quinta-feira, 12 de abril de 2007

CONTATO COM EXTRATERRESTRES


Lucia Roberta

Eu estava com 15 anos quando Spielberg ofertou ao mundo, em 1977, Close Encounters of the Third King (Contatos Imediatos de Terceiro Grau), criando nas mentes subjetivas o desejo crescente e incompreendido de fazer contato com seres de fora. Para mim, o que mais acentuou foi a certeza de que isso é possível, de que existem civilizações aos bilhões além das fronteiras da Terra, e que essas civilizações são, na maioria das vezes, superiores à nossa.


Essa idéia não era uma sensação apenas, mas uma certeza interior, dessas que não se comprova até que algo inusitado como um contato direto entre alguns desses seres e a nossa humanidade. Spielberg deu forma, cor e som ao que o imaginário coletivo há muito vinha tentando construir em sua mente e que fosse diferente dos pequenos marcianos verdes da invasão sugeria por H.G. Wells em A Guerra dos Mundos.

O filme de Spielberg era o amadurecimento da nossa imaginação, algo que nos aproximava muitíssimo do que poderia ser uma realidade iminente, fazendo-nos lembrar de eventos como o ocorrido em 1966, quando os jornais anunciaram que alguns astronautas que estavam em órbita ao redor da Terra foram seguidos pelo que chamaram de discos ou discóides voadores.

Não há espaço para a dúvida quando a mente está propensa a crer e se deseja muito que algo se comprove, então qualquer coisa que remeta, mesmo de longe, à comprovação da verdade que não conseguimos explicar, é elemento que convence nossa mente crédula.


Ouvia-se dizer que Spielberg teve acesso a arquivos e espécimes extraterrestres capturados e levados secretamente para estudo no interior da NASA, o que aumentava ainda mais a propensão à crença, ou melhor, à certeza de que aquilo que o filme nos mostrava era, de fato, real e muitíssimo possível.


Não demorou, e já havia grupos de pessoas crédulas, ligadas ou não à Ufologia, idealizando suas fórmulas e rituais de contato. Não foi uma ou duas vezes, mas várias, que fui convidada a participar de encontros em locais especiais no meio da mata, em geral perto do cimo de algum elevado, onde se tinha de permanecer por cerca de quinze dias comendo apenas ervas amargas e buscando um estado meditativo para, depois disso, talvez, merecer a visita de grupos extraterrestres.


A febre do “contato imediato” durou cerca de uma década e a maioria das pessoas cansou de comer grama e olhar para o céu, esperando pelo que jamais veio. Outras, porém, tiveram a “sorte” de se engajarem com produtores de efeitos, e ainda afirmam com certeza de que o que viram foi, de fato, um disco voador.

Ora, mas essas pessoas não se ligaram a grupos sérios, você diria. Quais são os grupos sérios, as pessoas sérias do mundo, eu pergunto? Em geral, dá-se o título de sério àquele que se baseia apenas em fatos reais para calçar suas teorias. Das 14 pessoas que depuseram acerca dos ETs de Varginha, 4 eram militares. Isso só pode ser sério porque militar é sério, militar não mentiria. Aliás, militares são os que capturam naves caídas em solo terrestre e as levam sigilosamente – o quanto se possa ser sigiloso ao remover um veículo metálico desconhecido maior que a extensão de uma casa.


Sérias também são as pessoas que vivem bem, têm um bom rendimento, pagam suas contas em dia e vivem de acordo com as regras e leis da sociedade. Se Roberto Civita (Presidente da Editora Abril) afirmar publicamente que ele próprio viu ou teve contato com seres alienígenas, o Brasil inteiro vai acreditar nisso na mesma hora.

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