sexta-feira, 6 de abril de 2007

O Céu Austral no Verão


Por: Ulisses Capozzoli

As noites de verão do hemisfério celeste sul (os hemisfério são delimitados pela projeção do equador da Terra, formando o equador celeste) têm como destaque a belíssima constelação do Órion.


Essa constelação é uma das referências para iniciantes em astronomia, pela presença das Três Marias (Mintaka, Alnilam e Alnitaka), formando o cinto do gigante Órion. Órion tem outras estrelas magníficas, como Betelgeuse, Bellatrix, Saiph e Rigel.


Bem próximo, a sudeste de Órion, estão as constelações do Cão Maior, onde o destaque é Sírius e, a noroeste, o Touro, exibindo a super-gigante vermelha Aldebaran. Ela forma o "olho" do Touro. Ainda nas proximidades do Touro, o inconfundível asterismo formado pelas Plêiades amplia a beleza do céu.


Nas proximidades do Cão Menor, que exibe Prócion (esbranquiçada dupla) não muito distante do Cão Maior, a constelação zodiacal de Gêmeos mostra suas belas Pollux e Castor. E, ao norte do Touro, a constelação de Auriga apresenta Capella, na verdade um sistema estelar duplo onde a estrela principal tem 16 vezes o diâmetro o Sol e luminosidade 150 vezes maior.


No verão, condicionado ao horário da observação, Canopus (Alfa de Carina, 85 vezes o diâmetro do Sol e 2 mil vezes mais luminosa), estrela guia das naves enviadas para planetas exteriores, também está visível.


Cruzeiro do Sul aparece bem baixo no horizonte em dezembro e eleva-se em janeiro, quando Alfa do Centauro, sistema estelar triplo mais próximo do Sistema Solar também está visível.
PrecauçõesPara observação noturna, tenha ao alcance da mão uma lanterna com um filtro vermelho, para pequenas emergências.


A luz vermelha de uma dessas lanternas que podem ser encontradas em lojas de material de camping, não agride os olhos e permite que sua pupila se readapte imediatamente à escuridão da noite.


Repare que as estrelas têm cores diferentes. Algumas são brancas, outras azuis. Existem estrelas amareladas e algumas são vermelhas. Outras parecem pedras preciosas, cintilando em várias cores: azul, verde e vermelho.


O que essas cores indicam?

As cores revelam a temperatura das estrelas e estão intimamente associadas às suas idades, em termos evolutivos. As estrelas brancas, como Sírius, têm temperaturas muito elevadas e são mais jovens porque começaram a processar o combustível termonuclear (a fusão) há menos tempo que as amarelas e vermelhadas. As azuis também se encaixam nessa categoria e estão bem próximas das brancas.


As estrelas amarelas, como o nosso Sol, são de meia-idade. São quarentonas / cinquentonas, se comparadas a seres humanos. Têm temperaturas menores, já processaram parte de seu estoque nuclear e, em muitos casos, devem abrigar colares planetários à sua volta, ao contrário do que deve ocorrer com as estrelas brancas e azuis.


Já as vermelhas, como Aldebaran e Antares são estrelas bem velhas, caminhando para a morte. Algumas delas já podem ter morrido, mas o sinal desse fim (no caso de uma estrela marcado por uma enorme explosão) ainda pode estar viajando no espaço-tempo e, a qualquer hora, chegar aqui.


Quanto às estrelas que cintilam em várias cores como pedras preciosas num salão de baile, repare que geralmente elas estão bem baixas no horizonte. Nesse caso, é a diferença de temperatura das várias camadas atmosféricas (especialmente com atmosfera mais turbulenta, pela formação de tempestades) que agem como filtros deixando passar, a cada fração de segundo, cada uma dessas faixas luminosas.


Essas estrelas também costumam apresentar movimentos rápidos e irregulares, que muitos confundem com Objetos Voadores não Identificados (Óvnis). Mas também aqui, é a turbulência da atmosfera que dá essa idéia de deslocamento.

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