quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Estudo. Equação Biostronômica

Dióxido de carbono – Essencial à fotossíntese e conforme já mencionado é o principal gás de estufa, de modo que sua quantidade na atmosfera vai determinar se o planeta será como a Terra, se entrará em um efeito estufa descontrolado como Vênus ou em um congelamento criogênico como Marte.

PV = Porcentagem de CA em que a vida surgiu =
90%. Tem-se como muito evidente que para que surjam seres multicelulares que possam originar animais altamente complexos se faz necessário primeiramente o surgimento de seres unicelulares tanto no sentido de progressão da complexidade morfofisiológica como no modelamento do meio ambiente para que possam surgir os metazoários desenvolvidos.

E este é um raciocínio tão lógico que é plausível de generalização a nível universal. Mas quanto à questão da possibilidade de surgimento da vida a nível mais simples, como a vida microbiana unicelular, pergunto: habitabilidade resulta inevitavelmente em habitação?

Ou seja, se um planeta possui todas as condições de gerar a vida ela surge espontaneamente? Utilizar a teoria da panspermia para explicar o surgimento da vida em um planeta iria simplesmente transferir o problema para outro lugar, mesmo que se argumentasse que é mais fácil a vida surgir uma só vez em um lugar do que em vários, até concordo, mas em compensação como ela se espalharia pela galáxia inteira de modo físico e cronológico viáveis?

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Sendo assim, se eu acreditasse em uma “panspermia galáctica” não perderia meu tempo elaborando esta equação, pois por vários fatores que nem preciso citar, o resultado provavelmente não passaria de 1. Se é para considerar a panspermia como válida, que esta seja local, como em âmbito de sistema planetário. Todavia a vida teria que surgir em algum lugar do sistema planetário, e onde seria este lugar?

Ora, logicamente em um lugar onde houvesse condições. No caso do sistema solar qual é o planeta que possui as melhores condições bióticas? Isso mesmo, a Terra, mas e no passado não poderia ter sido Marte, e esta posteriormente ter “fecundado” a Terra?

Pois é, o mecanismo é viável e a distância não é intransponível, prova disto são a meia dúzia em média de asteróides marcianos que atingem a Terra por ano, e estudos indicam que microorganismos poderiam sobreviver no interior de tais asteróides, mesmo em vista da severidade do choque mecânico de ejeção aterragem e a radiação espacial envolvidos no processo.

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Contudo não resolve muito transferir o problema para o planeta vizinho se a resposta para a primeira questão estiver pendente. Antigamente acreditava-se na “geração espontânea” na qual pensava-se que animais pudessem surgir quase que instantaneamente de lodo e matéria em petrificação.

Ironicamente após séculos de pesquisas científicas se constatou que a geração espontânea é cabível, porém o que difere do pensamento arcaico é o fator tempo. Ou seja, é possível que a vida tenha surgido da matéria inanimada, contudo não foi de modo instantâneo, foram necessários milhões de anos de reações físico-químicas.

E não vemos contemporaneamente surgir novos tipos de vida espontaneamente da matéria inanimada porque o ambiente atual é muito diferente do ambiente da “terra primordial” e como já existem incontáveis organismos qualquer novo tipo de vida que começasse a se formar bioquimicamente seria logo devorada.

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Certamente que as condições da Terra primordial são bem diferentes em relação às condições atuais, a diferenciação dos materiais fundidos da Terra primeva teria permitido a liberação de componentes gasosos formados em seu interior.

Vulcões modernos liberam gases quando o magma é trazido à superfície, os quais nos indicam a composição da atmosfera primordial da Terra: vapor d’água
(H2O), gás carbônico (CO2), monóxido de carbono (CO), dióxido de enxofre (SO2), cloreto de hidrogênio (HCl), nitrogênio (N2) e hidrogênio (H2
) moleculares.

A atmosfera da Terra primordial foi provavelmente rica em
CO2, talvez tanto quanto as atmosferas de Vênus e de Marte. O efeito estufa resultante foi importante para manter a Terra moderadamente aquecida após a consolidação de sua crosta. Na época, o jovem Sol tinha cerca de 80%
de sua luminosidade atual, o que causaria condições glaciais no globo sob as pressões terrestres, não fosse pelo efeito estufa da atmosfera primeva.

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É provável que a Terra tenha adquirido parte de sua água e das substâncias necessárias às reações precursoras da vida a partir de colisões com cometas, sendo este um aspecto positivo do bombardeamento de um planeta por cometas quando ocorre em um período inicial de formação.

Vapor d’água teria se condensado na atmosfera terrestre e chovido de volta sobre a superfície, cobrindo a crosta primitiva com lagos, mares e por fim oceanos. O ciclo das chuvas teve um importante papel no resfriamento do planeta: ao evaporar, a água absorvia calor do oceano de magma exposto à atmosfera ou coberto pela tênue crosta; mais tarde, ao se condensar na alta atmosfera, a água irradiava esse calor para o espaço.

A ausência de oxigênio molecular na atmosfera primitiva, impossibilitava a formação de uma camada de ozônio e as radiações que percorriam essa atmosfera atuavam fotoquimicamente favorecendo a existência de grande quantidade de moléculas ionizadas e reativas.

Teríamos um ambiente quimicamente redutor e formador de aglomerados cada vez mais complexos de átomos. Miller comprovou em laboratório que em tais circunstâncias podem se formar aminoácidos, nucleotídeos, açucares e bases nitrogenadas.

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Esses entes químicos se polimerizam para originarem as principais macromoléculas das células. Catalisadores minerais, calor, altas concentrações de fosfatos foram provavelmente os promotores dessa polimerização inicial. A relativa rapidez no surgimento de novos polímeros depois do início comentado acima, poderia ser explicada pela capacidade catalítica de certas macromoléculas.

Porém para que moléculas viessem a formar sistemas vivos elas precisariam ter o poder de reprodução. Tanto o surgimento da vida como a sua reprodução implica em DNA (ácido desoxirribonucléico), só que a maneira como as primeiras moléculas de DNA surgiram na Terra é algo ainda incerto no meio científico.

Inobstante sabe-se que o desenvolvimento do DNA - e finalmente, da vida – requer os seguintes ingredientes e condições: energia, aminoácidos, fatores que possibilitem a concentração química, catalisadores e proteção de radiação forte ou calor excessivo. A evolução química da vida envolve quatro passos:

1- Síntese e acumulação de pequenas moléculas orgânicas, como aminoácidos e moléculas denominadas nucleotídeos. A acumulação de substâncias químicas chamadas fosfatos teria sido uma condição importante, por serem a “espinha dorsal” do DNA e RNA (ácido ribonucléico).

2- Junção dessas pequenas moléculas em moléculas maiores como proteínas e ácidos nucléicos.

3- Agregação das proteínas e ácidos nucléicos em gotículas
que assumiram características químicas diferentes do ambiente circundante.

4- Replicação das moléculas complexas maiores e o estabelecimento da hereditariedade. A molécula de DNA é capaz das duas coisas, mas precisa da ajuda de outras moléculas, como o RNA. No que diz respeito a este conjunto de informações que compõem uma espécie de teoria da “neo-geração-espontânea”, particularmente considero a explicação mais lógica e convictamente conceptuo que se o ambiente apresentar condições adequadas é muito mais provável que os fenômenos físicos e químicos gerem um ambiente biótico, do que este simplesmente permanecer abiótico.

Tal resposta da minha parte sinceramente não é puramente movida por “tendência bioastronômica”, mas sim por uma conclusão que foi se formando no transcorrer de muito tempo. Já houve a suspeita que a 2ª lei da termodinâmica denominada entropia agiria de maneira antibiótica, tendo em vista que ela dita ao universo físico uma tendência inexorável à desorganização (logicamente que não se resume nisto, e o termo organização é usado para que haja maior inteligibilidade).

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Todavia atualmente já é bem sabido cientificamente que esta lei física é válida somente para sistemas energeticamente fechados. O universo como um todo é um sistema energeticamente fechado, porém ele apresenta pontos que formam localmente sistemas energeticamente abertos.

As estrelas são fontes de energia, e esta energia pode ser usada para a organização biológica (como ocorre no planeta Terra), ou seja, o universo como um todo está aumentando sua entropia e por conseqüência se “desorganizando” lentamente, mas possui pontos localizados (como os sistemas planetários que são energeticamente abertos) em que existe grande disponibilidade de energia “organizadora” em fluxo.

Neste raciocínio de organização faz-se necessário o discernimento, pois não é comparável, por exemplo, à probabilidade ou possibilidade de um relógio automontar-se sozinho, porque o relógio é um aparelho complexo desenvolvido artificialmente e composto de várias partes que a priori não possuem intrinsecamente a tendência “automática” de se unirem congruentemente de maneira que o padrão e estrutura não estão naturalmente conectados.

Diferentemente da biologia que é gerada pela química que por sua vez é gerada pela física, sendo que esta última é composta de elementos a nível subatômico e quântico que se correlacionam por um processo natural que incorpora o padrão de organização continuamente na estrutura, por seguir a “lógica mecânica” e natural das leis da física que dão forma ao universo.

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Como Einstein mesmo expressou “Deus não joga dados”, portanto não se resume simplesmente em uma loteria (ou jogo), ou na probabilidade de peças se unirem sozinhas ou aleatoriamente para formar um relógio (ou organismo), e sim trata-se de vários níveis de conseqüências (que neste caso geram organização), cujas causas seguem as propriedades universais intrínsecas da matéria, energia e tempo.

A própria Autopoiese, conforme mencionado no fator EB, nos mostra que a vida apresenta interações inerentes que de certa forma extraem sistematicamente o qualitativo do quantitativo, um exemplo na genética é a pequena diferença na composição dos genes entre o chipanzé e o ser humano (menos de
2%!), e você diria que difere mentalmente e fisicamente menos de 2% dos chimpanzés?

O que ocorre neste caso é que não importa a semelhança quantitativa, mas sim a maneira que os genes se correlacionam no sistema formando o diferencial qualitativo. Em suma quero dizer que tenho consciência plena que a vida é algo muito complexo e delicado que necessita de incontáveis fatores para surgir e se manter (como a própria equação demonstra), porém creio, baseado em vários estudos, que a matéria da maneira que se apresenta possui propriedades inerentes que geram uma propensão biótica natural, de modo que quando isto é combinado de maneira adequada por tempo suficiente a vida aflora.

Portanto é possível que existam universos com características físicas que não possibilitem o surgimento da vida, por mais simples que seja, até porque sabemos que se os quarks ou elétrons do “nosso universo” possuíssem alguma propriedade física diferente ou em intensidade maior ou menor, provavelmente os átomos não teriam se formado, e muito menos as moléculas, células e organismos.

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E gostaria de salientar que quando sigo tal raciocínio, não estou necessariamente me guiando pelo pensamento teleológico em que a matéria é da maneira que é objetivando o surgimento da vida, e também não estou querendo ser cético e mecanicista no sentido de artificializar plenamente o universo.

Na verdade penso que o bom-senso é o melhor caminho, de maneira que neste aspecto possivelmente está tudo correlacionado acima de uma conceitualização convencional de causa e efeito e talvez não passem simplesmente de interpretações subjetivamente diferentes ou até faces diferentes de uma mesma “realidade”.

Por fim, como sabemos que para o surgimento da vida microbiana (ainda mais sendo extremófila) as condições do planeta não precisam cumprir a maioria dos fatores da equação, de maneira que deve ser abundante na Galáxia, e como todos os fatores que antecedem o fator PV estão ajustados e computados nos rigorosos parâmetros condizentes às necessidades para o surgimento e manutenção de metazoários complexos, de modo a gerar um processo semelhante à Terra, concluo que
90%
para o fator PV em específico acaba por não ser uma porcentagem exagerada.

EB = Porcentagem de PV em que após surgida a vida, esta passou por evolução biológica bem sucedida, gerando efetivamente deste modo metazoários grandes e complexos =
55%.
No planeta Terra a evolução foi contínua e pontual, ou seja, nunca cessou totalmente, todavia houve momentos de “saltos evolutivos”.

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Destes momentos o que mais surpreendeu os pesquisadores foi a denominada Explosão Cambriana que ocorreu entre 600 e 500 milhões de anos atrás. Foi neste evento que pela primeira vez foram gerados metazoários complexos, isto significa que a vida demorou em torno de 800 milhões de anos para surgir, enquanto para surgirem animais demorou 3 bilhões de anos!

O inverso do que se poderia imaginar por meio de uma dedução mais simplista, e por que após o surgimento da vida foi necessário
4
vezes mais tempo para que surgissem os animais ? Estudos indicam que de uma maneira muito complexa e intrincada o ambiente foi se modificando de maneira que após chegar a uma situação de grande potencial biótico, a vida pôde explorar todas as possibilidades de maneira a gerar seres de maior porte e complexidade morfofisiológica.

Fazendo uma analogia sintetizada, é como se os seres procariotas fossem as “sementes”, os seres eucariotas as “árvores frutíferas” e os seres metazoários os “frutos”, nesta analogia o que falta? O solo, que é a própria Terra, a água e o fertilizante.

O solo e a água já existiam desde que as sementes foram plantadas (ou geradas), e o fertilizante? Aqui que está o “x” da questão, o fertilizante (nutrientes) foi sendo produzido e liberado lentamente no ambiente por incontáveis processos de combinação, recombinação e interações químicas para gerar os compostos mencionados no fator CA em interação com as condições físicas, como por exemplo, a camada de ozônio, a separação e extensão dos continentes, a adequação e estabilidade térmica etc. Porém o mais interessante é que o fertilizante não é somente de ordem física e química, mas também de ordem biológica.

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Pois como a própria conceituação da ciência sistêmica denominada Autopoiese nos mostra que a vida com o passar do tempo modifica as condições ambientais e modifica a si mesma numa espécie de ciclo auto-organizador e auto-ajustável, por meio da sua própria atividade químico-metabólica e pelos mecanismos evolutivos já bem elucidados de co-evolução, replicação, mutação e seleção que vai do microcosmo químico ao macrocosmo biológico, deste modo observam-se fenômenos a nível molecular que lembram organismos nos seus processos de sobrevivência e evolução.

Sendo assim me pergunto: em quantos planetas este processo, que vai das “sementes aos frutos”, foi bem sucedido? Levando em consideração que para se chegar ao fator EB foram cumpridos vários requisitos dos fatores anteriores (que por sinal não são poucos), penso que a probabilidade de
55% não é ED = Porcentagem de EB em que houve poucos eventos naturais com capacidade de esterilização total em período inicial de formação biótica no planeta e nenhum após evolução biológica bem sucedida =
60%.

Não adiantaria se a vida começasse a se desenvolver e fosse repetidamente submetida a fenômenos naturais letais (como tende a ocorrer em sistemas planetários recém formados), e muito menos, se depois de desenvolvida, for acometida por um desastre planetário de proporções dizimantes como os listados abaixo:

Proximidade de supernova - A emissão eletromagnética e na forma de radiação cósmica de uma supernova em uma distância igual ou inferior a 30 anos-luz seria letal para a vida. Este tipo de evento provavelmente é mais freqüente no centro da galáxia devido sua maior densidade estelar.

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Movimento para fora da zona habitável animal - A ocorrência de movimento de um planeta para fora de uma órbita que possibilite temperaturas moderadas e não muito oscilantes com certeza acarretaria extinção em massa. Tal evento ocorre pela perturbação gravitacional entre planetas ou estrelas, de modo que deve ser comum em aglomerados estelares.

Mudança na emissão de energia da estrela central - Com o passar do tempo as estrelas vão aumentando gradualmente sua emissão de energia, mais rapidamente quanto maior for sua massa. De maneira que quando isto ocorrer, será extinta toda a vida que por ventura exista em algum planeta em sua órbita.

Mudança no tempo de rotação do planeta - Se um planeta possui vida adaptada para uma certa rotação, que por sinal não pode ser muito rápida nem muito lenta, a mudança brusca no ritmo da rotação acarretará em mudanças climáticas que provavelmente provocarão extinção em massa.

Jatos de raios cósmicos e explosões de raios gama - Estas explosões são as mais poderosas do universo, de maneira que uma única explosão destas seria capaz de exterminar a vida de grande parte de uma galáxia. Postula-se que sejam causadas pela fusão de estrelas de nêutrons e que sua freqüência seja em média de 100 milhões de anos, com maior probabilidade de ocorrência no centro da galáxia.

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Mudança climática catastrófica - A redução ou aumento da emissão estelar, a mudança de órbita de um planeta em relação a seu sol ou ainda a quantidade irregular de CO2 e H2O podem gerar dois fenômenos conhecidos como Depósito de Gelo e Estufa Descontrolada, cujos exemplos potenciais são Marte e Vênus.

Impacto de um cometa ou asteróide - Todo sistema planetário depois de formado fica cheio de escombros cósmico: asteróides e cometas, resíduos remanescentes da formação planetária. A freqüência estimada destes impactos é inversamente proporcional às dimensões do meteoro, ou seja, quanto maior for menor é sua probabilidade de ocorrência (isto porque a formação e fragmentação de meteoros tende a ser em tamanhos menores do que maiores), de modo que no caso do planeta Terra estima-se que a cada
65 milhões de anos pode ocorrer um impacto de grandes proporções, como por exemplo, o que provavelmente ocasionou a extinção dos dinossauros (que neste caso beneficiou os mamíferos).

Tendo em vista que o fator ED refere-se a planetas que satisfizeram todos os “fatores de segurança” anteriores penso que
60% é uma porcentagem plausível. VI = Porcentagem de ED em que surgiu vida inteligente e autoconsciente = 15%.

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Depois de um planeta ter satisfeito todos os requisitos em todos os aspectos a ponto de gerar metazoários complexos em um ambiente que possibilite a sua sobrevivência, há algo ainda por vir? Por experiência própria podemos responder que ainda existe mais um estágio evolutivo: a inteligência.

Mas será que realmente pode-se considerar como mais um estágio evolutivo de grande probabilidade de ocorrência? Pergunto isto por dois motivos:

1º-
Cogita-se que o aparecimento da inteligência é altamente fortuito, não sendo regra natural (ou de grande propensão) no quadro dos processos biológicos;

2°-
Muitos não consideram a inteligência como um avanço evolutivo no que diz respeito à sobrevivência.

Temos então que refletir a respeito de tais questões. A priori o tecido nervoso, apesar de suas características não tão convencionais, pode ser estudado inteiramente em sua estrutura física de maneira palpável, sendo deste modo somente mais um tecido dos vários que compõem grande parte dos animais.

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Contudo a questão torna-se muito complexa no que diz respeito a seu funcionamento, ainda mais quando deixa de ser um simples neuro processador de coordenação motora, como nos animais menos desenvolvidos, para tornar-se um encéfalo, com sua parte mais desenvolvida denominada cérebro.

A questão é mais complexa do que comparar uma calculadora de bolso com um super computador “Earth Simulator”, pois o funcionamento do cérebro, com suas sinapses químico-elétricas, possibilita atividades que fogem do campo puramente de causa e efeito físico-químico e processamento de informações, passa-se para o campo totalmente abstrato do raciocínio complexo, matemática, sentimentos e algo ainda mais impressionante:

a) consciência e a autoconsciência! Ou seja, como é possível que um órgão de aproximadamente
1,4
kg possibilite a construção de um universo inteiro de subjetividade?

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O cérebro humano é caracterizado pela quantidade de sinapses equivalente a 2 elevado a décima terceira potência, por conseguinte o número de diferentes configurações funcionais de um cérebro humano equivale a 2 multiplicado por ele mesmo 10 trilhões de vezes.

Esse é um número imensuravelmente grande, muito maior que o número total de partículas elementares (elétrons e prótons) em todo o Universo! Isto demonstra que dois seres humanos mesmo sendo parecidos jamais poderão ser idênticos e explica também a imprevisibilidade do comportamento humano.

Nos últimos anos tem-se tornado clara a existência de micro circuitos no cérebro. Nesses micro circuitos os neurônios constituintes são capazes de uma variedade muito maior de respostas do que “sim” ou “não” dos elementos comutadores contidos nos computadores eletrônicos.

A existência desses micro circuitos sugere que a inteligência pode ser o resultado não apenas da importância da relação entre as massas do cérebro e do corpo, mas também da abundância de elementos comutadores no cérebro.

Os micro circuitos tornam o número de estados cerebrais possíveis ainda maior que o que calculamos anteriormente, e assim corroboram ainda mais a espantosa singularidade de cada cérebro humano. Os computadores eletrônicos modernos são capazes de processar informação em uma velocidade
10 bilhões de vezes maior que o cérebro, contudo o cérebro é dez mil vezes mais concentrado em termos de informação do que o computador.

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Desta maneira o cérebro deve ser extraordinariamente bem engendrado e interligado, com um conteúdo de informação total tão pequeno e uma velocidade de processamento tão lenta, para ser capaz de realizar tantas tarefas importantes de modo tão melhor do que o mais aperfeiçoado computador.

Seguindo-se a cadeia evolutiva desde os peixes até os primatas se observa um aumento contínuo no tamanho do cérebro e modificação no seu formato para que possa alojar mais células nervosas, sendo este tamanho diretamente proporcional à capacidade neural destes animais.

Quer dizer que é só aumentar a quantidade de neurônios (em relação a proporção corporal) para que se transforme um peixe (que não passa de um autômato orgânico) em um ser humano capaz de construir naves espaciais, radiotelescópios e também amar?

Creio que de certa maneira a resposta para esta pergunta seja afirmativa, todavia pelo que tudo indica não é somente um fator quantitativo, e sim também, um fator qualitativo. Estou abordando o pensamento sistêmico novamente: o cérebro é uma estrutura em forma de circuito fechado que por meio da transmissão de seus sinais a maneira de ciclos que interagem entre si, das partes para o todo e do todo para as partes geram uma infinidade de combinações muito complexas que ao mesmo tempo em que compõem e modificam dinamicamente a estrutura são também compostas e modificadas por ela.

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Em outras palavras, a quantidade de células nervosas é importante num sentido em que vai possibilitar um maior número de combinações de ciclos de transmissão de sinais que vão gerar um sistema potencialmente maior em seu funcionamento, tanto no sentido de estrutura como na maneira em que as partes vão se correlacionar para formar este sistema dinâmico como um todo, que em última instância é o fator diferencial.

Em alguns aspectos, existem os que gostam de comparar a mente humana e também o universo a um holograma, em que as partes estão no todo e o todo nas partes, de maneira que as partes somadas vão resultar em um todo múltiplas vezes maior, proporcionalmente a quantidade de peças em um ciclo multiplicativo que apesar de fechado é potencialmente infinito.

Por isto que o funcionamento do cérebro, os códigos e a forma que ele utiliza para interpretar, processar, armazenar e transferir informações (e sentimentos) é ainda tão ininteligível, mas é impressionante e maravilhoso verificar que com o passar do tempo o universo consegue transformar partículas subatômicas em pensamentos e sentimentos, como Carl Sagan expressou: “O universo precisa somente de tempo para poder observar a si mesmo”.

Agora que em resposta à primeira questão foi exposto que apesar da inteligência e da consciência extrapolarem o âmbito da matéria existe a possibilidade de se originarem dela, não sendo desta maneira um evento extremamente fortuito, vem a segunda questão: a inteligência e a consciência são atributos positivamente selecionáveis?

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Conforme nos informa a teoria sintética da evolução os fenômenos de mutação, recombinação, migração, oscilação genética e seleção natural determinam os genótipos-fenótipos que existem, em outras palavras, as variações genéticas, em todos seus modos de manifestação, são selecionadas inexoravelmente pelo meio ambiente.

E é interessante observar que não é somente a física e química do ambiente que selecionam a biologia (organismos), mas também a própria biologia influencia neste processo de seleção por meio dos diversos tipos de interações entre os organismos vivos, como por exemplo, a co-evolução e a seleção sexual.

As bactérias existem há bilhões de anos e nem por isto necessitam de inteligência e muito menos de consciência, muitos animais povoam a Terra há muito tempo com muito pouca inteligência e quase nenhuma consciência. Então o que estamos fazendo aqui, seres inteligentes e autoconscientes, a implacável seleção natural foi boazinha conosco?

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Certamente não, a inteligência e a consciência devem possuir suas vantagens, listo algumas possibilidades:

1- Auxiliam na elaboração de meios de exploração dos recursos potenciais do meio ambiente;

2-
O caçador que tiver capacidade de planejar e também prever o comportamento da presa terá vantagem seletiva;

3-
Na criação de maneiras de se defender de predadores e das intempéries da natureza;

4-
As técnicas na agricultura, como conseqüência da inteligência, possibilitaram melhoria qualitativa e quantitativa na produção de alimentos;

5-
Na convivência organizada e estável em grande grupo de inter-relações complexas (ou sociedade) certamente são fatores benéficos;

6-
A inteligência possibilita a criação de técnicas no âmbito da higiene e medicina que colaboram sobremaneira na manutenção e preservação do organismo, prova disto é o aumento gradual da taxa média de tempo de vida da espécie humana.

Neste caso o fenótipo selecionado é mais comportamental do que físico, mas não um comportamento somente herdado, programado pelos instintos, mas também um comportamento complexo e consciente, um comportamento auto gerado, sendo isto uma inovação na natureza, pois até então a transferência de informação ocorria mecanicamente a nível genético, agora ocorre a nível abstrato e subjetivo por meio de neuro processadores altamente desenvolvidos e no futuro, por ventura será por meio de cérebros eletrônicos?

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Pode-se constatar que a inteligência por sinal não é imprescindível à sobrevivência, que para o surgimento desta é muito provável que necessariamente ocorram uma seqüência de eventos complexos e que evolução nem sempre resulta em aumento de complexidade morfofisiológica.

Deste modo concordo com a visão mais cética de que a inteligência desenvolvida a nível de autoconsciência não tende a surgir em todos os planetas mesmo em condições ambientais adequadas, porque deve haver também eventos biológicos e bióticos adequados.

Sendo assim espero que pelo menos
15%
destes planetas possuam as condições necessárias, ou seja, que satisfaçam todos os requisitos de todos os fatores anteriores e também sejam suficientemente antigos para que este nível mental mais avançado possa ter surgido.

VS = Porcentagem de VI que não se autodestruiu =
70%.
Em uma equação que estima (ou pelo menos tenta estimar) o número de planetas na galáxia com vida inteligente e autoconsciente (NPI), além de considerar a quantidade que a galáxia foi capaz de gerar e que não foi destruída por algum evento natural deve também considerar a quantidade que não se autodestruiu.

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Existe um estudo chamado “Cérebro Triúno” que traça uma analogia fisiopsico-neural da espécie humana, este estudo informa que o encéfalo como um todo possui três camadas, da mais antiga, posição intra-inferior, para a mais recente, posição exo-superior:

-Complexo Reptiliano:
herdamos dos nossos distantes antepassados répteis, e neste estão armazenados todos os nossos instintos mais primevos como fome, territorialidade, acasalamento, hierarquia, submissão à rotina e admite-se também que a ele associam-se a neurose, hostilidade e a perfídia.

-Cérebro Límbico:
desenvolveu-se sobre o Complexo Reptiliano, e este abrange as emoções, principalmente o comportamento fraterno para com os semelhantes e em especial no que diz respeito aos cuidados com a prole.

-Neocórtex:
compreende a parte mais recente do “cérebro triúno”, essa região altamente desenvolvida comporta a consciência, permite-nos cumprir as tarefas associadas ao intelecto e ao poder criativo, conferindo-nos a capacidade de ler, escrever, falar, compor músicas, pintar, realizar cálculos matemáticos, etc.

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Deste modo, o ser humano apesar de suas qualidades intelectuais (que alguns chamariam também de espirituais) e das façanhas científicas que consegue alcançar, ainda carrega consigo instintos primitivos de seus remotos antepassados.

E estamos em uma fase que eu chamaria de evolucionariamente transitiva em que ocorre um grande conflito de valores na espécie humana. No passado é possível que a insensibilidade, territorialidade, hierarquia e hostilidade tenham contribuído para a sobrevivência dos répteis e mamíferos, mas e para nós hominídeos Homo Sapiens Sapiens?

Seres que, como a própria denominação indica, “sabem que sabem”, ou seja, possuem autoconsciência, será que tais animalidades já não estão ultrapassadas e incompatíveis a ponto de nos ameaçar com a própria autodestruição?

Parece ainda existir na nossa espécie uma grande tendência codificada geneticamente no que diz respeito, entre outras coisas, a querer ser o “chefe do bando”, e esta tendência faz com que utilizemos (em alguns mais em outros muito menos, conforme o nível de esclarecimento e auto entendimento individual) nossa racionalidade de maneira “irracional”.

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Exemplo empiricamente testemunhável disto são as guerras que geram gastos exorbitantes e sofrimento incomensurável, sem contar com os gastos em manutenção e aquisição bélica em tempo de paz. Sabemos que as guerras originaram avanços tecnológicos e contribuíram no controle da densidade demográfica a nível mundial, mas será que é o único modo de se obter tais resultados?

Com certeza a belicosidade, além de não ser a única solução para o entendimento entre nações é certamente a maneira menos inteligente, ainda mais atualmente que uma
guerra mundial tem o potencial de extermínio a nível global. As nações do planeta gastam mais de 1 trilhão de dólares anualmente com material bélico, parte disto é com armamento nuclear de maneira que atualmente deve haver em torno de 50.000
bombas atômicas.

Na segunda guerra mundial foram utilizadas
100.000 bombas arrasa-quarteirão somando 2 megatons de poder destrutivo que equivale a uma única bomba atômica! Uma
guerra mundial iria equivaler a uma segunda guerra mundial por segundo, praticamente uma bomba arrasa quarteirão para cada família do planeta Terra!

A desigualdade social e a má distribuição de recursos gera violência, baixo nível de qualidade de vida, descontentamento, neurose e por fim o caos social. E quanto à poluição então? O que não faltam são meios pelos quais a espécie humana polui o planeta, e em muitos casos não por falta de outros meios não poluentes, mas sim por interesses puramente capitalistas.

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E no que diz respeito à disponibilidade de água potável não preciso nem citar. Estatísticas ecológicas mostram que a espécie humana está provocando gradativamente uma extinção em massa de espécies animais e vegetais.
Todaesta poluição, desmatamento e caça indiscriminada além de poderem provocar um lento envenenamento químico e escassez acentuada de recursos podem também desencadear fenômenos naturais catastróficos.

Todo este discurso ecológico já é bem conhecido de todos a ponto de se tornar redundante, porém nunca é demais apertar na mesma tecla quando esta significa a preservação do planeta Terra e da nossa própria espécie. E também não quero aparentar ser apocalíptico, até porque penso que tudo isto faz parte do processo evolutivo e segue uma lógica bastante visível: somos uma espécie de animais que “recentemente” atingiu um limiar desenvolvido de inteligência e autoconsciência, e que pelo fato de ainda carregar em seus genes comandos do tipo “sobrevivência na selva” e “cada um por si”, a inteligência apesar de possuir suas vantagens (conforme listado no fator VI) quando está associada a propensões de ordem primitiva gera a possibilidade de autodestruição da espécie.

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Considerando a nossa espécie como exemplo (até porque é o único disponível), quantas são as civilizações que ainda existem, por ainda estarem (como nossa espécie está) em uma fase de transição evolutiva ou por terem superado esta fase de “adolescência evolutiva” sem se auto destruírem?

Sinceramente sou otimista no que diz respeito ao potencial da inteligência, penso que a inteligência relacionada com a capacidade de aprendizagem mediante erro, supere a boçalidade. Deste modo creio (e na verdade também espero) que se surgiram outras espécies inteligentes e autoconscientes na Via Láctea, que mais da metade não tenha se auto destruído.

Fabiano Teixeira Leite
Bibliografia: Cosmos - Carl Sagan, Os Dragões do Éden - Carl Sagan, Sós no Universo?
Peter Ward e Donald Brownlee, Civilizações Extraterrenas – Isaac Asimov