quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Seriam astronautas os "deuses"? - XI

Finalmente, o carro ter-se-ia aproximado de Adão e dentre as rodas teria surgido fumaça. Esta história, anotada à margem, não nos diz muita coisa nova: de qualquer maneira, porém, já em conexão com Adão e Eva fala-se, pela primeira vez, em carros de luz, rodas e fumaça, como aparições maravilhosas.

No pergaminho de Lameque, foi decifrada uma ocorrência fantástica. Como do rolo só se conservou em fragmentos, faltam agora no texto frases e sentenças inteiras. O que restou, entretanto, é suficientemente singular para ser relatado.

Diz à tradição que certo dia Lameque, pai de Noé, voltando para casa, foi surpreendido pela presença de um menino que, pelo seu aspecto externo, em absoluto se enquadraria na família. Lameque levantou pesadas acusações contra sua mulher Bat-Enosh e afirmou que aquela criança não se originara dele.

Ora, Bat-­Enosh jurou por tudo que lhe era sagrado que o sêmen era dele, do pai Lameque - que não era nem de algum soldado, nem de um estranho, nem de um dos "filhos do céu" (entre parênteses seja anotada a pergunta: afinal, de que espécie de "filhos do céu" falava Bat-Enosh)?

De qualquer maneira, esse drama familiar ocorreu antes do dilúvio. Não obstante, não acreditou nas juras de sua mulher e, desassossegado até o fundo de sua alma, partiu para, pedir conselho a seu pai Matusalém, a quem relatou o caso familiar que tanto o deprimia.

Matusalém ouviu, meditou e, por sua vez, se pôs a caminho, para consultar o sábio Enoque. Aquele assunto de família estava causando tal alvoroço que o velho enfrentou os incômodos de uma longa viagem: era preciso pôr a limpo à origem do garoto.

Lá chegando, Matusalém descreveu a Enoque como na família de seu filho Lameque havia aparecido um menino que não tinha o aspecto de um ser humano, mas, ao contrário, o de um filho do céu: os olhos, os cabelos, a pele, o ser todo inteiro não se enquadrava na família.

O sábio Enoque escutou o relato e mandou o velho Matusalém de volta, com a notícia extremamente alarmante de que um grande juízo punitivo sobreviria, atingindo a Terra e,a humanidade, e que toda a "carne" seria aniquilada, por ser suja e perversa.

O menino estranho, porém, de quem a família suspeitava, teria sido escolhido para ser o progenitor daqueles que sobreviveriam ao grande juízo universal. Por esse motivo, Matusalém deveria ordenar a seu filho Lameque que desse ao menino o nome de Noé.

Matusalém viajou de volta, informou seu filho Lameque sobre tudo que estaria para vir. O que restava a Lameque senão reconhecer o estranho garoto como seu próprio filho e dar-lhe o nome de Noé?

O admirável nessa história de família é a revelação de que já os pais de Noé estivessem informados sobre o dilúvio a ser esperado e que até o avô Matusalém tivesse sido posto a par do futuro cataclismo e preparado para a horrível ocorrência pelo mesmo Enoque que, pouco depois, segundo o próprio Gênese, desapareceria para sempre sem haver morrido (Gên., V, 24).

Não se levanta aqui, a sério, a questão de que a raça humana tenha sido, ou não, deliberadamente miscigenada com (e por) seres estranhos do espaço cósmico?

O que, então, poderia emprestar sentido à continuada fecundação da humanidade por gigantes e filhos celestes, com a eliminação subseqüente de exemplares malogrados? Visto por esta perspectiva, o dilúvio se transforma em um projeto preconcebido por seres desconhecidos desembarcados, com o fim de destruir a raça humana, exceto algumas nobres exceções.

Se, no entanto, o dilúvio, cuja autenticidade é historicamente comprovada, foi planejado e produzido com a mais clara intenção - e isto várias centenas de anos antes que Noé recebesse a missão de construir a Arca - então não mais pode ser aceito como juízo divino.

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