sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Detectando Desígnio Na Natureza - 9

A necessidade de dar lugar ao sobrenatural para determinar se é possível inferir um projeto inteligente a partir dos dados disponíveis na natureza, estabelecemos a necessidade de aceitar a possibilidade de uma inteligência exterior a ela, e o desenvolvimento dos critérios para discernir entre as causas inteligentes e naturais.

Em última instância, isto está correto tanto no caso em que o projeto inteligente seja evidente na natureza, como no caso em que não seja. A história do pensamento evolucionista ilustra essa necessidade. Por exemplo, Lucrécio argumentou: “O mundo não foi criado para nós por obra divina, tão grandes são os defeitos que o afetam”.

Para argumentar contra uma origem sobrenatural do Universo, em primeiro lugar, Lucrécio deve aceitar que o sobrenatural pode ser discutido e, em seguida, demonstrar que os critérios que seguiu (por exemplo, se qualquer imperfeição exclui a intervenção sobrenatural) são lógicos e razoáveis.

O argumento das imperfeições usado por Lucrécio foi retomado várias vezes por autores contemporâneos. Por exemplo, quando argumentava contra a intervenção sobrenatural na criação da vida, Stephen J. Gould escreveu: “A imperfeição ganha a batalha (sobre a criação divina) a favor da evolução”.

A importância está não nos critérios empregados para excluir o sobrenatural, mas em que a participação do sobrenatural na origem da vida possa ser discutida logicamente com base nos fenômenos naturais. Esses exemplos demonstram a necessidade de incluir o sobrenatural ou divino como uma possibilidade se devemos investigar a presença de projeto - especificamente do desenho inteligente - ou sua ausência na natureza.

Não parece razoável restringir a investigação da atuação do sobrenatural na origem da vida a uma única resposta possível antes de ser respondida a pergunta. Lucrécio e Gould demonstram que a discussão do desenho inteligente na natureza prolongou-se desde os tempos antigos até os nossos dias.

Continua

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