sexta-feira, 6 de abril de 2007

No rastro de um antigo matador

Outros sedimentos, que se acomodaram em rios arenosos,
indicam que fluxo de água variava enormemente.



(continuação]

Reabrindo o Caso.



Chegamos milhões de anos atrasados para usar a maioria das técnicas dos médicos legistas dos dias de hoje. Para termos acesso às informações ocultas sob ossos e pedras, tivemos de recorrer a técnicas de datação geológica e a uma área do conhecimento denominada tafonomia (do grego táphos, sepultura, enterro), que estuda o que acontece com os restos orgânicos quando eles passam do mundo dos vivos à morte.
Após batizarmos o sítio arqueológico, desenterramos os ossos das pedras em que estavam incrustados. Começamos usando pás e picaretas para retirar os sedimentos superficiais, depois passamos a utilizar instrumentos de dentista e pincéis finos para expor os ossos.


Tomamos o máximo de cuidado para não danificar as delicadas superfícies ósseas. Uma vez expostos os esqueletos, eles foram mapeados e fotografados exatamente na posição em que haviam sido encontrados, de modo a registrar qualquer relação espacial significativa.

Em seguida, embebemos os ossos em colas especiais e os envolvemos cuidadosamente com gesso e gaze. Quando o gesso secou, catalogamos os ossos e os encaixotamos para a longa viagem até os nossos laboratórios nos Estados Unidos, onde pacientemente retiramos qualquer sedimento que tivesse sobrado e começamos a estudar os ossos em detalhes. Procurávamos, sobretudo, quaisquer marcas na superfície que pudessem revelar a identidade do assassino.

No sítio arqueológico, foi possível determinar que os mortos foram preservados em uma camada de sedimentos de rocha conhecida como Formação Maevarano, localizada dezenas de metros abaixo das rochas que se acomodaram durante a passagem do Cretáceo ao Terciário - época, há 65 milhões de anos, em que todos os dinossauros (com exceção dos pássaros) e muitos outros animais foram extintos em escala global.


A camada com os restos mortais situava-se 44,5 metros abaixo do estrato correspondente à época da extinção em massa e 14,5 metros abaixo do limite superior local da Formação Maevarano. A medição do decaimento radioativo mineral das rochas vulcânicas nas camadas abaixo da formação resultou em idade de aproximadamente 88 milhões de anos.

Sedimentos marinhos incrustados encontrados acima, originários do movimento das marés ao longo da costa ocidental da ilha, continham conchas e minúsculos esqueletos de microorganismos unicelulares, com datação em outros sítios arqueológicos aproximadamente do final, mas não exatamente dos últimos anos, do período Cretáceo.



Esses dados temporais indicam, portanto, que as mortes ocorreram há cerca de 70 milhões de anos. Portanto, o que matou os animais encontrados nas escavações do MAD05-42 não teve relação alguma com a grande extinção global que ocorreu milhões de anos mais tarde.


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