domingo, 24 de fevereiro de 2008

Climatologia -1

As características que definem as trovoadas são:
·Suas células de tempestades podem ter mais de um ciclo de vida, mas obrigatoriamente, pelo menos um ciclo; e
· Prevalecem características convectivas para a sustentação de vida dos sistemas.

2 - A Convecção
Pela Física, a convecção é definida como a forma de transmitir energia, neste caso calor, através da massa, lembrando que a matéria move-se para executar este processo. Em outras palavras, a massa absorve calor de um lugar, move-se e libera esse calor em outro. A direção e sentido do processo não importam.

Mas no nosso estudo em questão, que trata das trovoadas, precisamos utilizar um conceito mais específico dado pela Meteorologia. Nesta ciência, a convecção é definida exatamente como a da Física, porém limita a sua atuação para a direção vertical, em ambos os sentidos (de cima para baixo e, principalmente de baixo para cima).

Os transportes horizontais de energia pela massa recebem o nome de advecção. Cristalizando este conceito importante, veremos agora como a região tropical do planeta procede para se livrar de um superávit de energia que recebeu do Sol durante o percorrer de um longo tempo.

Note que o processo das trovoadas, utilizando a ferramenta conveção, é apenas um deles, porém de longe, é o mais importante nesta faixa das latitudes intertropicais. Existem outros processos que serão discutidos na aula de Frentes e Ciclones Extratropicais.

O primeiro instante da convecção é dado quando a energia de insolação (aquela que conseguiu atravessar toda a atmosfera e seus obstáculos) começa a aquecer a superfície, convertendo ondas curtas (alta energia) em ondas longas (calor infravermelho).

Uma pequena parcela de calor remanescente do saldo positivo do Balanço Radiativo da Atmosfera também contribui para o processo. A partir deste ponto, as primeiras lâminas de ar, que estão em contato direto com a superfície, começam a se aquecer violentamente.

Dependendo do tipo de superfície, a temperatura poderá variar de 40 a 86ºC. A transferência de energia térmica, neste instante, é obviamente por condução, molécula a molécula, podendo-se assim dizer, mas que gera uma extrema instabilidade na superfície laminar.

Qualquer efeito mecânico que perturbar a área, como uma leve brisa ou o passar de um automóvel, será suficiente para disparar o processo convectivo. Se nenhum efeito ocorrer, a própria convecção, pelo grande acúmulo de energia, acaba se autoiniciando.

Após a ação desta forçante inicial (vamos chamá-lo vulgarmente como “chute inicial”) o levantamento convectivo se fecha, por propriedades moleculares da Mecânica de Fluidos, onde a tensão superficial da bolha consegue mantê-la intacta. Estando formada, a bolha, ou térmica, ou parcela de ar consegue se manter praticamente estável e se eleva, nestes instantes iniciais, em uma razão de subida de 10 m/s ou +/- 36km/h .

Conforme sobe, a bolha se expande, pois a pressão externa é cada vez menor, conforme se ganha altura. Essa expansão da bolha, ora causada pela energia térmica interna, ora pela redução externa da pressão, vai fazer com que a pressão interna à bolha também reduza, pois ela é considerada um sistema aberto. Ao se reduzir a pressão interna, a temperatura começa a cair.

Continua

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