quinta-feira, 17 de maio de 2007

O pecado original da mídia...

Howard Koch, o roteirista novato e ainda desconhecido do Mercury Theatre on the Air da CBS, recebeu a tarefa de adaptar o texto literário para o rádio. Assim como ocorreu com Welles, o sucesso de A Guerra dos Mundos também catapultou Koch para a milionária indústria do cinema, e em 1942 ele ganharia um Oscar pelo roteiro de Casablanca (cuja estatueta leiloou, um ano antes de morrer, para pagar a universidade da neta).


Mais do que uma adaptação, Koch fez uma recriação do livro, aproximando a estória - no tempo e no espaço - do cotidiano dos ouvintes e introduzindo o próprio rádio como protagonista dos acontecimentos narrados, sem desperdiçar a força dramática já presente no texto que consagrara o autor inglês.

Curiosamente, num depoimento de
1968
, o roteirista relata que várias vezes propôs a Welles desistir do texto e escolher outra obra, pois não gostou de fazer aquela adaptação. Mas a obstinação do diretor do Mercury Theatre levou A Guerra dos Mundos, que seria seu projeto favorito, até o final, sem se preocupar muito com as vontades - nem com as noites de sono - de seus subordinados na equipe, obrigados a trabalhar sem horário até satisfazer o chefe.

Como se tratava de um programa semanal, o roteiro foi todo produzido em seis dias, de terça a domingo (o roteirista, como tantos profissionais de rádio, tinha folga nas segundas). Koch conta que escrevia a lápis, e que seus manuscritos eram datilografados por uma estagiária na CBS. O script foi feito e refeito uma dezena de vezes, conforme as críticas e sugestões de Orson Welles e do produtor John Houseman a cada uma das versões apresentadas. Só foi considerado pronto um pouco antes do programa ir ao ar.

Continua

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