e a Universidade Federal.

Assim, ao se referir de forma vaga, o interlocutor que conhece um pouco mais fica sem saber a qual das duas, igualmente prestigiosas, ela se refere. O pedido da autora é todo improcedente. Não se pode falar em dano moral e nem em violação da sua imagem.

Os requeridos nada devem pagar para ela e, por extensão os pedidos dos itens “b” e “c” de fls.
13 ficam prejudicados. Os pedidos de fls. 14 já foram examinados quando das primeiras considerações. Ante o exposto, julgo improcedente o pedido inicial e condeno a autora ao pagamento de custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios da parte contrária, que fixo em dez por cento do valor da causa, lembrando que os dois requeridos tiveram o mesmo patrono.
P.R.I.São Paulo, 25 de outubro de 2002.
José Tadeu Picolo ZanoniJuiz de Direito
Revista Consultor